por Rafael Belo
Há uma realidade distorcida pelo nosso medo de estarmos errados. Uma adaptação para nossa verdade andando vedada. Teme-se ceder ser fraqueza e vive-se com sede independente de quanta água se beba. São estas distorções junto às alucinações pela falta de água responsáveis por criar realidades paralelas. Mundos inteiros feitos aos próprios olhos dando importância ao que não importa.
Esta manhã observando um morador de rua entrar na recepção da redação, sair com um cafézinho, feliz e cantando me desejando bom dia, percebi que ele não vive em uma realidade paralela e ele se Importa com pequenos gestos, detalhes da vida e desimportâncias do cotidiano corrido, atropelada pela tentativa de conforto no sacrifício do tempo. Gastamos tanto tempo resistindo ao invés de fluir, de ser o rio capazes de sermos.
A simplicidade de ser, a humildade de existir não significa pobreza, humilhação. Muitas vezes é a maior riqueza. Podemos ser simples e humildes ao mesmo tempo de prósperos e com bens materiais. Mas não sabemos discernir, conhecer ou buscar a sabedoria para entender como isso é feito. Vivemos assim lamentando flashes da nossa vida passada incapazes de voltar fora das lembranças.
Remoemos assim desnecessidades. Jogamos fermento na raiva, amarguramos o coração, guerreamos contra tudo e contra todos em uma vitimização tão invertida que a confusão não cessa nunca. Um ciclo vicioso incapacitado de olhar e se colocar na pele do outro por não acreditar ser possível, por na verdade ter calado seu próprio templo clamando por paz, clamando por ser ouvido. Deus fala com a gente a todo instante, mas colocamos todos os obstáculos à frente com medo de não sermos capazes. Mas além de sermos, Deus não desiste de nós.
Um comentário:
Que Belo texto!
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