por Rafael Belo
Se não fosse minha fé, eu com certeza estaria com medo. Provavelmente na fila dos desesperados gritando e compartilhando fakenews para confirmar minhas teorias, para me dar razões e encher o mundo com imãs de negatividade. Estaria ofegante e babando ódio, cuspindo rancor e inveja. Mas, distribuir o caos instalado e contaminante é fácil. Seguir a onda ou remar contra a maré é convencional, porém, entender o que realmente está acontecendo e realmente se posicionar é raridade. Você já tentou conversar com as pessoas sobre o que está acontecendo?
Dia desses conversando com uma possível líder para organizar as ações das mulheres em uma cidade do interior daqui de Mato Grosso do Sul, percebi de imediato que não daria certo. Não era bola de cristal, vidência, premonição, preconceito… Nada isso. Era pura e simplesmente a falta de diálogo e ausência de democracia presentes nela. Fui desconstruindo por partes. A primeira vinha diretamente atacando minha classe profissional, que além de desunida não possui definição de piso nem teto salarial ou qualquer defesa contundente fora a nota de repúdio. Jornalista, pobres jornalistas.
Ela culpava os jornalistas pela bagunça e ingerência desplanejada de nosso agora. Eu perguntava para ela o porquê dela pensar isso. Ela citou o jornalista e blogueiro Eustáquio que foi preso injustamente, sem provas e que todos o estavam atacando.Enfim, perguntei se havia lido a matéria todo e em quantos locais diferentes ela havia buscado a mesma informação. Ela me respondeu: só li o título. Sabe, toda matéria séria possui mais de uma pessoa envolvida no conteúdo relatado: são vítimas, acusadores, acusados, autoridades, etc. Além, disso há linhas editoriais que cada veículo de comunicação segue e você vem me dizer que só leu o título? A função de um título é chamar a atenção para que toda a matéria seja lida...
Essa postura repercute por todos os extremos hoje apelando para ironias,e ofensas na falta de argumento e diálogo. Falta leitura e vontade para as pessoas. Há preguiça e a busca por estar certo, não por ouvir o outro. Esta ignorância generalizada nos trouxe até aqui. Lembrando que ser ignorante não é uma ofensa é simplesmente não ignorarmos o conhecimento sobre algo específico. Sou ignorante em muitas coisas. A gente não lê e, assim, não conseguimos absorver de forma clara um título, quanto mais a propagação, da verdadeira meia verdade.
Nossa fé também se distorce por aí. Há tantas denominações religiosas, proibições e afins, mas se lermos a fonte, a base de tudo saberemos que ali há Amor, causa e consequência e não julgamentos. A fé por si só não salva, ler, reler e agir sim.
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