Por Rafael Belo
Há um desespero no ar, uma urgência
dolorida, sofrida pesando corações, bugando mentes, fazendo a gente sentir uma ausência
pesada e carente. Uma carência criada e acreditada com toda força. Deixando-nos
devedores do tempo. Esta nossa maior preciosidade atual tão buscada, tão
falada, tão usada nas mais incrível e chulas desculpas ainda mais com o senso
de coletividade falido substituído gradualmente durante as últimas décadas pelo
indivíduo apenas no egocentrismo, neste egoísmo fazendo filas por aí querendo
resultado sem sacrifício.
Vamos substituindo tudo alegando
não haver nada insubstituível. Fazemos o possível para se proteger e alcançar
os próprios objetivos. Partimos, nos partimos e onde queremos chegar? E quando
chegarmos lá? Eu pergunto onde é aqui? Então, me pergunto diariamente qual a
importância da nossa criação, dos nossos feitos, se não tivermos amigos,
família e outros amores para comemorar, para dividir, para nos ajudar? É muito
solitário este mundo para sermos egoístas, para agirmos no impulso de nos
salvarmos e quando vemos estamos mesmo é nos condenando.
Para onde vamos? Tantas mortes,
tantas decepções, dissabores, tantas dores e nós enclausurados nos virando pagando
contas, comprando combustível de preços abusivos porque é o único jeito (?), abusos
governamentais, insegurança generalizada, desigualdades, somos abusados...
Ainda somos incentivados e incentivamos os conflitos, as separações. Reforçamos
partir para o próximo assunto, próximo crush, se algo saiu fora do plano, se
algo não saiu como imaginamos, se não gostamos de algo e fica tudo bem (?).
Quem sabe, certo? Em qualquer tipo de relação existe no mínimo mais um lado... Precisamos
tentar fazer diferente (ao menos tentar) e não repetir este vazio multiplicado.
Parece que estamos completamente
sem noção. Vivendo sem propósito, sem crescimento, exagerando em escassez ou em
excesso... Não adianta perguntar o caminho por aí nem para ninguém, porém, é
importante ouvir a experiência do outro, além disso, vamos nos juntar para
descobrirmos juntos cada qual o próprio caminho. Não precisamos fazer nada só
ou ficar falando da vida do próximo nem distante. Gostamos de condenar, de
julgar, de interpretar e tirar conclusões precipitadas... Creio que perdemos
completamente o tato e nem sabemos conversar mais! Sou só eu que sinto este
desespero, esta urgência, esta ausência, este desaprender nos cercando, nos
invadindo? Não me importa como serei lembrado amanhã, quero fazer algo agora e
faço. E você?
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