por
Já nada importava aquela altura. Uma simples palavras ‘destruira’ seu mundo de areia e água. Não conseguia criar castelos de palavras nem na praia nem nas nuvens. Sua segurança foi minada pelo seu próprio ego, pela sua arrogância disfarçada de feitos e dons domesticada para um afago, um cafuné gostoso motivado a não ganhar detestáveis rótulos limitantes. Sua noite insone ganhou uma máscara na manhã seguinte quando a última barreira de seus sentimentos virou pó nos olhos. A impaciência e o tempo a se alentar em lentidão de horas paradas era uma angústia atada nas decisões.
Ele queria gritar. Gritou. Ele queria cingi-la em seus braços feito a extensão independente de si mesmo, sendo tão munida de atitude e personalidade a não caber indistinta em mais ninguém. Ainda não era tempo de apagar os espaços inexistentes entre eles. Mas aquela simples palavra o afastava em paranóia sua flutuação alheia ao dia sido, ido, vindouro... A força daquelas vogais e consoantes unidas ralara suas mãos até feri-las em profundidade, mas parecia mesmo ter-lhe rasgado a alma. Difícil ficou respirar. Só a mudança no tom de voz mínima quase imperceptível o havia alterado. Não importava o dito por ela. Ele sabia e sentia.
Seu medo era magoar e decepcionar. Ao fazê-lo se desfez de si. Era um ruim bom. Seja lá qual fosse sua antiga prisão estava liberto. Sem barreiras sem fronteiras. Transcendia em dor. Não adiantava dizer ‘não sabia’, era mentira e doeria mais. Talvez não doesse tanto nela, no entanto o maior objetivo dele era a felicidade imaculada dela. Agora havia máculas e ele sem aonde se esconder de si teria de conviver com isso... Sofrimento escolhido a dedo pelo delivery telefônico. Um sadomasoquismo aflito inverso para não ter prazer. Mais uma transcendência era necessária.
A esta altura dos pensamentos já havia transpassado quilômetros sem a percepção de dias e noites e sua máscara insone começava a se desfazer com o brotar de um sorriso como um confluência de areia e água em uma tempestade do deserto urbano. Voltava a importar tudo referente aos outros. Quem não importava era ele. Ele precisa descobrir ‘onde estava?’ e construir a partir das marcas da destruição. ‘É preciso saber destruir para construir’, pensava ele. Uma palavra apenas foi um verbo forte e avassalador suficiente para ser o fim de um mundo. Seu sorriso renovado voltava triunfante com ares de altruísmo e porvir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário