por Rafael Belo
Não sabia de onde vinha a dor. Só via o céu em um azul opaco ressoando a dor irradiando por todos os fatos, finalmente responsáveis pela minha surra. Minha queda… Aqui grudada no chão… Destruída… Ainda ouço a Batalha pela Vida continuando, sem fim, sem mim… Então, não há destruição. Há sequelas, há sangue, há esta gritaria, uma construção desfigurada e… Tempo. Todos eles são meu alimento. Já estou pronta para passar perto de cada um de vocês mas…
Será que não posso ficar aqui um pouquinho ? Lamentar porque tenho responsabilidades para assumir? Posso me fingir de morta? Queria ficar em silêncio, mastigar minha mudez, conseguir todo meu querer, na minha pressa, no meu tempo, no meu agora… Neste meu eu destruída em um particípio passado, eu estou tão deslocada na incompreensão. Sem mim como construir? Tudo que construí já não é nada ou é quase um infinitivo acordado para a batalha.
Porém, chega né?! Ninguém está me ouvindo porque não podem também. Levantei-me com todo grito da minha dor… Ainda assim ninguém ouviu. Realmente não podem, mas isto desperta minhas irmãs, enfurece meus irmãos, mas meus pais estão muito além disso. Nem alteram os temperamentos já sabem todas as coisas. São também todas as coisas. São três. São um. Eu tenho minha função. Eu tenho minha missão… Já estou em pé. Já sou necessária.
Veja agora a cidade… Está vazia. Eu cheia. Destruir-me é a destruir. Eu a destrui. Esta missão é inglória? Não! Destruir é tão bom ou melhor que construir. Mas destruir por destruir é anulação, inexistência imediata…! Destruir com propósito é diferente. É minha força. É construir. É tempo de destruir e esta mania de dizer que também sou Construção, me destrói, me surra e me surta porque ninguém pode saber…
Será que ainda existe cidade ou pessoa para eu destruir? Deixa eu silenciar para ouvir onde agora devo ir. Ainda resta Humanidade para destruir? Sou a Destruição hoje, ontem era Construção.
Um comentário:
Muito bom..
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