por
Rafael Belo
Há
tantas coisas a serem lidas, mas meus livros favoritos são as pessoas. É possível
ler de perto o que está acontecendo conosco. Quando estamos sós, perto da
família, com amigos, com melhores amigos, com pessoas do trabalho, com quem
amamos, com quem nos interessamos e por quem estamos nos apaixonando... Não há
disfarces possíveis para olhos atentos. Queremos acertar e sermos bem quistos,
assim, buscamos constantemente algum tipo de aprovação e perfeição totalmente
inexistentes... Até a naturalidade anda forçada. Somos naturalmente imperfeitos
e falhos, mas somos ensinados a interiorizar que não está tudo bem com isso.
Somos
dados a evolução e aceitar quem somos é o início de tudo, porém, invadimos a
contramão e vamos acumulando jogos em busca de vencer, de sermos melhores que
os outros e assim que um assunto nos incomoda, mudamos de assunto, gritamos,
confrontamos, simplesmente ignoramos, mas diálogo com argumentos são raros,
queremos mesmo é convencer o outro que estamos certo. Nesta vontade de convencimento
colecionamos troféus conseguimos atuar bem em sociedade. Conseguimos forjar a indiferença,
a ignorância, até a frieza boa parte do tempo, mas não o tempo todo. Então,
achamos ler as pessoas.
Buscamos
enxergar padrões, mas é a partir de nós mesmos. Portanto, qual a validade da
referência? O outro é feito das próprias experiências. Não que nossa
experiência não ajude, mas é a partir do entendimento de cada pessoa, não do
nosso. Por isso expectativas são supervalorizadas. A melhor forma de
convivência é a sinceridade e o simples perguntar. Mas, preferimos interpretar,
esperar estarmos certos sobre o que pensamos e sentimos sobre alguém. Desta forma
somos agressivamente repletos de imaturidade afetiva porque buscamos a própria
satisfação. Neste jogo físico-psicológico sendo jogado sem vencedores
acontecendo em tempo real, não importa o quanto de ausência haja nas cabeças
baixas e os corpos inclinados caminhando em conexão ao vivo esperando respostas
imediatas, há uma fuga constante de si mesmo.
Prestando atenção em tudo parece que estamos constantemente inventando
outros de nós pela sobrevivência. Estamos nos adequando a cada situação com uma
medida de restrição mental baseada nas nossas vivências ruins. Somos injustos
com nós mesmos, principalmente se tratando de se apaixonar. Uma nota
fundamental para nossa fragmentação diante das possibilidades. Não queremos
perder nada e vamos criando camadas de conexões com todo mundo. Aí vem aquela
aceleração. Queremos rápido, queremos agora, pensamos que tudo deveria ser instantâneo
não importa quantos tombos levamos não queremos perceber que não é assim. Tudo leva
tempo e o tempo nos leva. Com o tempo, gostaria de ler autenticidade nas
pessoas junto ao reconhecimento da imperfeição, da falha de cada um e o estar
bem com tudo isso. Aí poderia dizer: isto é perfeito!
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