por Rafael Belo
Eu parei no meio da pista. Estava em um salão de dança. Achava estar sendo observada por todos os lados. Na verdade. Era de um único lado. De dentro. Eu estava me limitando. Eu estava me prendendo. Eu estava desconectada de tudo. Estava precisando de uma limpeza. Estava precisando de menos. Mas cada parte do meu corpo que eu tentava soltar… Era uma dor medonha. Tamanha. Eu parei para me perguntar há quanto tempo venho me ferindo deste jeito? Há quanto tempo venho me condicionando em tantas caixinhas onde nunca coube ou caberia?
Foi como um colapso. Meus músculos não aguentavam mais, minha mente faziam minha cabeça doer… Era o fim de algo e eu nem entendia. Estou aqui. Estou parada. Não consigo ligar nada nem desligar. Gostaria de relaxar e mandar a eletricidade artificial embora. Está luz dela não me serve, nunca serviu… Parece estar ali oscilando quente prestes a se apagar ou com o objetivo de me hipnotozar, mas não me permite enxergar de verdade. Eu quero a energia das conexões, mas…
Onde estão? Gostaria de poder enxergar… Gostaria de poder fechar todos este olhos julgadores, gostaria da leveza das folhas quando soltam suas pétalas para a mais leve brisa a direcionando a própria vontade… Mas, talvez seja cedo demais para mim. Então, vou deixar aqui neste lugar. Nesta pista fria irregular, neste salão vazio e assustador, nesta lista de cobranças de movimentos, de passos, de ser melhor na vida, mas eu sei só poder me comparar a mim mesma!
Quero sentir o que sustenta este piso, o que está abaixo deste chão, mas a conexão precisa vir de mim, desta energia que meu cérebro comanda organicamente para o encaixe dos membros no corpo, se esforço, sem músculos, tudo ascendendo a chama do meu coração para a minha alma. No entanto, eu preciso de calma, de silêncio, quero meu campo distante, minha praia deserta e, por enquanto, só consigo ser esta cidade barulhenta nas cobranças incabíveis sem fim. Até mudar vou estar parada no meio da pista sem ser quem eu sou.
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