segunda-feira, outubro 01, 2018

Falso silêncio





por Rafael Belo

Você já tentou sair da bolha e realmente prestar atenção? Tantas banalidades virando extremismo, tanta coisa séria virando banalidade, tanta caracterização, demonização e herois fabricados instantâneamente, mas não se engane - ou tente enganar - tudo isso vem se (des)construindo há muito tempo. Eu vejo nosso maior problema nos sentidos. Sentidos das significações, interpretações e humanos. Neste último a ênfase esta não no sexto, sétimo ou oitavo…. Esta na visão, no olfato, no paladar, na visão e, principalmente, na audição. Estamos perdendo todos os sentidos.
Usamos até fones de ouvido - perdendo realmente a audição - para não ter de usar outro sentido… Não queremos falar porque tememos nos desgastar com o outro, então nos isolamos. Não queremos tocar porque desconhecemos a reação ao toque, então não tocamos. Não queremos degustar  porque confundimos com o paladar e ficamos só falando mesmo. Não usamos nem o olfato para podermos sentir algo estranho no ar e acabamos não enxergando as pessoas como seres humanos.

Talvez a consequência seja a necessidade do alerta amarelo reforçado em Setembro para ligar todos os sentidos para o suicídio, mas é só um dos fatores aliado a cobrança intensa em todos os aspectos sociais e pessoais, porém, a impessoalidade, ou a frieza, e o descarte fácil de tudo e todos na confusão entre coisas e pessoas, junto a desatenção nos mata agressivamente em um falso silêncio. Às vezes, precisamos mesmo da nossa bolha para lembrarmos o quão desnecessário e prejudiciais nossos gestos e falas podem ser. Ao mesmo tempo, como amigos, família, sociedade, comunidade sair da bolha pode salvar o próximo. Por isso, acabar com a banalização tem que estar no nosso caminho.

Esta banalização de nós mesmos balanceada ao eucentrismo ou simplesmente ao superimportar consigo mesmo ainda utilizando a distorção da Liberdade de Expressão, causa um desrespeito agudo diariamente capitalizado em busca de curtidas que não valem nada. No entanto, quando há engajamento se perde o limite. Queremos ser evangelizadores das nossas crenças e vontades com a alma ainda colonizada invadindo as pessoas sem se importar em ouví-las. Estamos na era do desrespeito e do Pânico. Os sentimentos não só são banalizados como maltratados a ponto de só voltarem a aparecer depois de muito sofrimento gratuito. Vamos ouvir o silêncio e amparar o próximo como uma necessidade diária da nossa próxima alma.

Um comentário:

Maria Luiza Torres disse...

Verdade dita como um alerta...
Prestar atenção...Ter coragem de ser... Não obstante a massificação, ter a coragem de ser, com gentileza... Devoção...Facil não é, mas honra nossa humanidade.