por Rafael Belo
Há incontáveis beija-flores se
espalhando do estômago para o peito e acelerando o corpo todo. A gente treme
com eles e ficamos em uma dança aérea angustiante tentando segurar toda esta Beleza
dentro de nós. Não tem como sabermos se o mundo aguentaria tanta Beleza, mas
precisamos soltar um a um deles, ao invés disso aumentamos a quantidade destes
raros e especiais pássaros dentro de nós. Nós podemos cair sem encontrar a calma
aqui dentro, neste abismo, onde o fundo é em um sem fim, a queda é uma angustia
ocultando nossa verdade.
Pode vir daí uma tristeza
inexplicável retirando todas as nossas vontades cirurgicamente e uma fileira de
elefantes vai se acumulando nas nossas costas. Estas figuras de ansiedade e
depressão nos atingem nesta cirurgia clandestina feita no desespero destes
sentimentos nos consumindo vorazmente adoecendo nossa alma com um fervor ainda
recebendo o preconceito e a incompreensão para atrapalhar ainda mais. As sequelas
cirúrgicas se misturam somaticamente as nossas incertezas mentais. Parecemos diminuir
com tudo isso em uma sequência de supostos azares deitados nesta tal
melancolia.
Nosso estado mental é 100% atitude.
Mas, precisamos desconstruir para reconstruir. Pedaço por pedaço saindo desta
área cinzenta e começar a colorir entendendo quem nos tornamos e quem podemos
nos tornar. Assim, buscamos a luz dentro de nós saindo deste emaranhado de
sombras costurado em algum momento dentro de nós, nisso há mãos se esticando em
nossa direção, prontas para ouvir, para ajudar a resolução de seja lá o que se
acumulou de nós. Os elefantes podem ser retirados aos poucos e nossa alma vai
evoluindo, desencurvando, se abrindo para ser mais.
Os beija-flores vão saindo quando
vamos redescobrindo o sorriso, a calma, a paz em nós e a certeza de, mesmo
dependendo 100% de nós mesmos, não estamos sozinhos. Não há necessidade de
pressa, aliás, o lento, o devagar, o demorado vêm com mais valor, é melhor
aproveitado e nos permite ver os detalhes do mundo percebendo tantas maravilhas
perdidas quando não prestamos atenção. A Beleza do mundo é nossa conexão com
ele e quando a conexão cai a percepção se vai também, por isso, precisamos parar
e tomar distância para distribuirmos as desimportâncias para seus devidos
lugares nos perguntando o que nos importa?
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