sexta-feira, junho 01, 2018

Uma nova borboleta (miniconto)







por Rafael Belo

Estou aqui nesta escalada. Eu não sei ficar parada. Topo qualquer rolê. Bem quase… Sem machismo, por favor. Sinto alívio o tempo todo desde que me libertei. Às vezes ainda me pego rangendo os dentes e ouço minhas antigas correntes se arrastando atrás de mim. Hoje sou assim, amanhã nem sei. Nem quero saber. Mudo de opinião sim e daí?! Respeito quem sou tanto que não aceito limites nem estas caixas tentando entrar em mim… Quer dizer… Tentando fazer eu entrar nelas. Até parece.


A gente até cresce, mas eu cresci criança cheia de esperanças de não parar de crescer e ajudar com o que posso todos crescerem também. Pensando bem nem deveria estar falando… Estou aqui escalando e nem sei onde é aqui. Estou respirando porque começou uma chuva sem tamanho. Só eu vim. Ouvindo aquele monte de baboseiras sobre os poderes e não poderes da Mulher. Até quando isso vai? Retoricamente até os fingimentos acabarem e a naturalidade se mostrar presente e justa.


Eu me ajusto a mim… Bem… Até aonde eu quiser. Se não der eu fiz, eu tentei e segui. Eu sou meu próximo, minha próxima e a seguinte. Não dou palpite, sugestão, sermão… Cada um na sua vida e como reflete cada coisa só interessa a cada um. Sim, é diferente. Ninguém é como a gente. Não vai parar de chover, não? Quer saber?! Pode chover. Estou molhada com esta visão embaçada desta imensidão. Só eu sei meu destino e desatino como eu quiser. Não sou sozinha nem sozinha estou, porém escolho e preciso fazer muitas coisas por mim mesma.


Parou a chuva. Estou quase no topo. No topo do meu mundo. Aproveitando cada escorregão, disparar do coração, toda sensação negada por mim mesmo, pelo meu medo de descobrir quem sou neste momento. É um entretenimento devolvendo meu sorriso antes escondido atrás dos lábios com um olhar perdido sem saber como reagir, como sentir… Vamos sair mais… É meu conversar comigo e aí sorrio. Mas este sair nem é pra rolê nem nada, é um sair de mim, desencasular, sair deste meu casulo diário e dia-a-dia ser uma nova borboleta. Cheguei no meu topo. Vou ver se aprendi um novo jeito de voar.

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