segunda-feira, agosto 13, 2018

Olha a inocência







por Rafael Belo

Você já assumiu o quanto a gente quer que gostem da gente? Mesmo quando nos esforçamos para sermos autênticos e nós mesmos... Seja lá quem formos... ? É natural querer. Não queremos que nos rejeitem, que nos odeiem... Tudo ao nosso redor durante o nosso desenvolvimento dá a entender inocentemente que somos únicos e especiais, uma inocência que insistimos em manter. Uma proteção egoísta que acaba sendo só para o bem de quem protege. Podemos até chegar a maturidade de não ligar a mínima para o opinião dos outros, até realmente nos tornarmos únicos e especiais para nós mesmos e para algumas pessoas, mas até lá ainda temos esta tal inocência em uma país onde a exaltação é a malandragem e a malícia. Mas devemos perdê-la?

Quando finalmente este sistema lucrando com nossa insegurança nos faz perceber que a vida não é um filme que não entendemos acabamos desacreditando em partes em relacionamentos cantando o mantra de que não era a pessoa certa, que a pessoa certa irá chegar... Até nos cansamos tanto a ponte de nos afundarmos em relacionamentos ruins com medo de ficarmos sós, ou então desconfiamos quando está tudo certo achando estar certo demais e ter algo errado, criando bloqueios e comparações ou ainda transformamos aquela velha inocência em aprendizado seguindo em frente e não deixando de acreditar sermos todos seres humanos cheios de falhas crescendo diariamente. Mesmo assim não simplificamos nem uma conversa e...

São tantos códigos possíveis nesta conversa que a clareza precisa ir além das palavras e dos gestos. É preciso dizer exatamente as intenções e ter a vivência de entender que erramos e também as intenções mudam. Não somos uma coluna de sustentação de algum imóvel antigo tombado. Podemos despir de nós todas as exigências das sociedades e ainda assim manter a inocência de uma criança, mas sem deixar de tentar diferenciar sinceridade de conveniência e manipulação. Afinal, inocência e ser trouxa e capacho são totalmente diferentes. Até porque a falta de caráter motivando tratar qualquer pessoa como trouxa e capacho é de quem tem a atitude cretina do tratamento.

Precisamos desta inocência da infância editada para não sermos explorados com medo de perder “amizades”, de “acabar com a relação íntima”, da reação do outro, de sermos julgados, de não dar certo, de sermos demitidos... Se não for dito, não será adivinhado, precisa ser exposto, iluminado, inocentado todos aqueles que têm a coragem de acreditar nas pessoas e que sofrem as retaliações (consequências), estes sabem encontrar a paz. Vamos assumir tudo que precisa ser assumido, não importa o que digam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela reflexão!