segunda-feira, agosto 30, 2010

Sábado, 28 de agosto de 20010


(8 foto da sítio dos pais da minha namorada, imediações de Sidrolândia - MS, 'registrei-a' na quinta-feira (26)...)





Risco

a estrada se liberta de volantes no instante do deslocar veloz do carro posto em velocidade pela necessidade de chegar ao pensamento no espaço percorrido adquirindo o presente no percurso mesmo com o susto de uma curva, de repente, com a derrapagem na gente sem parar e continuar, então, a bater de frente, com o urgente de sair do lugar.
Às 11h55



Visão
a boina estiliza a cabeça protegida
dos desejosos ventos soprados de baixo
para cima inflando a boina em quente balão
puxando as ideias para fora
cantadas em versos telepáticos
empáticos em cada tumultuadas mente
indigente de silêncio,
a janela recorrente paisando
o lá longe em vidro em quadros
simplesmente na falta de toda
estrutura vista.
Às 8h54


Imagem
Despencou a rosa despetalada
sobre a ironia de um rua vazia
apontada para cima em busca do sol
arrepiado em corpos tensos, não estando lá
naqueles copos meio sujo imbebíveis
Vieram as pétalas, depois, caídas
em uma demora aleatória para chegar
no chão sem ninguém, a não ser algum
coração a bater sem lugar nenhum

pelo aroma inalterável do perfume
de Quem.
Às 9h16



Teus
Quando teus olhos de médio mel, abrem-se
pura densidade cobre quem ainda dorme
descoberto de sentimento, por um momento tão longo
a deixar o tempo parado, a espera

de um quente beijo teu, despertador corpóreo, ateador de fogos cardíacos, avassalador de almas expansivas pulsivas em sangue

espreguiçados em preguiçosos sorrisos amados
de fios e cortes em crítico diálogo de Amor
com a luz acesa sob a mesa da sinceridade
onde a verdade [ sobre ela] é amante das melhores imperfeições.

Às 9h48



(Rafael Belo)

quinta-feira, agosto 26, 2010

O Quinto Dia

Por Rafael Belo

Já se foram as Cruzadas onde a conquista da terra sagrada valia a morte de milhares ‘em nome de Deus’ – Ah, Jerusalém! -, mas não se foram ainda à desobediência ao sexto mandamento: ‘Não matarás’. Não irei dizer sobre todas as leis globais serem baseadas nos dez mandamentos. Mas, não falamos ou pregamos religião por aqui. O olhar é voltado para o senhor do quinto dia, o Homem. Então, quão estranho seria se um autodenominado ‘Evangelizador de Moisés’ tentasse matar um travesti a pauladas, não conseguir terminar a intenção - porque a violência era tanta que quebrou o ‘pau’ - e depois ligar para a polícia e se entregar?

Nós Homens e nossos pecados. A não aceitação do outro diferente... E quanto ao terceiro mandamento: “Não tomarás em vão o nome do Senhor, teu Deus”? Sempre conveniente ao que se quer ver e fazer. A história de Moisés que foi criado pela filha do Faraó Seth, Thermuthis, como principe do Egito, começa mesmo com sua fuga após matar pela dita ‘justa’ cólera um feitor egipcio que açoitava um dos ‘seus’ (judeus). Mas voltando ao sexto mandamento, não há uma excessão. Não temos o direito de tirar a vida de ninguém nem mesmo a nossa.

Mas, vá lá... O Evangelizado de Moisés se entregou e deve responder por tentativa de assassinato no mínimo. O que fica na cabeça de quem leu sobre o caso é: Ele teria tido ‘interesse’ no travesti? Ele consumiu algo com o mesmo? Houve a vontade de realizar fantasias, considerou o travesti um agente do pecado e decidiu matar? “Minha religião não permite homossexualismo”, deveria afirmar no ataque brutal. “Minha intenção era ceifar a vida daquele que vende seu corpo por sobrevivência”, vociferou. Como disse meu amigo: ‘pode não ter consumido, mas se quebrou tem que pagar...’

Se a madeira não quebrasse, ele se entregaria da mesma forma? Como uma pessoa que se diz pregadora, que deveria agir pela paz e pela conversão se torna um criminoso ‘em nome de Deus”? Talvez não se tornou... Extremismos que deixam mais um trauma para a vítima – que no caso está internada na Santa Casa, com dois cortes na cabeça e fratura no antebraço direito – realmente precisam de um bom tratamento. Fanatismos religiosos sempre existiram e infelizmente existirão em sua distorções pessoais e coletivas, mas a proximidade acaba por ser cada vez mais alarmante.

terça-feira, agosto 17, 2010

Sinapses entre loucura e lucidez


8 quando momentâneamente as importâncias se invertem, o buraco se abre cheio de entulho e queimadas... Tirei no bairro ao lado...


por Rafael Belo

As pequenas coisas viram grandes coisas quando a irritação é a sensação mais absurda tomando conta do corpo. Trabalho de domingo à tarde costumeiro em casa acompanhando jogos deixa de acontecer quando a internet pára de funcionar na hora do trabalho analítico online. Muitas opiniões e comandas e dá-lhe pegar o carro e cruzar a cidade para chegar a redação. Como se a sexta-feira 13, supersticiosa e mitológica, fosse o primeiro dia da semana 15.

Senhas não funcionando, alarmes ensurdecedores com sensores de movimento, ligação para pedir senha de colega, no ‘meio do expediente’ novo disparo, nova irritação, nova ligação, veículo apagando em plena Avenida... Sem querer funcionar, mas o sinal estava fechado só a atenção foi concentrada dos outros. Sinal abriu, carro funcionou, mas a irritação continuou... Deixamos-nos levar por tão pouco. Adianta ficar irritado? A internet voltaria? O carro não apagaria? Um estopim virtual incendiando prestes a chegar a bomba real e estourar... Mais fácil ser retirado o pávio. Situações limites apitando feito panelas de pressões na cabeça. Tolerância zero.

Este parece ser um dia típico de muita gente. Até aparentemente sem mais nem porquê cometer uma ‘bobagem’ e ser notícia fichada ou sepultada. Respirar fundo e prestar atenção ao redor ajudam, assim como aos nossos atos e educação. O estresse é cotidiano e a supressão de nossos sonhos e vontades ficam guardados em alguma gaveta cerebral querendo ser arrancada, espalhada, realizada ou simplesmente considerada. Não há esquecimentos nos nossos delírios silenciosos.

Por isso família, namorada e amigos auxiliam o estado de demência não adoecer nossa alma, não endurecer nosso coração, não sermos movidos por pequenas coisas tolas nem ao menos deixarmos estas se agigantarem como uma possessão do nosso pior em um momento de desequilíbrio. A calma às vezes vem simplesmente do se permitir ser mais forte, quem sabe chorar se preciso, da retirada dos nossos entulhos acumulados de desnecessidades, da humilde presença, daquele abraço, da palavra e do terno olhar.

terça-feira, agosto 10, 2010

Sóis


8Qual é a tua intensidade perante Sóis se fundindo? Captei assim cegante...

por Rafael Belo

Na esquina ela está jogada da mesma maneira há várias horas. Cabelo espalhado sobre a cabeça formando um triângulo invertido, blusinha colada preta, minishorts rasgado marrom, descalça, com os braços abertos e com as pernas dobradas. Olha fixamente para o céu. Está vazio ao seu redor, a calçada, as ruas, as casas, a cidade... Ninguém. Nem um som se misturava a uma calma brisa apocalíptica soprando quase um assovio. Mais cedo já era silêncio. Somente, Solare Resis restava. Sol imagina quanto tempo ficou apagada...

Seus olhos se reviram, sua boca se contorce, sua respiração vai e vem redundante enquanto ela se lembra de vagar ainda neste dia sem encontrar nada vivo sem raízes... Então, se jogou no gramado... Só agora começou a perceber seu homônimo Astro Rei tão próximo e o calor formando bolhas em sua pele. Nada atravessando sua mente explica... Sol não tem certeza se está entrando em desespero ou saindo de um alívio para o constante estado de alerta. Há incerteza plena. Mas, ela prefere continuar olhando fixamente para o céu...

Jogada como quando era criança e o mundo acabava segundo a segundo... Só para os adultos. Para Sol era motivo de risada, curiosidade e correria. Ela divaga nestes pensamentos... Na verdade procura perde-se completamente nesta época sem preocupações, sem compromissos... Se bem... Algum tempo atrás a infância já era tão compromissada quanto à vida enfadonha de um adulto. Isso não interessa a ela, ela quer se perder, mas nos próprios pensamentos felizes... Isso porque não consegue pensar nos infelizes, nas dores, nas dificuldades... E ela faz o sempre clichê pensamento: ‘porque no fim pensamos no começo?!’

Tudo está em chamas. Os Sóis se encontram... ‘por que não há dor?!’ Deveria ela pensar... Mas está tão distante, tão... A não perceber a purificação pelas línguas do fogo em combustão no planeta. Ela está feliz como poderia não estar?! Quis a solidão e a teve, se jogou no chão e por horas viu o filme de um céu azul levemente anuviado. Seu corpo se desfazia, sua alma ia por meio do olhar e tudo queimava ao redor voando em cinzas ardentes pela face do vazio, pelas brechas apocalípticas de mais uma solidão na esquina.

sábado, agosto 07, 2010

Sábado, 07 de agosto de 2010

8 imagem da 'copa das ruas' perto de casa... há de se captar... ___>

Alma


Fez-se a distância um adjetivo
e todas as vestes caíram
de rosto e corpo despido
não havia intermédio... Era imediato
ato puro de ser seu, substantivo.

Meu verbo sem possessão
crescimento interno declamado
em busca da saudade, a rodar
para perdê-la no adjetivo distância
tão íntima quanto a ligação, carnal.


09h08 - (Rafael Belo)



Visceral

Pelos mares asfálticos, estatela o sol
faz frio em algumas pessoas,
em nós lágrimas felizes se contêm
aquecendo o borbulhar nunca antes sentido
nem lembrado em outro qualquer sentimento
por nós revigorados, as estradas param
feitas visões de paisagens inesgotáveis
gotejando um marco simétrico, dos nossos
horizontes verticais, paradoxais a um
romance não escrito, viscerado, nas nossas
construções, aos pedaços.


09h26 - (Rafael Belo)


Contando


Quero ser, um posicionamento, uma entrega
um coração bipartido tremulando um bater
tamborilado pelo corpo no âmago da totalidade
no vândalo destruidor de muros e separações
um vento silencioso lá fora, chamando as
arvores para dançar. Mando das eternidades
enfileiradas em nosso olhar descrito em livros
versados no porvir tão dentro do adentrar
da alma faminta em não se saciar completa-
-mente e assim sempre ter fome para términos
infinitos perfilar.

10h32

(Rafael Belo)

quinta-feira, agosto 05, 2010

Luz intensa na nossa imensidão


8 O bater das asas, o coração acelerado ou a simples pose do próximo pousar do beija-flor aí está a Felicidade... Captei em uma matéria sobre queimadas

por Rafael Belo

Pode ser química, mas Felicidade é única. Na verdade parece ir além da pele, da mente do sorriso bolo... Não é tolice é uma marca indelével na alma. Assolando - quando assolar é arar um solo extremamente fértil – de terra macia e granulada passando pelas mãos abertas prontas para se impalpável, recorrente de brotos e flores para aromas constantes respirados pelos suspiros dos sentidos além dos conhecidos. Como se o fruto do gracioso voo da garça e do esoterismo do tuiuiú tivesse um nome e este fosse Felicidade.

Não há palavras nem apontamentos parece não haver nada a estragar tamanho contentamento. No entanto, não se faz sozinho. É preciso conceder, sorrir e falar assim como conter em leve seriedade e silenciar. Aí vem o tempo tão dentro de nós e fora do mundo, mostrar aos poucos quando e qual. A reclusão da Felicidade a diminui nas bocas confusas da vida e confunde acerca da realidade sobre esta emancipação da liberdade plena, além da consciência.

Um frio das borboletas selvagens teimosas no corpo, aflorando da barriga e contrastando uma falsa contradição quente com o frio feito aqui fora. Vapores da alma incendiária na sua exatidão e calma de um mar aberto para um transtorno bipolar temerário a palavras felicidade mesmo a buscá-la ensandecidamente no confinamento de uma gaiola com vista para o quintal. Porque a Felicidade - como o velho clichê certamente aponta – está em nós, engaiolados, como a paz.

Quem nunca confundiu a Felicidade com o frio batendo na porta? Foi lá entreabriu e não acreditou... Era o frio e pronto acabou. O frio dá medo... Fechou a porta e foi procurar fórmulas químicas sociais para lubrificar por aí. A marca na alma lateja como uma luz tão radiante e reluzente a fazer olhos e dentes cegarem partilhas intensas da imensidão liberta finalmente em nós. Chega de temer e ligar o temporizador. Deixe a luz se acender mesmo ao tatear no escuro com o coração apertado disparando... Abra a porta.