segunda-feira, agosto 27, 2012

Apatia e conformismo se dão as mãos

por Rafael Belo

Falar é fácil... Difícil é contornar as palavras. Mas, a dificuldade mesmo nestes dias de internação e desabafo no Facebook e contenção de palavreado nas tags e disparos de palavrões no Twitter é agir no mundo real. Parar de ritmar os dedos no encontro das letras nos teclados e cliques desenfreados e desatrofiar as pernas para reclamar efusivamente sobre os nossos direitos parece um mito, parece não dar certo no Brasil. Mais útil é deixar as formas do nosso corpo aonde permanecermos ou aflorar ainda mais nosso autismo por escolha.

É muito menos desafiador ser curtido e compartilhado por meio de mensagens clonadas, adulteradas e imagens usurpadas e editadas, a criar e se expor. A apropriação indevida, a coação do poder, o mimetismo das celebridades, a comodidade confundida com o comodismo e a apatia de mãos dadas com o conformismo sãos os nocautes do nosso ego diário procurando qualquer melancia para sermos aplaudidos nessa nossa vida de palhaços. Esse nosso jeitinho distorcido de sermos moldados aos ambientes acaba mais em camuflagem a dinamismo. Nossa confusão é tão intensa a nos tornar fogos-fátuos. Combustão espontânea onde o ar encontra o apodrecido.

Sempre há algo de podre no reino... E tudo bem¿? Vamos ganhar dinheiro de qualquer jeito? Vamos manter tudo como está? Vamos nos inventar tantas vezes até esquecermos quem somos? As linhas limites entre bondade e maldade se perderam quando os valores se inverteram e percebemos o fato da vida não ser um filme, muito menos a superfície de uma novela, mas mesmo assim vivemos personas ingratas e vorazes por mais... Passamos a afunilar um único olhar para todas as pessoas e culturas e esquecemos do relativismo generalizado, e esquecemos de quão profundo somos, e fazemos algo positivo para tentar anular algo negativo, e fingimos a falta de consequência perante nossas ações, e continuamos a forçar nosso esquecimento ao termos de dizer se somos bons ou ruins, pois somos ambos.


Fomos domesticados a sermos aceitos sempre e vencer constantemente. Fomos escondidos e acreditados na centralização do eu e com este aprendizado queremos ser coletivos... Queremos ser sociais... E bebemos e nos embriagamos de um tóxico qualquer e só assim revelamos ressentimentos egoístas, pensamentos covardes e atos insanos. Somos tão sociais e temos tantos amigos, a ponto de ser comum termos escolhido o autismo. Mesmo estes entre nós a parecerem sociais de fato serem uma caricatura de uma falta de análise psicológica ou da ausência de coragem de falar o pensado e o sentido. 

Nossas ausências são o verdadeiro preenchimento vazio oferecido por nós as nossas realidades.

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