terça-feira, fevereiro 01, 2011

Passagens da Vida sem sombra do Tempo

(*Captei entre Sidrolândia e Campo Grande - crepúsculos nos fazem tempos imprecisos passando em contemplação pelas nossas estradas)
 
por Rafael Belo
Sempre se reclama do Tempo e das poucas horas ou da longa espera, mas este Senhor tão antigo tem-me feito melhor. Com o passar dos dias as lembranças deveriam ficar mais distantes, os laços mais enfraquecidos, mas é ao contrário... As memórias estão ficando mais próximas, os elos mais fortes e o Amor cada vez mais incondicional. Tenho me dado bem com os relógios e cada minuto tem sido meu amigo íntimo e confessional. Há um acordo velado e silencioso entre nós onde sempre que passível - e possível - no adaptamos para seguir e fazer o ‘ter de ser feito’.

Não precisamos ser inimigos do Tempo nem correr contra o tempo – o tempo todo. Nossa relação - a minha e dos ponteiros imaginários do movimento solar – é como a relação do queijo e seus buracos: quanto mais menos – sabem, quanto mais buraco menos queijo, então quanto mais queijo menos queijo – deu vontade de comer um queijinho caipira agora... É uma matemática louca, onde quanto mais horas livres temos, mas as ocupamos. Então, é preciso voltar a terceira linha deste parágrafo para retomar o movimento secundário que leva os segundos a virarem minutos e me leva a disputar cada milésimo do movimento do sol com a agilidade dos meus pés.

Nosso Mano Velho, tem mostrado as façanhas de seu irmão gêmeo, O Amor. Assim, amo cada vez mais. Tornei-me petulante o bastante para sentir saber cada vez mais estar com a presença do Amor em mim e ao meu redor. Não há como ser indiferente ao tempo que não para de passar e nos mudar de árvores só para ver nosso verde madurar cair e voltar a fazer o ciclo criando novas raízes e fortalecendo antigas, nos transformando em árvores com posições diferentes, folhas mais reluzentes, flores mais exuberantes, frutos mais suculentos e quem sabe sementes mais sadias.

Eu sempre acreditei no Tempo e no Amor, mas tinha minhas dúvidas se tais irmãos atemporais praticamente idênticos tinham a mesma crença em mim. Deixei de duvidar há uns bons meses. Desde então, venho cantando com o Patu Fu, “Tempo, tempo, mano velho falta um tanto ainda eu sei, pra você correr macio... Tempo, tempo, tempo mano velho, Tempo, tempo, tempo mano velho, Vai, vai, vai, vai, vai, vai, Tempo amigo seja legal, Conto contigo pela madrugada, Só me derrube no final... Cantar faz o tempo ficar menos sério, mas maleável e totalmente voltado para as passagens da Vida.

Nenhum comentário: