quinta-feira, julho 28, 2011

Pureza interna na face

*(Vossa majestade felina desconhece muros e grandiosidades do poder porque para ele o grande é a pequenez e a humildade que permite enxergar os detalhes dos pequeninos... Captei num momento especial de observar o muro)


Bate a ilusão de Salomão da sapiência e inteligência suprema

mas nada na fase extrema é sábio e inteligente nas nuvens em dissolução
ser grande é uma adoração a cegueira nos lábios emergentes
escondendo o ranger dos dentes do falso poder

melhor é ser pequenino para enxergar e ver pelos olhos alheios
o sorrateiro jardim florescer com a beleza posta em frascos
com aroma inodoro para os cascos dos inteligentes demais e sábios em demasia

uma fantasia da nudez exposta pelas sobras à mostra de um passado humano
nos trapos de um pano não fabricado mais

nada demais a não ser amostra da arrogância posta em disfarce
pelo branco arte vestido em amarelos dentes sem latitude e longitude pungentes
amiúde falta de localização da situação perdida dos holofotes pendentes
na face da realidade acessível do incrível ser humilde

independente na atitude pura interna, iluminada na expressão sem sombra.


(Rafael Belo – às 9h46 – 25 de julho de 2011)

quinta-feira, julho 21, 2011

Ainda é nossa estação

*(As flores nascem nos locais mais inusitados para no meio do fluxo do congestionamento serem contempladas como um momento de paz... Captei na Av. Tamandaré)

Por Rafael Belo

Ainda neste momento o que mais me impressiona nas pessoas negativamente é a falta de paciência. Por que afinal, o quê é instantâneo hoje a não ser comidas industrializadas e mensagens? Viver na correria já é demasiado estressante e causador de insônia, consequentemente a memória se vai também. Se aliar a não saber esperar nada temos de concreto. A velocidade da internet e a tecnologia do celular auxiliaram nossa condição de imediatistas. Agimos para no término da ação já termos resultados. Não paramos sequer para pensar o quanto é absurdo plantar agora e no minuto seguinte ter uma jovem adulta árvore carregada de bons frutos.

Bons frutos, aliás, precisam de cultivo prolongadamente bem cuidado desde a escolha da semente. É preciso trabalho árduo bem suado para perdurar um bom fruto que seja. Como ter um jardim cuidado e um sorriso sincero sem ter paciência? Se vivemos no imediatismo, vivemos na insatisfação. Vivemos com fome de atenção e a carência do medo nos assombra. Medo de envelhecer, de morrer, de sair às ruas, de perder, de terminar, de começar, de responsabilidade, da falta dela, do próprio medo... Se não tivermos medo parece faltar o sentimento de conquista e nada é suficiente. Se não viemos ao mundo com o dom da paciência, praticá-la fará de tudo melhor.

Meus medos me olham pacientemente nos olhos e se vêem ainda em algum lugar. Ainda bem que estão aqui para me encararem e eu os encarar de volta. Ninguém elimina ninguém. Somos necessários uns aos outros de certa forma. Sem medo não haveria as superações com aquele eterno ‘pontinho’ de frio na barriga e o encorajamento – apesar do gelar dos ossos – para seguirmos conquistando o necessário. Não vejo graça de percorrer um caminho só de flores e brisa. Se não vermos as pedras, as sentirmos sob os pés como saberemos evitá-las ao plantarmos? Se não nos ferirmos nos espinhos como saberemos reconhece-los? Se não vermos desistentes ao nosso redor como nos encorajar e encorajá-los?

Perdemos nosso tempo e espaço para nossas vontades infantis e ambições alheias. Mas, nenhum tempo foi perdido... Procuramos-nos nas horas impacientemente e às vezes somos ultrapassados pelo nosso imediatismo, apenas para não reconhecermos nossa própria nuca. Por isso, me assombra as pessoas faltarem em paciência. Sem ela não é possível admirar a paisagem ao redor e ver as flores tentando nos envolver com seu aroma natural enquanto ainda é sua estação.

quarta-feira, julho 13, 2011

Afogar, congelar e pegar fogo

* O que nos separa do céu e do sol renascido diariamente é o teto que colocamos acima das nossas cabeças - captei neste Dia Mundial do Rock (13 de Julho)

 Por Rafael Belo

Caminhando entre uma multidão há um parente de todos e de ninguém. Muitos acham não o conhecer outros já o viram, mas não se recordam. Ele provoca reações diversas nas pessoas, mas apenas quem segura sua mão sabe seus sentimentos e pensamentos. Em poucos instantes, alguém evitará uma catástrofe com o custo de uma revelação que será posta à prova. Cobiçando a namorada do Desconhecido Conhecido (Desco), um raivoso ser repousa a mão sobre uma pistola 9 mm. Ao mesmo tempo, Desco o analisa instintivamente. O futuro não-atirador estremece.

Uma mão coloca os pensamentos conturbados do raivoso em calmaria. Você não sabe o que fará? Diz a voz dona da mão.  Caso o faça, não sobrará ninguém de tua linhagem para contar qualquer história...  Aquele é parente direto de Deus e Lúcifer. Ele é a Razão e o Divino. Não é bem nem mal. Este não é o momento de misturar Reação em Cadeia com Efeito Dominó... Suas ações podem desencadear várias iras adormecidas em faces forçadas infernais mesmo celestes...

Profecias são belas histórias, mas Desco Luceus faz sempre diferente. Por isso, mesmo assim uma bala silenciosa atravessa o ar e Desco a acompanha desde o início sua trajetória. Não veio do não-atirador observado, veio de outro – que ele tem certeza (paranoicamente) – também deseja sua namorada. Ninguém percebe o projétil se projetando em direção ao improvável alvo. Habilmente Luceus se revela ágil e em frações de milésimos captura o derradeiro disparo em um caixa blindada. Ele grita o próprio nome e todos se reconhecem naquela face estranha. A fortaleza mental de Luceus é destruída, ele pensava ser perfeito por ser filho do Tempo. Mas, o viscoso líquido vermelho escorrendo em sua face despedaçou sua insensibilidade.

Um segundo disparo havia atingido sua amada. Seus sentimentos perdidos jorraram como uma erupção catastrófica na maior geleira do mundo. Primeiro o desespero desconhecido tomou conta, depois uma raiva sobrenatural emanou por toda parte. Foi como se o sol fosse atraído pela Terra e todo o gelo do mundo derretesse ao mesmo tempo. Cada coisa sentida se solidificava se tornava física e era hiperespelhado em cada indivíduo. Era se afogar, congelar e pegar fogo se revezando na morte aguda e lentamente crônica dos corações inchando e derradeiramente Amando um fim. Alguém pode nos ajudar? Ocupar nosso cérebro?

Ao fundo toca Paranoid:
Finished with my woman 'cause she couldn't help me with my mind
People think I'm insane because I am frowning all the time
All day long I think of things but nothing seems to satisfy
Think I'll lose my mind if I don't find something to pacify
Can you help me? Occupy my brain?
Oh yeah
Veja Ozzy e Paranoid...

terça-feira, julho 05, 2011

Indefinidos ritmos

*(Quantos tons têm o Céu sobre o verde e rosa dos sons do olhar?... Captei em casa para variar...)




Impulsiona a gente um pulso corrente eletrificado
arrepiando a mente pelo coração batente intencionado
pela constante nascente do Amor eloquente sorrindo calado
um corpo presente na alma recente em milhares de anos dobrados
nos sinos circense de olhos e dentes brilhantes latentes ao infinito soprados
com universo pungente de estrelas indigentes e planetas adulterados
pelo inconsequente fluxo frequente de sóis eclipsados
efeito deprimente dos lamentos permanentes dos erros customizados
raso conveniente ao ritmo intermitente do intérprete direcionado

cacos do espelho partido nos estilhaços do aço frio cortante,
resultante do instante conhecimento a me fazer ignorante amante sem Tempo, mesmo que hesitante nas horas de definir um ponto nas nossas falsas contradições.

Rafael Belo, às 11h16 do dia 5 de julho de 2011.