por Rafael Belo
Nada supera a verdade. Se ela fere, se ela dói é porque estamos tão acostumados com mentiras, acomodados na rede da vaidade e do orgulho, que quando a verdade vem à tona, afundamos. Seria - como é - inevitável afundar, se afogar no oceano de autoengano feito das lágrimas preenchendo os abismos que criamos dentro de nós. Evitamos assumir erros, culpas e amenizamos com tanto esforço e determinação tudo isso que se alguma vez tivéssemos simplesmente assumido tudo e encarado as circunstâncias… Teríamos ao menos crescido. Saídos de tanta posse, pose, pompa, lamentaçõe e reclamações saberíamos quem somos.
Quem é você, afinal? Quem o eu é? Somos escolhas. Nossas escolhas. Escolhas de ninguém - a não ser nós mesmos - nos trouxeram até aqui. Precisamos admitir o quanto de mentiras contamos, quanta enrolação tomamos ao acordar e antes de dormir. Por isso, a verdade dói. Não somos verdadeiros. Não somos autênticos. Não somos originais. Foi nossa escolha se espelhar em alguém, copiar o outro, não contar algo, desviar de assuntos incômodos, falar do outro, dos problemas do outro, negar o inegável, se arrastar até um canto e ser pego chorando e mesmo assim dizer: “está tudo bem, não estou chorando”. Seria mesmo autopreservação ou um estímulo social para parecer sempre bem e legal?
Não sou sociólogo nem psicólogo, sou um observador ou estou voltando a ser. Foi observando minhas reações que comecei a escrever e preservar meus sentimentos ao mesmo tempo que ficavam totalmente exposto na vitrine do mundo. Mas, somos somente nós, este eu e suas derivações, que decidimos o que nos afeta, o que nos importa… Então, temos maus pensamentos, dúvidas, desânimo, tropeços, quedas, vontade de desistir, e, acima de tudo, nossa verdade. De nenhuma forma esta é superior a do próximo ou distante porque somos uma transição, uma constante troca de experiências, um ouvir e falar…
Ainda assim nossa terra é de surdos e eu me envergonho por muitas vezes também não escutar. Há vergonha porque há culpa. Real ou inventada, se nos envergonhamos é porque acreditamos termos feito algo errado. Queremos preservar uma imagem que não existe. É algo entre o que os outros acham que somos, nossa família acha que somos e quem pensamos ser. Temos um senso de autopreservação criado como uma defesa constante. Palavras elaboradas, vidas passadas, um monte de blablabla revestido de autoafirmação, orgulho e vaidade. Trocas e mais trocas. Coisas e desejos ao invés de sonhos e pessoas...
Relutamos em viver de fato o agora e vivemos fantasias esbarrando em comparações cheias de razões surdas a se pôr no lugar do outro. Aliás, se de fato copiássemos o sol e ao fim do dia também fôssemos o pôr-do-sol, no dia seguinte seríamos ainda mais brilhantes e renovados, renascidos e não ressentidos. Seríamos autênticos, originais, verdadeiros… A Verdade salva e se a gente quer se salvar temos que parar de medir as mentiras e, simplesmente, parar de contá-las.
Relutamos em viver de fato o agora e vivemos fantasias esbarrando em comparações cheias de razões surdas a se pôr no lugar do outro. Aliás, se de fato copiássemos o sol e ao fim do dia também fôssemos o pôr-do-sol, no dia seguinte seríamos ainda mais brilhantes e renovados, renascidos e não ressentidos. Seríamos autênticos, originais, verdadeiros… A Verdade salva e se a gente quer se salvar temos que parar de medir as mentiras e, simplesmente, parar de contá-las.
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