por
Rafael Belo
Falar é fácil... Difícil
é contornar as palavras. Mas, a dificuldade mesmo nestes dias de internação e
desabafo no Facebook e contenção de palavreado nas tags e disparos de palavrões
no Twitter é agir no mundo real. Parar de ritmar os dedos no encontro das
letras nos teclados e cliques desenfreados e desatrofiar as pernas para
reclamar efusivamente sobre os nossos direitos parece um mito, parece não dar
certo no Brasil. Mais útil é deixar as formas do nosso corpo aonde permanecermos
ou aflorar ainda mais nosso autismo por escolha.
É muito menos desafiador
ser curtido e compartilhado por meio de mensagens clonadas, adulteradas e imagens
usurpadas e editadas, a criar e se expor. A apropriação indevida, a coação do
poder, o mimetismo das celebridades, a comodidade confundida com o comodismo e
a apatia de mãos dadas com o conformismo sãos os nocautes do nosso ego diário procurando
qualquer melancia para sermos aplaudidos nessa nossa vida de palhaços. Esse nosso
jeitinho distorcido de sermos moldados aos ambientes acaba mais em camuflagem a
dinamismo. Nossa confusão é tão intensa a nos tornar fogos-fátuos. Combustão espontânea
onde o ar encontra o apodrecido.
Sempre há algo de podre no reino... E
tudo bem¿? Vamos ganhar dinheiro de
qualquer jeito? Vamos manter tudo como está? Vamos nos inventar tantas vezes
até esquecermos quem somos? As linhas limites entre bondade e maldade se
perderam quando os valores se inverteram e percebemos o fato da vida não ser um
filme, muito menos a superfície de uma novela, mas mesmo assim vivemos personas ingratas
e vorazes por mais... Passamos a afunilar um único olhar para todas as pessoas
e culturas e esquecemos do relativismo generalizado, e esquecemos de quão
profundo somos, e fazemos algo positivo para tentar anular algo negativo, e
fingimos a falta de consequência perante nossas ações, e continuamos a forçar
nosso esquecimento ao termos de dizer se somos bons ou ruins, pois somos ambos.
Fomos domesticados a sermos
aceitos sempre e vencer constantemente. Fomos escondidos e acreditados na
centralização do eu e com este aprendizado queremos ser coletivos... Queremos
ser sociais... E bebemos e nos embriagamos de um tóxico qualquer e só assim
revelamos ressentimentos egoístas, pensamentos covardes e atos insanos. Somos tão
sociais e temos tantos amigos, a ponto de ser comum termos escolhido o autismo.
Mesmo estes entre nós a parecerem sociais de fato serem uma caricatura de uma
falta de análise psicológica ou da ausência de coragem de falar o pensado e o
sentido.
Nossas ausências são o
verdadeiro preenchimento vazio oferecido por nós as nossas realidades.
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