segunda-feira, dezembro 09, 2019

Escute o dobrar dos sinos









por Rafael Belo

Olhando a cidade pelas gotas da chuva desta manhã, o individualismo e o egoísmo seguem triunfantes ao volante. Não há zelo nem atenção fora de si. Os veículos são armas piores. Revólveres, facas e outros instrumentos utilizados pelas pessoas com finalidades mortais, matam menos se comparadas a motos, carros, ônibus e caminhões.

São as pessoas o problema. Aliás a educação e a prioridade delas. O importante é chegar não importa os meios para isso. A todo custo a vantagem e a razão ocupam espaço por uma competição inexistente para chegar em primeiro lugar. Uns contra os outros e o indivíduo por si só. É um mundo solitário reagir sem pensar, competir sem ganhar…

Nestes descaminhos, nesta falta de escolha de caminho, neste seguir a maré, as linhas tortas não são vistas como futuras retas. É o presente imediato inconsequente raivoso o dono da mente. As consequências são ignoradas e todas as conexões desfeitas, ficam avulsas para qualquer necessidade. É uma total desconexão aliada a antipatia.

Logo pela manhã ao invés de desejar um bom dia e prosperidade nem sequer olhar o outro olhamos. O poeta pregador inglês, John Donne bem sabia entre 1590 e 1632 sobre a coletividade se sobrepor a individualidade, mas não apagá-la. Pelo contrário, agregar a qualidade individual a necessidade do coletivo é nossa sobrevivência. Então, todos nós somos importantes e precisamos dar a desimportância na medida para esse caos dominante se dissipar. Para crescer e evoluir precisamos ouvir, agir e nos conectar. Como disse John Donne: "Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso, não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti."  Somos parte necessária do Todo. Não há insignificância em nós, mesmo agindo e reagindo com insignificância. 

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