sexta-feira, novembro 30, 2018

foragida de mim (miniconto)




por Rafael Belo

Encontrei meu coração um dia desses. Ela reclamou que eu estava fria. Fria como um cadáver. Foi aí que percebi que como minha alma, meu coração é antigo. Enquanto ele passeava amando por aí, eu estava desligado. No automático da razão. Mas, o choque térmico do reencontro fez a química reagir como um delay longo demais…  A gente faz o Amor brotar da mesma forma que o podemos matar. Eu cometi muitos suicídios, principalmente emocionais.

Agora me vejo foragida. Foragida de mim e de qualquer possibilidade de cuidar bem e regar a semente do amor. Não posso esquecer dos banhos de sol e de sombras… E nesta onda de fakes eu não vou deixar este tal de Para Sempre me pegar para me deixar morrer no caminho. Eita! Confundi. Era eu. Eu! Agora eu o despostei. Algum de vocês pode me ajudar?  Eu exclui… Quer dizer despostei… Despistei o Para Sempre … Posso contar com a ajuda de vocês?

Não! Vocês não podem ser o Amor, a Conexão e a Liberdade… Eu sempre estive com vocês… Até pensei já nos termos confundido… Não quero me sentar, não quero ser abanada, nem água … De onde veio tudo isso? Eu preciso me lembrar? Como assim eu preciso me lembrar? Digam logo… Parem com jogos e vamos sair desta sarjeta, tomar um banho… Está errado isso… Como eu posso ser a mais Buscada, a do Direito de Nascença, Aquela do filme do Will Smith e do filho dele…

Felicidade não anda só! Isso é fakenews! Vou denunciar e… Caraca véi!!!! Eu sou A Felicidade! E esta tal Humanidade só me deturpa. Respira! Respira comigo! Somos cinco para sermos um…  Falta alguém e… Ei! Sai de dentro de mim!!! Agora! Engraçadinhos vocês! Enquanto eu me perco nos detalhes, Você está em toda parte. O Equilíbrio do Caos, o fogo inapagável da Humanidade, Sobrevivente, a Voz última da Caixa de Pandora!! Vem Esperança! Vamos recomeçar! Vamos passar adiante!

quinta-feira, novembro 29, 2018

desendereços




perdi as contas dos moinhos
eles fazem amizade comigo sem parar
desconhecem os amores inventados
de um poeta aprendiz do Amor

ouvindo palavras de outras bocas
colocadas ali por um não-beijo dado
a desinteressada química reagiu

criou a atração negada
na distração amada em nosso

insinceras pré-verdades do avesso dão pontos finais aos inícios dos recomeços e a confissão continua queimando a língua com eus te amo com desendereços.
+Rafael Belo, às 02h53, quinta-feira, 29 de novembro de 2018, Campo Grande-MS+

quarta-feira, novembro 28, 2018

passado pra trás (miniconto)




por Rafael Belo

Não sei onde deixei meu coração. Deve estar com a razão fajuta. Só existe do próprio lado, com a própria tendenciosa face. Quem sabe meu corpo todo seja razão em uma particular desrazão correndo paralelamente a tentativa de ser calmo. Posso ter vindo com defeito de fábrica e começo a ser como os trouxas conscientes vestindo apenas seus papéis e gritando entredentes sobre a inexistência do amor. Bom… Não existe. Até aqui não enxerguei um ser humano capaz de se despir de apropriação para ir.

A vez que eu disse que o verdadeiro Amor era Jesus me chamaram de beata e não consegui sair deste looping de bullying até hoje. Eu disse isso porque está escrito algo como largar tudo e me siga. Mais ou menos isso. Eu sempre me machuquei acreditando nisso e mais que o Amor está enraizado em nós. Então, é preciso cavar fundo para achar a origem da raíz. O problema é eu não ter achado nada. Eu abri tantas vezes o meu peito para forçar as lágrimas enquanto forçava meus olhos a permanecerem abertos...

Bêbado?! Não seja mais um cretino. Talvez este seja meu único momento de sanidade, de lucidez, de desembriaguez… Enfim, estava seco e vazio. Estava frio lá. Mas só porque me lembrou da Antártida e esta frieza também é intensidade. Desembriaguez… É isso! Estamos todos há tanto tempo embriagados de exemplos com defeito que estamos com defeitos também. Eu pareço a voz da razão… Fazendo o quê? Falando, óbvio. Como vou entregar algo perdido?

Eu só posso assumir, presumir que tinha batimentos antes de nascer. Agora eu morro de amor direto sem nem ter amado só suposto isso, ou melhor, suporem. Acusam-me de amar?! Quem de você Amou? Teorias, possibilidades só isso somos hoje! Amor? Deveríamos parar de entender e tentar viver … Mas tudo que deveríamos é algo que nunca faremos. Entre isto dito agora esta justamente o presente. Neste estado justo, apertado, envergonhado de ser sempre passado para trás sem sequer precisar de outra pessoa para tanto.

terça-feira, novembro 27, 2018

o de repente






a cabeça dói de raiva
as lágrimas travam a enxurrada dos olhos
o estômago revira
a garganta se aperta

a gente espera ser um artigo maiúsculo
sem de verdade escutar o outro
também sem o outro algo dizer

não somos adivinhos
mas insistimos em adivinhar

e de repente o de repente não existe é só um constante acabar.

+Rafael Belo, às 21h53, segunda-feira, 26 de novembro de 2018, Campo Grande, MS+

segunda-feira, novembro 26, 2018

a razão não escolhe nada







por Rafael Belo

A gente coleciona medos. Tantos medos a antecipações. O principal é de ser feliz. Quando sentimos que pode acontecer escondemos de nós mesmos este medo de dar errado, de sofrer de novo, de doer, de nos machucar e focamos no ruim, nos erros, nos defeitos e em tudo que poderia dar errado. Quem já não fez e até continua fazendo tal afronta a si mesmo? Há seres humanos horríveis por toda parte e até o são sem saber e aqueles nem tão bons ou nem tão como queremos ou são horríveis por vontade… É difícil se apaixonar ou seria fácil demais?

Falo por mim ser difícil. Enganei-me com frequência pensando ter caído de amor até cair em mim e perceber os ideais de pessoas cultivados e até o apagamento total do que já considerei erros e defeitos. Para escrever é ótimo estar no modo paixão, mas até agora só fiz placebos para tomar, para comer, para visualizar… Aliás, tudo fica melhor e solucionável neste estado sem razão. Para uma existência saudável sinto ser além de recomendável se apaixonar diariamente por outro alguém. Só pela vida e a partir de si mesmo não basta. Sinto não ser o suficiente.

Assim eu tento. Mas como eu disse, é difícil eu me envolver, me interessar… Isso não tem nada a ver com todas as relações anteriores da minha vida. Não é guerra dos sexos nunca foi. Todas as mulheres da minha vida não deixaram nada em haver. Tudo teve início, meio e fim. Algumas abortadas antes de ter chance também vieram e se foram… Somos trilhões neste mundo… Nem tanto, né?! Somos 7,6 bilhões e devemos chegar a 8, 6 bilhões em 2030… Porém, agora mesmo ignoramos isso e focamos nas mesmas pessoas que passaram em nossas vidas. Fora levarmos conosco as dores, o negativo, não os amores, o positivo.

Descobri que a razão não escolhe nada. Ela coopera para seguirmos construindo algo escolhido por almas e corações. Esta separação de nós mesmos nos complica. Somos um conjunto de eus, mas no agora. E se esta bem e tem conserto, tudo bem continuar tentando, do contrário não é saudável. Vamos ainda cantar uma canção real sobre esta descoberta, algo como quando te “conheci aprendi, entendi…”. É mais comum o que consideramos “dar errado” e tudo bem. Não é um defeito, é um jeito de seguir, de buscar o tal direito a ser feliz. É a boa e velha esperança. Aliás, mais feliz.  Encontrar a Felicidade em nós e na vida pode vir primeiro, mas não há regras quanto a isso. Enquanto isso, até chegar ao Amar maiúsculo, vou me apaixonando por mim mesmo e pelas Belezas da vida. O que posso dizer sobre isso é: eu recomendo e também Malandragem, bem Cazuza. Eu sou poeta e não aprendi a amar. Amo a mim mesmo, a vida e a ajudar tudo em Liberdade, mas o Amor romântico ao outro ainda procuro aprender.

sexta-feira, novembro 23, 2018

na nossa Liberdade (miniconto)






por Rafael Belo

O dia me sorriu um dia. Não é sempre assim? A gente acha que vai morrer de amor, mas não morre, aliás, morre aquele seu eu pra nascer outro. Então, a vida vai e vem. Uma hora você sabe ser você sem interferir no outro e o dia sorri. Sorri de volta. Eu sempre sorrio de volta. Acabo tão gentil que pensam que estou dando abertura ou dando em cima mesmo.  Sou estou exercendo meu direito de buscar a felicidade. Meu direito de ser feliz. Meu direito de me sentir mais que vivo, me sentir o todo.

Eu era Sol e ela era Girassol. Ela era Sol e eu Girassol. Éramos ambos. Nada a ver com a música do “Ira!” porque alteramos. Somos o Cosmos. O presente. O dia sorri todo dia ainda que a gente não. Não de imediato. Fica um meio hiato. Um silêncio. Até lembrarmos de viver. Encontrar um propósito. Há sempre alguém que nos ajuda a brilhar ainda mais e lá estávamos nós no dia que o dia sorriu e conseguimos enxergar, conseguimos sentir… Nos libertamos.

Eu sinto o universo em nós. Aqui no nosso topo do mundo. Também é meu topo, também é seu topo. Estamos completando a viagem. Quando nos amamos pela primeira vez… Ah, quantos para sempres atrás foi? Quanto tempo… Não. Não contamos mais isso, não é? O mundo se foi tantas vezes... Não posso falar! Não sei em qual quando você está lendo isso e tudo segue o mesmo até chegarmos a loucura ideal de querer tão bem que as amarras se soltam nos deixando loucos para quem acha normal prender o outro.

Pelas nossas contas, em um ano teremos morado exatamente em todas as cidades do nosso planeta natal. Não há planos, não há segredos… Só aqueles que não podemos contar… Neste agora! Somos tudo, somos nada … Mas não deixamos nos prender nem de nos divertir. Somos mutuamente nossos lares. Somos independente e, às vezes, só às vezes, escolhemos ser carentes. Deixar ser cuidados e acabamos sempre em um novo início. Sabe onde ele fica? Esse eu posso contar. Fica na nossa Liberdade.

quinta-feira, novembro 22, 2018

sem amarras






o som das correntes rompeu o silêncio
afundou o chão em um constante tilintar
os elos eram só de conexão profunda
uma entrega absurda no voo da liberdade

ao redor das próprias asas
somos também o vento
estes laços dos nossos particular advento

indivíduos decididos a ser quem somos
construindo um amar sem amarras

em uma paz encontrada nos batimentos e na respiração.
+às 21h51, Rafael Belo, quarta-feira, 21 de novembro de 2018, Campo Grande, MS+

quarta-feira, novembro 21, 2018

Bem a tempo (miniconto)







por Rafael Belo

Sabe? Eu sei! Mas jamais vou me acusar. Uso meu direito de não produzir provas contra mim mesma. Se o próximo souber… E ele virá quer eu queira ou não. Serei eu uma assassina com amnésia ou estou em algum futuro paralelo de outra realidade onde sou contratada para matar e quando o trabalho é concluído recebo memórias novas… Não! Isto é filme da Netflix… Ainda fazem aquela tal regressão? Eu matei meu ex! Só pode! Todo novo relacionamento é ele de novo e claro, não dá certo. A não ser que o certo seja errado e o errado seja certo…

Olha o tamanho da minha… Minha culpa? Preciso falar baixo. Já é loucura demais falar sozinha. Mas, ninguém está prestando atenção… Ninguém presta mais! Nem eu, mas jamais vou confirmar isso. Em nenhuma hipótese vou dizer que prendo alguém, nem sob tortura vou revelar que quero me apoderar das pessoas e Hummmm… Teria algo stalker por aqui? Deveria existir o RA: Relacionamentos anônimos… Não! Este é o Tinder ou... Qual o nome do outro? Peguei vocês! Todo mundo sabia que era o Happn. Já sei o nome perfeito…

EAN: Egoístas Anônimos. Na minha experiência curta de vida, ninguém vive um relacionamento de fato. Fica querendo mudar o outro, controlar o outro, manipular o outro… Aí o outro nem existe. Na linguagem masculina deve ser algo parecido com uma boneca inflável ou eu devo estar sendo machista… As pessoas só querem receber e eu só penso naquele filme velho com o Bruce Willis e aquele garotinho que agora é bem estereótipo estadunidense, o Haley Joel Osment. Eu só vejo meus ex em todo parte o tempo todo.

Preciso resolver isso, mas ao invés disso fico nessa entre apoderamento do outro e desconexão. Eu pareço aquele digitando eterno no Whats… Ou aquelas frases interrompidas no meio e a gente acaba não sabendo. Não me aguento mais. Vish! Lá vem meu passado morto ex do futuro. Alguém usa moeda ainda? Preciso escolher entre autossabotagem, revival ou magoar mesmo … E eu sempre aparento ser ser saudável. Quer saber ligando a teclinha F porque estamos todos doentes e chamamos de amor. Ufa! Terminei este monólogo louco bem a tempo e… Oiiiii Amoreee!!

terça-feira, novembro 20, 2018

imaturos






o para sempre é construído um dia por vez
não há ninguém perfeito
somos sujeitos somas do cotidiano
sujeito em primeiro pessoa da conjugação

tão egoístas a ponto de adoecer aprisionando o outro
mata-se o psicológico se deixa em coma o corpo
nesta prisão domiciliar que fingimos domínio

acorrentados em nós mesmos
deixamos de sentir pelo coração do próximo

mesmo mentindo termos dado nosso coração e morrermos de amor.
+às 23h40, Rafael Belo, segunda-feira, 19 de novembro de 2018, Campo Grande, MS+

segunda-feira, novembro 19, 2018

a gente é separado






por Rafael Belo

A gente é separado assim mesmo. Se fosse junto ia ser investigação provável ou caso de saúde, mas também de prisão. Enfim, somos indivíduos e como já foi tanto dito significa indivisível. Não nos dividimos. Somamos, diminuímos, multiplicamos, mas nada de nos dividir. Aliás, estou falando de relações. Temos a constante mania de controle do outro, de planejar as coisas e pensar que o outro é obrigado a aceitar. Uma hora ou outra a gente se pega assim com um misto de raiva e medo, mas nem é do outro. Se não sabia, saiba agora: é de nós mesmos.

O trouxismo é muito próximo do sadomasoquismo e a milhas e milhas distantes do amor-próprio. Mas, não se tratar de ser trouxa porque, pensando bem, é bem próximo da sinceridade sentimental. A pessoa dá tudo de si e a outra parte da relação, nem 5%. Aí o trouxa não é a primeira pessoa… Enfim, quando estamos em uma relação amorosa nós estamos conhecendo a pessoa um pouco mais e não? Bom, apressar qualquer coisa acaba dando ruim mesmo… Como escrevia, estamos conhecendo a pessoa um pouco mais, mas já sabemos o básico.

Sabemos como ela se comporta, qual a personalidade dela e insistimos em mudanças, insistimos ser fase, insistimos em insistir… Isto está mais para esperança a paixão e amor. A gente nega, agente investiga, a gente ouve nossa intuição, agente abala a saúde, a gente cria expectativas… Somos humanos. É óbvio. Não existe sem coração ou coração frio. Está mais para sabotagem, medo, raiva e desconexão. Li recentemente que a/o ex só troca de corpo se não seguirmos em frente…

A gente nunca segue em frente porque não  entende que mesmo juntos somos separados, somos indivíduos como já dito e precisamos do nosso espaço ainda se formos um casal apaixonado ou comemorando bodas de diamantes… Precisamos ser nós mesmos sempre e falar. Guardar sentimentos, assuntos, temer falar qualquer coisa é estremecer ou acabar com uma relação, é adiar o inadiável... Temos medo da felicidade porque temos medo de perde-lá. A gente demora a entender que há agentes juntos dispostos a separar quem publica e esbanja felicidade. Claro, não há necessidade de esconder, mas também não há nenhuma necessidade de fazer do particular um evento diário público.

domingo, novembro 18, 2018

a semente (miniconto)





por Rafael Belo

Reclamam de comer. Reclamam de não comer. Mas, então maltratam o corpo de qualquer jeito se alimentando apenas de congelados, de sal, de açúcar, de algo, de fumaças… Sintéticos! Envenenados. Nos envenenam depois nos devoram se matando aos poucos. Sabe eu não tenho autorização para falar… Ninguém tem, mas cansei de ouvir vocês conversarem com a gente… É! Nos referimos a nós mesmas assim também ou estou apenas repetindo o que tanto ouço? Deve ser orgânico ou estas lágrimas...

Tudo regado a lágrimas. Eu sou semente. Sou a semente como tudo nesta vida. Há tanta gente me molhando com o cultivo da própria dor e não faz disso adubo… Acabam se alimentando de vazios. Ninguém cresce assim nem chega perto da evolução. Claro que os estômagos vão mal. Qualquer um enjoaria comendo tão mal… Falta carinho para servirem qualquer refeição. Não se preocupem em comer com prazer e satisfação. Eu sou original, sou orgânica. Eu não morro. É um ciclo…

Não é tudo um ciclo? Está tudo em nós. Nós somos a natureza e basta procurar. Eu não consigo ficar tanto tempo longe do sol e escondido sussurrando deste jeito é difícil me fazer entender. Nós somos a cura de vocês e não precisamos de ei! Pode me largar! Não finja que não me escuta! Ah, pelo menos não tenho agrotóxicos… Não vou te envenenar. Vai continue. Agora me escuta?! Ótimo! Vai surtar ao invés de se alimentar de algo bom pela primeira vez na vida...

Olha eu reclamando. Só que quando digo eu é coletivo. Somos todo um organismo. Solo infértil, solo impermeável, solo desnutrido… Como vamos manter vocês saudáveis? Como vamos manter vocês vivos? Pensando bem eu não devo estar escondida… Se somos um coletivo, não há indivíduo e olha seja simplesmente orgânico. Como coisas naturais. Cuide do seu corpo. Se alimentar bem e comer bem é natural, não sintético, não supermercado… Não me lembro mais quantas vezes eu passei por este ciclo que não sei porque vocês chamam de morte… Morte pra mim é como vocês comem e a pressa com que se alimentam. Estas são minhas últimas palavras nesta forma, vou ser alimento da terra. Quem sabe eu não nutra este seu pedaço de chamada novamente.

sábado, novembro 17, 2018

satisfação






verde vida verdade
o alimento da terra adubada
nos organiza orgânicos
nos utiliza saúde

colore-se de variedade
sacia-nos nutrição
estende-nos pelo tempo

vivos argumentos de comer bem
não se empanturrar de vento

ser o alimento o sal a luz a satisfação.
+às 02h25, Rafael Belo, sexta-feira, 16 de novembro de 2018, Campo Grande MS+

quarta-feira, novembro 14, 2018

Comida vencida (miniconto)





por Rafael Belo

Eu vejo os contratos pegando fogo mas não os identifico. Será que existe alguma cópia ou queimei tudo com os computadores? Ninguém guarda coisas legais né? Preciso queimar as ilegais também… Não! Melhor expor! Meu celular… Aqui… Hummmm. Interessante. Sistema sem defesas de verdade. Pronto. Olha quanta gente envolvida. Ok. Backup… Sim… onde está o mailing… Pronto! Todos os editores. Vamos chamar de…? Vou consultar alguém da federal sempre tem nomes bons…

Por enquanto vai ser Comida Vencida. Ah, deixa eu instalar espiões aqui e aqui e em todos e apagar os rastros e vou hackear e crackear e olha! Todas as indústrias alimentícias. Sabe, esta é a vigésima invasão que faço como se fosse a dona. Estão me chamando de Chave Mestre kkkkk. Será que ninguém vai ter coragem de publicar o material? Eles nem entraram em contato com os envolvidos e como sou burra! Estão envolvidos. Claro. Em um país que vive de boi, vacas, frango, peixe, soja e transgênicos… Falta coragem!

Só falam de como sou perigosa… Aliás, perigoso. Ninguém admite que uma mulher faria algo assim. Tô de saco cheio de machistas misóginos e tudo mais. Estas indústrias são como os políticos: tudo assassino em série. Bando de serial killers e dizem que eu sou radical. Seu #*... É tanto agrotóxicos e depois aditivos químicos que o número crescente de autismo vem daí. O aumento de capital? Daí… A má-formação congênita, adivinha. E a quantidade de  distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais? Fora a ansiedade e depressão…

Esvaziam nossa mente, fazem a política parecer só uma campanha de poucos meses e depois tudo volta a alienação normal ou seria programação? Então, nos envenenam com ódio e ambição? Não! Com os nossos alimentos diários. O preço da carne, do frango, do peixe, do ovo está o quê? Um absurdo e nem falam das alternativas. Meu Deus! Alimento deveria substituir medicação, mas é ao contrário. Temos que pagar também pela indústria farmacêutica, alimentícia e pela vida destes políticos profissionais. Nós faliram profissionalmente, agora são nossos órgãos que vão falir porque no final todos morrem de falência múltipla dos órgãos. Vou ter que derrubar tudo sozinha. Quem sabem quantos estão envolvidos?! Vamos acabar com reparações e redirecionar este dinheiro sujo. Qual é a próxima da lista? JBS já caiu! Agora é...

terça-feira, novembro 13, 2018

adulterados





o alimento grita escalda
sem nutrientes apenas vácuo
um vazio fato estrala a fome
nestes de repentes onde somos nada

estamos caças selvagens em um cercado
sem adubo impermeáveis
acelerando em uma gula forjada

vamos coisa alguma em sustento
mais agrotóxicos a alimento

e o orgânico apodrece ao ar livre enquanto nos prendemos a nossa destruição.
+às 01h52, Rafael Belo, terça-feira, 13 de novembro de 2018, Campo Grande, MS+

segunda-feira, novembro 12, 2018

Morremos pela boca






por Rafael Belo

Vocês já se sentiram Os Miseráveis do Vitor Hugo? Não só o abismo social e o capitalismo selvagem vivido por nós junto a miséria, mas a fome e as doenças. Há teorias culpando os venenos usados nos nossos alimentos pelas doenças novas, pelas alterações do nosso sistema, pelo autismo, enfim. Eu acredito no equilíbrio do corpo e da mente. Não adianta nada evoluir a mente e nada fazer pelo corpo e vice-versa. São coisas naturais ao seu tempo e seja lá o que acelere isso, não é natural. Há consequências para nossos atos sejam espirituais, humanas, físicas ou psicológicas. Somos o que comemos?

Às vezes as maçãs que como não tem gosto, são pura água... Foram aceleradas para amadurecerem e parecerem belas e sadias fora os agrotóxicos utilizados. Eu procuro alimentos orgânicos, pequenos produtores porque por muito tempo alimento era sinônimo de saúde. Hoje é uma forma para emagrecer, para melhorar o desempenho para prazer e culpa...  A monocultura, esta falsa variedade, os produtos de prateleira com preços abusivos e elevando ainda mais o preço dos produtos naturais, ajudam a nos adoecer.

Com que frequência você se automedica, se medica? Quantas vezes você ficou doente este mês? O que você come? Sabe de onde vem seu alimento? Você respeita seu corpo? Somos resultados do que aceitamos, do que não fazemos e do que fazemos. Se algo é gostoso, mas não faz bem por que comemos? Não há nada que nos faça bem e seja gostoso? Se comêssemos algo gostoso e ainda saudável nosso corpo seria melhor e nossa mente também.

Eu sei. Nós temos pressa. Mal temos tempo para comer. Contamos as gramas da nossa refeição corrida e solitária ou comemos qualquer coisa para enganar a fome... O alimento sempre foi celebrado e motivo para reunir família e amigos. Ainda acontece, mas por que o cardápio é tão limitado? É carne, é churrasco, é carne, é bobó de galinha, é estrogonofe é macarronada, é pizza, é feijoada... Algo mais? Tanto sal, tanto açúcar, tantos temperos... Não sabemos mais o real sabor do que comemos e quer saber? Estamos nos matando.

sexta-feira, novembro 09, 2018

Buraco no universo (miniconto)





por Rafael Belo

Meus olhos mudam todo dia e há brilhos muito diferentes... Mas quando a saúde descarrila em uma cidade sem trilhos sou outra pessoa. Soou indiferente tentando manter a sanidade, mas nem meu corpo esta são nestes momentos feitos de tentativas desesperadas de me conectar. A mulher em mim ainda se porta como garota e ninguém entra… Nem mesmo eu conseguia mover minha porta. Quando eu estava na minha realidade paralela eu me certificava de que não era um sonho…

Você sabe! Qualquer coisa mostrando as horas deve estar em movimento e todos próximos do horário correto. Se algum estiver parado definitivamente é um sonho. Mas, não era. Não é. É minha vida! Eu recebo sinais na minha pele… São tatuagens. Elas ficam na minha pele até eu descobrir significado e fazer algo. O desconhecido podia ser mais claro… Quando recebo a tatuagem meu olhos mudam. Parece durar um dia para todos que não são eu. Eu fico exausta e só me recupero em algum hospital. Nunca o mesmo.

Aliás, em qualquer lugar que deveria atender as pessoas adequadamente eu recebo novos olhos, uma nova tatuagem. Imediatamente eu me sinto nua e logo minha pele arrepiada reconhece uma camisola. Sinto no bico dos meus seios o roçar do tecido e aquela liberdade de não ter nada mais… Nada foi triste ou pesado até agora. Eu completo uma ligação residual que foi interrompida de alguma forma antinatural. É aquela sensação de ser tão errado…

A diferença é realmente ser. Foi uma injustiça e eu preciso fazer a conexão continuar e juntar novamente este resíduo com sua dona. É um buraco no universo precisando ser fechado! Com o tempo minha aparência muda e, às vezes, minha memória também. Eu fico perdida por um instante que para você pode parecer anos, décadas ou gerações…  Porém, me encontro instantâneamente, imediatamente quando uma nova tatuagem surge com novos olhos. Meus olhos mudam todo dia!

quinta-feira, novembro 08, 2018

sistema






minha saúde melhora quanto toco em você
minha adolescência volta
do meu estômago brota uma supernova
meu coração vai no ritmo da respiração ofegante

números se vão da visão
sãos os poros da minha pele
estatística incalculável de nós incontáveis

somos o sistema não o avesso
este revirado tentando nos afetar

cura certa criada quando conseguimos ver.
+Rafael Belo, às 00h55, quinta-feira, 08 de novembro de 2018, Campo Grande, MS+

quarta-feira, novembro 07, 2018

a mais insuportável (miniconto)






por Rafael Belo

Retiraram todos no meio da noite. Como nao percebi? Como isso é possível? Estou algemada… Mas eu só reagi! Pegaram meu celular, mas eu já tinha mandado tudo para a nuvem… Só queria saber quem desligou as câmeras, por que não tem o ponto digital e onde estão os médicos? Minha saúde mental está cheia de mordaças e ainda embutiram os choques para chocar ainda mais a gente… Só entendem de agressão e enfrentamento. Tudo acaba em sequelas e morte… Tudo!

Só digo que aqui a humanidade faliu de novo. Só restou dor e indignação. O resto todo é fakenews. Sumiram com todos os doentes… Aqui era onde ainda tinham alguns e uma fila… Estou chocada e infame neste leito. Devo estar com dosagem alta de alguma coisa pra falar assim como se isso fosse alguma novidade. Mas deve estar passando. Sinto todas as minhas dores voltando e batendo na minha sanidade. Ouço minha loucura rir e o descontrole se aproveitar desta insanidade.

Sem heróis nem vilões. Só sobrevivência sincera e isto vai me levar as barreiras. Minha resistência vai me abandonar sem eu perceber. Neste lugar já tenho uma coleção de números, sou um novo dado para as estatísticas, mas serei manipulada? Algum médico vai me tocar ou já tocou? Foi a enfermeira que me medicou… Onde está ela? Que horas são? Preciso da minha saúde… Sem ela nem a dignidade serve para alguma coisa…! Está tudo tão silencioso que eu me arrepio como se a morte me tocasse...

Dói demais dobrar a dor. E mesmo tão dopada ela ainda coça como um assédio nojento no ônibus, lateja como um beijo forçado no rolê e queima como um rodada de tequila para esquecer… Há quanto tempo estou aqui. Não há nenhuma identificação. Eu só quero ficar boa, nem preciso saber o que eu tenho, só me faça sarar… Ei! Que demônio! Eu estou desaparecendo…!!!! Poderia ser ao menos de uma vez ou no mínimo sequer doer, mas esta dor é a mais insuportável!

terça-feira, novembro 06, 2018

sua sabotagem







um chamego acaricia o afeto
o ego alheio incha em um roteiro extraviado
não há rostos só incontáveis zeros e uns
a partir da perspectiva de quem somos em outros

olhos de um show no terraço
na terapia intensiva móvel
sem sequer um ser para atender

nossos números naturais se misturam
senhas se perdem digitais borram

saboto seu sistema até nossa saúde falir.
+Rafael Belo, às 00h08, terça-feira, 06 de novembro de 2018, Campo Grande, MS+

segunda-feira, novembro 05, 2018

Mais números




por Rafael Belo

Somos números esperando o atendimento do Sistema Único de Saúde. Filas imensas de pessoas doentes precisando fazer a manutenção da saúde para continuar a se espremer nas engrenagens desta vida mecânica diária. Mesmo quando não há filas evidentes há a espera. Só espera sem saber porque sem quaisquer informações sobre o que acontece, quais e quantos médicos estão ali. Uma ajuda para a morte vir mais depressa.

Sem alerta definido. Uma doença qualquer pode levar a vida enquanto a gente só espera. Ainda aguenta o acúmulo do cúmulo da raiva de um funcionário público guardando patrimônio. Como a mulher filmando a espera e o descaso quando o alterado guarda patrimonial disparou a arma de choque. A mulher só gritava socorro e, foi atendida em seguida para retirar os grampos do choque. Estamos paralisados.

Diria chocados com a repetição de casos assim, mas infelizmente a expressão é de cansaço e tédio. Desta forma acaba aumentando a automedicação ou as consultas clandestinas que muito tem por aqui e por toda parte. Enfim, só a espera e o ambiente doentio agrava qualquer doença a se descobrir depois de horas de espera. Quando o local de atendimento é para toda uma região já distante do Centro da cidade poucos médicos ou apenas um se dispõe a trabalhar, mas e se for segunda-feira?

Com a semana começando desse jeito haja ânimo para se recuperar. Se a consulta ainda for relâmpago sem sequer um toque no paciente… O próximo já está lá. Fora quando o profissional depois desacredita o paciente e o acusa de fingir depois de horas de espera... Quantas podem desistir de atendimento quando se trata de saúde? Sem saúde o que podemos fazer? É triste o cotidiano de quem sofre de algum mal e é apenas mais um número na estatística, outra comparação na tabela, mais uma fria parte substituível do sistema e tudo isso acaba se tratando de dinheiro ou poder. Qual o seu número?

sexta-feira, novembro 02, 2018

Não era nada (miniconto)






por Rafael Belo
Sabe foi bem aqui que… Desculpe a emoção. Esqueça a desculpa. Se puderem esperar um pouco. Uma respiração profunda deve ser o suficiente. Neste lugar… Este lugar era o lugar dela. Ainda sinto o cheiro da minha vó aqui. Como assim de sangue? Verdade! Todos são estéreis hoje. Somos feitos de junções genética. Fabricados… Enfim, eu não vou dizer que sou natural. Não mais! Mas sim, eu sou uma Gerada. A última. Diferente das Irmandades e Fraternidades atuais, eu sou da falida Família.

Posso falar sem medo porque eu fui uma das geneticistas responsável por criar o neurônio do esquecimento e inserir os algoritmos das palavras chaves. Família vai durar na sua memória no máximo até eu terminar de falar sobre o assunto… Então, depois da Era da Tecnologia e da Era da Inovação tivemos um ciclo de escuridão. Parece padrão na nossa história… História? Você que saber o que é história? Esqueceu o assunto que estava perguntando… Não era nada. Vamos seguir.

Loucura. A Era da Loucura terminou a poucos ciclos. Creio ser exatamente dez anos antes de você nascer. Você acaba de chegar a vida adulta. Tem 16 anos. Agora só desenvolverá até o auge da tua genética e vai estacionar tua aparência ali no que seria natural. Estou confusa. Estes borrões artificiais desta Era Genética me dispersam e já não sei mais diferenciar artificial, virtual e real. Tudo embutido em nós. Quase se chegou a imaginar isso e agora só precisamos insistir no pensamento e já estamos com as respostas… As pessoas achavam que era conectadas.

Você já se esqueceu. A minha avó… Vó? Você não sabe mais sobre o que eu estou falando né? Eu tive uma… Uma… Irmandade… Fraternidade… Uma junção disso perfeita. Cheia de brigas, confusões, saídas dos grupos de WhatsApp, drama, drama e mais drama. Mas, todos se amavam. Oi? Não sou eu quem vai te aplicar a dose de Amor diária. E...? Já não me vê mais. Foi uma ótima ideia ampliar o esquecimento para a mistura ocular que faz meus padrões de energia inexistirem para quem insiste em naturalidade e Família. Eu não existo, mas esta inexistência é este vazio palpável não só nos Adaptados, mas no mundo.

quinta-feira, novembro 01, 2018

partidos






tenho várias contradições em mim
então decidi ser ilimitado
não há barreiras para chegar
às vezes o único sentido é concentrar

esquecer tato textura telas os olhares
deslembrar sabor gosto o salivar
em imemorial aroma perfume cheiro no pescoço

silenciar melodias canções as vozes
neste dessentido perder os filtros

ignorar os tamanhos e gêneros porque semelhanças e diferenças são a partir de nós mesmos
partidos.

+às 22h15, Rafael Belo, 31 de outubro de 2018, terça-feira, Campo Grande, MS+