domingo, junho 10, 2018

Você sente tudo isso





Por Rafael Belo

Há um desespero no ar, uma urgência dolorida, sofrida pesando corações, bugando mentes, fazendo a gente sentir uma ausência pesada e carente. Uma carência criada e acreditada com toda força. Deixando-nos devedores do tempo. Esta nossa maior preciosidade atual tão buscada, tão falada, tão usada nas mais incrível e chulas desculpas ainda mais com o senso de coletividade falido substituído gradualmente durante as últimas décadas pelo indivíduo apenas no egocentrismo, neste egoísmo fazendo filas por aí querendo resultado sem sacrifício.

Vamos substituindo tudo alegando não haver nada insubstituível. Fazemos o possível para se proteger e alcançar os próprios objetivos. Partimos, nos partimos e onde queremos chegar? E quando chegarmos lá? Eu pergunto onde é aqui? Então, me pergunto diariamente qual a importância da nossa criação, dos nossos feitos, se não tivermos amigos, família e outros amores para comemorar, para dividir, para nos ajudar? É muito solitário este mundo para sermos egoístas, para agirmos no impulso de nos salvarmos e quando vemos estamos mesmo é nos condenando.

Para onde vamos? Tantas mortes, tantas decepções, dissabores, tantas dores e nós enclausurados nos virando pagando contas, comprando combustível de preços abusivos porque é o único jeito (?), abusos governamentais, insegurança generalizada, desigualdades, somos abusados... Ainda somos incentivados e incentivamos os conflitos, as separações. Reforçamos partir para o próximo assunto, próximo crush, se algo saiu fora do plano, se algo não saiu como imaginamos, se não gostamos de algo e fica tudo bem (?). Quem sabe, certo? Em qualquer tipo de relação existe no mínimo mais um lado... Precisamos tentar fazer diferente (ao menos tentar) e não repetir este vazio multiplicado.

Parece que estamos completamente sem noção. Vivendo sem propósito, sem crescimento, exagerando em escassez ou em excesso... Não adianta perguntar o caminho por aí nem para ninguém, porém, é importante ouvir a experiência do outro, além disso, vamos nos juntar para descobrirmos juntos cada qual o próprio caminho. Não precisamos fazer nada só ou ficar falando da vida do próximo nem distante. Gostamos de condenar, de julgar, de interpretar e tirar conclusões precipitadas... Creio que perdemos completamente o tato e nem sabemos conversar mais! Sou só eu que sinto este desespero, esta urgência, esta ausência, este desaprender nos cercando, nos invadindo? Não me importa como serei lembrado amanhã, quero fazer algo agora e faço. E você?

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