quarta-feira, agosto 31, 2011

Consumição íntegra da contaminação

*( O mundo às vezes dói e a expressão da dor também é bela... E mesmo quando a dor passar e a tristeza se dissolve, a beleza fica... Captei no sítio dos sogros)

Uma frase jogada no espelho na sala espelhada
vem carregada de sentimentos de faces diversas
de pensamentos partidos aparados e meios deturpados
em alegorias disfarçadas da especulação desavisada

na nascente depressão pesando o coração em balança de espinhos

os ninhos são desfeitos e jamais jazem na visão de quando fomos niños

epitáfios vivos dançam equivocadamente sobre a alma caída

e a saída sempre segue a mesma, mas às vezes, mais escura e distante

no corpo moribundo inerte cambaleante fingindo ser zumbi

a personalidade cede parte da força e dilacera sua unicidade
enquanto a cidade apagada permanece insone e te consome inteiro.

Às 08h16, 31 de agosto de 2011 (Rafael Belo).

sexta-feira, agosto 26, 2011

A fé não é um bem comum



*(Captar a essência da janela quando você estar dos dois lados e em movimento é chover transparente e em catarse... As Captei há dias na estrada entre Sidrolândia e Campo Grande)

Por Rafael Belo

Ainda não entendo como um mundo repleto de cristãos, religiosos ou simplesmente crentes julga constantemente cada folha caindo. Aliás, entender as fraquezas e hipocrisias humanas não é difícil, mas nossa inteligência fica ligada constantemente a patamares inexistentes de disputas. Sabemos o motivo exato das mazelas do mundo: somos nós e os nossos feitos, ou melhor, somos nós e o nosso não fazer. Mas, o fato mais desconcertante de uma vida tão repleta de sem explicações é a fé não ser um bem comum.


As pessoas têm um delimitador comum e apostam nele. O tal do tempo. Este é o limite e o controle. Todos nós, vez ou outra, cedemos e perdemos um pouco a fé... Por isso, devemos estar atentos ao que nos acontece porque não é possível viver sem acreditar. Crer não é tocar e desistir em meio aos obstáculos, o nome disto é insegurança. Nossa insegurança é reflexo da ideia imposta em nossa mente como um viral viciante de sermos os melhores. Como ainda filosofa Engenheiros do Hawaii ‘somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter’, mas muitas vezes é preciso do empurrão amigo para nos descobrirmos e podermos cantar este refrão.

O fato da fé não ser um bem comum é relativo ao peso de exemplos a moldarmos pelos nossos caminhos... Não somos perfeitos e aceitar o fato de ninguém o ser só não é o fim do caminho porque ‘é o fim do mundo todo dia da semana’. Se fossemos perfeitos bastaria o destempero de sentarmos e vermos a vida passar. A ideia distorcida da perfeição limita nosso olhar. Perfeito é o sol nascer todos os dias e termos nossa saúde em dia, não é ganhar além do necessário e se rodear de bens materiais, mas soberba minha é pensar saber muito.

Descansar o corpo de suas dores é essencial, alentar os tormentos da alma com o mesmo descanso é imprescindível. Dói ouvir e ver mentiras – ainda mais as extremamente desnecessárias – serem ditas, ensaiadas e encenadas na plena face da madeira de lei para um público pagante com suor, lágrimas e repetições... Porém, é bom sentir esta dor, pois, sei da ineficiência das anestesias aplicadas em cada esquina e assim, contrariando o título desta crônica, acredito a fé ser um bem comum, mas precisamos encontrar a mansidão e a humildade para entendermos o quanto é desnecessário entender o outro perante a aceitá-lo.

sexta-feira, agosto 19, 2011

Ventos do amanhã

*(Não sabia se o reflexo distorcido era a imagem ou a imagem distorcida meu reflexo de visão, mas a beleza está aí para quem quiser ver... Captei de uma varanda boa há seis dias)



Por Rafael Belo
Enfermidades o estava dilacerando e laceravam também seus caminhos. Senva havia ficado surdo muito cedo quando levou um tiro na cabeça ainda bebê e a bala atravessou seus tímpanos. Por destinos possíveis foi a única sequela. Mas, com os climas incertos assolando o mundo e enlouquecendo meteorologistas, um ruído mudo o vinha perseguindo. Ele sabe ser o som dos ventos presos em seus corredores, impaciente por liberdade. Pelo menos eram as descrições daqueles antigos livros que encontrou como escavador, aliás, arqueólogo. Eram escritos do fenício antigo...

Todos os seus sonhos eram internos e imaginados, mas estes ventos não vinham totalmente de dentro. Havia seu próprio vento correndo em seu interior, mas este ele chamava de Alma. Nestes últimos dias, sua Alma parecia chamar todos aqueles assovios incorpóreos... Como desbravador da presença contínua do passado, ele possuía um sopro, não... Um pequeno suspiro de medo, porém havia tornados e furacões o silvando na direção deste desconhecido. Senva estava em casa esperando sentir um padrão nos seus ventos particulares e parecia que seus particulares ventos faziam o mesmo.

Seu silencioso mundo parecia realizar a ação das pessoas aos poucos. Sim a surdez, a cegueira era falsa. O mundo enxergava o quisto e o não quisto. Mas ouvir... Ah, ouvir era... Bem era porque hoje eu sou um guia contando minha história de um passado recente... Enfim, era um ato raro. Partes de cada conversa eram ignoradas, como se tivéssemos a capacidade de abaixar o volume dos ouvidos ou simplesmente conferir a programação de uma outra estação repetindo, hora ou outra, um gesto de assentimento e às vezes de negativa.

Eu no meu isolamento... Compreendi tarde o prenúncio dos meus ventos particulares. Cada um no planeta tinha os seus particulares ventos como vidas inteligentes estudando ângulos e luzes para o melhor momento de captar o silêncio para sempre.  Mas os deles não emitiam som algum. Quando percebi o porvir os ouvidos do mundo sangravam e aos poucos as bocas deixaram de se movimentar se não fosse para dilacerar alimentos. Por instinto, creio, eles vieram a mim e escreveram seus males mudos, um a um. Até agora leio vidas nas telas de um mundo sem sons. Sou Senva Guia e ainda não contei a nenhum deles que este foi apenas um suspiro de medo diante dos ventos fortes a ‘porvirem’ soprar e soprar.

sexta-feira, agosto 12, 2011

"Definitivamente a dois

*(Depois do antes, estamos nós, durante o restos de nossas vidas dizendo um ao outro sim...)
 

O sol é uma lâmpada acesa tod o tempo
no soberano Tempo do nosso Amor
água de toda a clareza e verdadeira Luz
profunda perante qualquer sombra a dois

lançada, sem dúvida, para imemoráveis anos vindouros

na correnteza viva dos louros de nos entregarmos um ao outro

pequenos, poucos, imensuráveis pela medida incondicional a nos tornarmos
e tomarmos um do outro o líquido da Felicidade

Entalhada nos detalhes...

Dos incontidos olhos nos milhares momentos onde somos, um no outro, contínuo absinto

ao nos sentirmos fortemente alucinados pela aliança que nos faz infinitos.

(Rafael Belo) 11 de agosto de 2011."




*Mal começou a poesia declamada e as lágrimas da noiva Karine Nogueira já faziam brilhar os belos olhos cor de mel... A lua refletia Karine e o Parque encantava...

quinta-feira, agosto 04, 2011

Brincadeira de criança na ingenuidade de nos perdermos matutos


*(Como saber se o animal é apenas aquele que late se mal sabemos nosso ladrar... captei nesta quinta (4) )


Por Rafael Belo
Quem aqui que nunca quis protagonizar uma ação heróica e ainda hoje sonha em realizar tal ‘disparato social’? Aliás, quem em qualquer parte não pensou em realizar um ato de bravura.  Abrir todas as gaiolas, alimentar todos os carentes – de afeto, alimento e fé – e fazer a justiça ser um ato rotineiro poderia bem ser comum, mas não o é. Por isso, é surpreendente quando um adolescente de 13 anos, cujo parceiro é uma criança de sete, brinca com a realidade, inconformado com o ato desta, e munido de sua vontade e ingenuidade pratica um resgate incomum.

Como nos antigos filmes de cowboy, o adolescente invadiu o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Corumbá montado a cavalo e com uma arma de brinquedo para resgatar duas vacas. Enquanto este ameaçava, seu parceiro de aventura libertava os dois animais. Eles foram presos e levados para a delegacia, as comedoras de pasto eram do tio deles e quem cuidava delas era a dupla. A arma era de um videogame. Como na fantasia controlada, o garoto ameaçou atirar em todo mundo. A polícia o liberou declarando que não passava de uma brincadeira.

Eu não acho. Eles sabiam e planejaram o ato. Mas foi à revelia das punições. Não imaginavam que haveriam consequências por salvarem seus animais. Não agiram por mera rebeldia. Me parece mais por amor. Então, penso na falta e na distância e confusão entre nós e os animais com outra racionalidade. Os parceiros da iniciativa pseudoheróica ainda não foram influenciados pela desapropriação da aldeia global. Eles têm um lar e aprenderam a amar os animais, cuidar deles e os proteger. A dupla foi resgatar não sua propriedade, mas dois seres que amam.

Quantos de nós se arriscam pela liberdade do outro? E pela liberdade daqueles animais que dizemos serem nossos amigos? Não estou escrevendo sobre provas de amor. Escrevo sobre o reconhecimento deste. Quando temos um animal de outra racionalidade em casa, este nos cuida, nos diverte e nos quer bem incondicionalmente. Nós em troca os deixamos na pior. Os mimamos e os transformamos em humanos de quatro ou duas patas mesmo. Hoje a maioria dos animais domésticos ou são substituições ou meros cães de guarda.  Por isso, lá na zona rural da minha dupla de heróis até duas vaquinhas ensinam valores e justiça. Me lembra o quanto ficou feliz a imensa criança que vive a se manifestar em mim.