por
Rafael Belo
O
vazio cresce sem controle. Vejo tanta falta de objetivos reais. Pessoas enraivecidas
no trânsito, mortes por nada e ainda nos escondemos atrás do fútil, do banal em
todo tipo de coisas minúsculas e materiais que acabam. Não valorizamos o outro,
desperdiçamos nosso tempo... Poderíamos nos unir e fazer tanto por tantos, mas
não. Vivemos digitando, registrando, distantes e usamos o espiritual como
barganha para algo que queremos. Estamos tão pequenos que já não é uma questão
de cegueira, realmente não podemos ver mais. Não somos visíveis à olho nu. Somos
um acúmulo de despropósitos nos levando a todo tipo de doenças e distúrbios
mentais. Somos ansiosos, depressivos e imediatistas.
Nossos
propósitos são carnais, são de pele, são de sensações, fogem ao chegar ao fim
porque focamos em algo que perpetua nossa insatisfação. Queremos mais e mais em
uma gula material orgulhosa, avarenta, preguiçosa, raivosa, invejosa e com todo
tipo de luxúria. Ou seja, passamos do ponto ou desistimos antes de chegar nele.
Espiritualmente falando nem se sabe mais se temos medo do inferno ou de simplesmente
de não ir para o céu. Seja na versão católica, protestante, islâmica, budista,
umbanda ou a crença que cada pessoa possui no que lhe é mais aceitável. Porém,
se olharmos bem transformamos em um comércio, um mercado de troca de favores...
Quando o cerne de todas é não julgar, não dar às costas... é o Amor.
Este
Estado de evolução ainda não alcançamos porque queremos as pessoas para
nós, queremos retribuição, reciprocidade, não aceitamos simplesmente que o
outro esteja bem, feliz, alcançando as conquistas sem nós. Temos este amor
minúsculo que é facilmente chamado de sentimento de posse. Nos falta gentileza
e paciência. Nos sobram desculpas porque nos transformamos em raspas, restos,
migalhas, em mentiras sinceras de interesses. Este engano constante ao qual nos
sujeitamos diariamente acaba explodindo. Somos pessoas-bombas porque nossa alma
nos escapa. Vivemos tratando o corpo, destratando o coração e nem percebemos
para onde está indo nossa alma.
Desalmados,
somos frágeis em uma falsa carcaça forte e determinada. Ficamos agressivos,
violentos, nosso psicológico chora ao anoitecer, no debandar das pessoas,
quando no momento de desespero só temos nós mesmos e apelamos ao que possa
estar nos ouvindo. Nesta nossa hipocrisia acabamos nos agarrando a defesa de uma
causa, uma entidade ou uma pessoa e colocamos à nossa frente cegamente sem
questionar arrumamos justificativas, justificando os fins pelos meios e
maquiando isso de um propósito. Quando aceitamos que este propósito é um
despropósito e acaba, voltamos a nos perder e procurar outro despropósito parecido.
Não enxergamos o todo, não vemos os detalhes, não ouvimos nossa intuição e nos
agarramos a um algo qualquer capaz de nos trazer satisfação imediata.
Então,
estamos desgarrados, sem um propósito sequer... Esta é nossa tristeza, nossa
crise existencial porque sem propósito questionamos a nossa própria existência.
Eu acredito sermos bem mais. Eu acredito termos propósitos espirituais. Eu acredito
sermos seres espirituais em uma experiência carnal e enquanto esta frase forte,
de impacto, não for ação continua a ser hipocrisia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário