sexta-feira, julho 13, 2018

Veja! (miniconto)





por Rafael Belo

Eu respirei fundo tantas vezes naquele momento que me afogava no ar ao mesmo tempo que me asfixiava. Eu não acreditava que as pessoas eram capazes de fazer de um abraço real algo repleto de outras intenções. Duvidei de mim, me senti mal e me retirei. Fui caminhando para fora dali. Logo me sentia bem novamente…

Era necessário motivação para sair daquele lugar. Eram tantas pessoas perdidas, me perdi também. No meu caminho havia um rumo impensado, mas impresso em outro plano. Uma missão me convocava. Possíveis acidentes apareciam por toda parte. Um cachorro que chamei antes de ser atropelado, havia tanta gente que sofreria ao redor…

Uma conversa atenciosa com uma pessoa desiludida na ponte sobre a Antônio Maria Coelho, uma chamada no motorista distraído chegando ao semáforo no vermelho, um me acompanhe por favor para a senhorinha perdida pouco antes de um “cacho” de cocos cair no lugar… Eu não pensava em nada, só sentia um turbilhão de indefinições e descolamento.

Mas não me sentia mal, me sentia útil. Renovada! Restaurada! Um propósito ou muitos… Comecei a pensar que se fosse de outro gênero haveria desconfiança… Tão iguais, tão diferentes… Eu vejo a alma das pessoas vivas! Não é premonição, leitura de mentes, são sentidos, conexões de almas, atenção e tudo diz o que está para acontecer, mas há tantas outras possibilidades. Todo mundo pode ver!

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