quarta-feira, janeiro 30, 2019

correnteza








o som da cachoeira some
fico parado no mesmo lugar
é tudo um acúmulo de desnome
com esquecimento familiar

este rio vivo molha meus pés
a paz e o silêncio respiram
suspirando o que interessa em um devagar interessante

um minuto com efeito escorre na pele
os defeitos no tempo alucinam

eu oscilo com a memória descendo a correnteza sem parar.
+Rafael Belo, às 00h09, 30 de janeiro de 2019, quarta-feira, Campo Grande-MS+

segunda-feira, janeiro 28, 2019

Nossos (d)efeitos no tempo







por Rafael Belo

Lembro de Nelson Rodrigues quando ele fala de beleza. Vou adaptá-lo. É preciso chegar às pessoas e dizer: “ser bonito não interessa, seja interessante”. A beleza acaba em 15 dias em uma fadiga visual. Agora pessoas interessantes se perpetuam… Mas, não estou falando aqui de beleza e sim do tempo. Perdemos o controle diante dele. Há toda uma ditadura social impondo nossos direitos e deveres diante do tempo. O tempo nos controla. Somos alienados para temer os efeitos dele. Entre parar, descansar, refletir e continuar pensamos sobre este vigia eficiente e tão presente em nós. Sim ele passa. Ele não pára. Cabe a nós entender como ele funciona individualmente. Sabe, eu estava estes dias esperando em uma das cachoeiras do Ceuzinho. Era só o barulho das folhas e daquela pequena cachoeira. Ouvi meu silêncio ali e senti minha paz.

Vendo as águas passarem preenchendo os espaços, percebi que estamos na história com nosso passado, no amanhã em mistério e tudo isso deságua no nosso agora, neste presente onde podemos aplicar nossa aprendizagem até ontem e nos preparar para revelar nosso depois. Tudo dependendo deste momento. Tocando o frescor daquele rio, realmente senti ele não ser o mesmo a cada instante acontecendo. Eu era aquele rio. Sou ele. Somos… Aqui comigo, você está ouvindo o som de alguma cachoeira na sua memória. Lembra como se sentiu? Está sentindo o mesmo agora. Sentimento é tempo. O tempo é o sentir. Esqueça o controle. Foque nas ferramentas dentro de ti para lidar consigo mesmo e assim lidar com tudo.

A maneira como nos sentimos é prisão ou liberdade. Eu sinto o tempo me libertando a cada passo dado, a cada palavra formada, a cada nota emitida como canção e em toda dança eternizada em um abraço gostoso. Este é o tempo, este é o sentimento, estes somos nós lidando, conforme nossas escolhas, com a mão estendida da vida nos tirando para dançar todos os dias, a cada instante. Por isso, individualmente 1 minuto pode nos ser eterno e dez anos um sopro, um instante. É nosso sentimento-tempo. Realmente depende de nós. Individualmente e coletivamente. Então, não se prenda dizendo eu não tenho controle sobre o meu sentimento… Aí entra o pensamento, a reflexão, o conhecimento. Um exemplo? Quantas vezes você pensou amar alguém e no primeiro deslize da pessoa seu sentimento foi de raiva? Diga-me: isso é amor? Ou, então, quantas vezes você não sentiu raiva e quando parou para pensar percebeu o mal que estava fazendo a si mesmo?

Vamos voltar a Nelson Rodrigues na vida como ela é e dedicar este último parágrafo ao interesse e ao interessante. Não é mais interessante não sentir raiva e focar o interesse em resolver a situação? Quanto tempo vamos desperdiçar com egoísmo, com desamor, com raiva, com futilidades e nos deixar transformar em pessoas manipuladas, controladas pelo desinteresse, pela ausência, pelo domínio de sentimentos que apenas nos fazem mal e contribuem para um vazio ganhando tempo e espaço nas nossas vidas? É interessante nos permitir sentir até a tristeza e a dor, mas é do nosso interesse utilizar nosso tempo como uma ferramenta para crescermos individualmente e coletivamente estendendo a mão, chamando também a vida para dançar no tempo do abraço gostoso localizado naquela cachoeira da memória.


sexta-feira, janeiro 25, 2019

Protagonista (miniconto)







por Rafael Belo
Eu era mais um viciado. Vivia vazio me preenchendo. Não enxergávamos ninguém, mas todos os corpos estavam lá, vagando, esperando... As autoridades que ainda pensavam diziam ser tudo resultado dos excessos, principalmente, de passado, presente e futuro. Só desconfiávamos estarmos loucos de fato. Afinal, como não enxergar o outro? Nada fazia sentido. Parecíamos todos maiores abandonados como de um músico de uma era distante: Cazuza.

Batíamos uns nos outros, mas não nos ouvíamos, não nos sentíamos, não sabíamos conversar mais... Uma onda silenciosa de suicídios estava acontecendo. A imprensa chamou de Despropósitos. Quando as pessoas perdiam seus propósitos e repetiam seus apegos materiais caminhando sobre um abismo onde ainda não era possível ver o fundo, mas havia um fundo.

Tínhamos o orgulho da teoria e a pobreza da prática. Mas quando nosso espirito nos fugia... Morríamos. O suicídio era só protocolo. Um viciado até admite ser viciado, mas não o seu vício. Eu era viciado em sentimentos. Precisava sentir e, talvez, talvez, só talvez... Neste momento, eu conseguia enxergar um outro alguém e até eu mesmo. Mas, logo acabava. A carne não era suficiente...

Nada era. Precisava desta satisfação imediata... Não fazia sentido... Eu não sentia e me desesperava e me jogava para o vislumbre seguinte. Você me entende? Não vai falar nada? Eu estou sozinho, realmente. Agora me vejo o protagonista de um filme também de outros tempos: O Sexto Sentido. Agora eu vejo pessoas mortas o tempo todo e preciso aceitar a necessidade de fazer o possível para trazê-las de volta à vida.

quarta-feira, janeiro 23, 2019

talhado







fritados pelo dia insano
somos o próprio calor no mormaço
queimados pela carne em um cheiro vencido
apodrecidos com'alma trocada pela matéria

formados por despropósitos dos desesperos
estilhaços de um espelho sem reflexos
feridas abertas misturando dores

sem saber sabores desgarrados do dia
nossas línguas insensíveis param

talham na escuridão um luminoso pedido de socorro.

+Rafael Belo, às 23h34, terça-feira, 22 de janeiro de 2019, Campo Grande – MS+

segunda-feira, janeiro 21, 2019

Despropósitos







por Rafael Belo
O vazio cresce sem controle. Vejo tanta falta de objetivos reais. Pessoas enraivecidas no trânsito, mortes por nada e ainda nos escondemos atrás do fútil, do banal em todo tipo de coisas minúsculas e materiais que acabam. Não valorizamos o outro, desperdiçamos nosso tempo... Poderíamos nos unir e fazer tanto por tantos, mas não. Vivemos digitando, registrando, distantes e usamos o espiritual como barganha para algo que queremos. Estamos tão pequenos que já não é uma questão de cegueira, realmente não podemos ver mais. Não somos visíveis à olho nu. Somos um acúmulo de despropósitos nos levando a todo tipo de doenças e distúrbios mentais. Somos ansiosos, depressivos e imediatistas.

Nossos propósitos são carnais, são de pele, são de sensações, fogem ao chegar ao fim porque focamos em algo que perpetua nossa insatisfação. Queremos mais e mais em uma gula material orgulhosa, avarenta, preguiçosa, raivosa, invejosa e com todo tipo de luxúria. Ou seja, passamos do ponto ou desistimos antes de chegar nele. Espiritualmente falando nem se sabe mais se temos medo do inferno ou de simplesmente de não ir para o céu. Seja na versão católica, protestante, islâmica, budista, umbanda ou a crença que cada pessoa possui no que lhe é mais aceitável. Porém, se olharmos bem transformamos em um comércio, um mercado de troca de favores... Quando o cerne de todas é não julgar, não dar às costas... é o Amor.

Este Estado de evolução ainda não alcançamos porque queremos as pessoas para nós, queremos retribuição, reciprocidade, não aceitamos simplesmente que o outro esteja bem, feliz, alcançando as conquistas sem nós. Temos este amor minúsculo que é facilmente chamado de sentimento de posse. Nos falta gentileza e paciência. Nos sobram desculpas porque nos transformamos em raspas, restos, migalhas, em mentiras sinceras de interesses. Este engano constante ao qual nos sujeitamos diariamente acaba explodindo. Somos pessoas-bombas porque nossa alma nos escapa. Vivemos tratando o corpo, destratando o coração e nem percebemos para onde está indo nossa alma.

Desalmados, somos frágeis em uma falsa carcaça forte e determinada. Ficamos agressivos, violentos, nosso psicológico chora ao anoitecer, no debandar das pessoas, quando no momento de desespero só temos nós mesmos e apelamos ao que possa estar nos ouvindo. Nesta nossa hipocrisia acabamos nos agarrando a defesa de uma causa, uma entidade ou uma pessoa e colocamos à nossa frente cegamente sem questionar arrumamos justificativas, justificando os fins pelos meios e maquiando isso de um propósito. Quando aceitamos que este propósito é um despropósito e acaba, voltamos a nos perder e procurar outro despropósito parecido. Não enxergamos o todo, não vemos os detalhes, não ouvimos nossa intuição e nos agarramos a um algo qualquer capaz de nos trazer satisfação imediata.

Então, estamos desgarrados, sem um propósito sequer... Esta é nossa tristeza, nossa crise existencial porque sem propósito questionamos a nossa própria existência. Eu acredito sermos bem mais. Eu acredito termos propósitos espirituais. Eu acredito sermos seres espirituais em uma experiência carnal e enquanto esta frase forte, de impacto, não for ação continua a ser hipocrisia.

sexta-feira, janeiro 18, 2019

Não espalhe (miniconto)






por Rafael Belo

Só havia nada. Até nós, cegos, enxergarmos. A verdade é que não éramos cegos. Só estávamos no ponto mais escuro deste planeta desabitado. Dizem ser a Terra ou teria sido ou será. Sabe, o tempo não é mais o mesmo. Tudo foi dividido por aquela substância divina profanada. Pensávamos ter sido a morte de todos. Nós, mortos, acreditávamos sermos realmente mortes e tudo isso uma punição severa pela nossa incapacidade adotada de evitar fazer algo pelo outro.

Era só escuridão. Uma ausência insana de luz. Não tinha nada nem com purgatório ou inferno. Era só preciso acender a luz. Mas o inferno nunca foi o outro, sempre fomos nós… Tínhamos que desenvolver o sentido profético, o sentido premonitório, o sentido da antecipação… Não podíamos sequer tatear para saber as distâncias ou para imaginar as aparências. Elas sempre enganaram, mas agora é totalmente diferente. Não existe status ou formas de exposição…

É escolha e omissão. Há várias formas de estar morto sem deixar de existir em um corpo de pele, carne, ossos, órgãos costurados friamente com possibilidades. Pensamentos e sentimentos escapam exatamente agora... Se você parar é capaz de escutar, de sentir, mas ninguém quer parar. É ou um atropelo louco ou uma leseira, uma lentidão paranóica… Sabe, não podemos nem abraçar ou beijar. Mesmo não havendo público ou privado as coisas não são no 8 ou 80!

Elas enguiçam. Elas quebram! São substituídas!  A exceção virou regra sem sequer saber. O motivo desapegou e foi embora. Eu, agora, quando vejo um facho de luz, um raio escapando de algum lugar onde me prendo, eu me escondo. Eu prendo a respiração. Não mexo um músculo… Se eu admitir enxergar mesmo no escuro aí sim serei dividida. Meu ego, meu orgulho, meu barulho, grita tão alto que não admito ter errado e sigo errando. Venho sozinha aqui com medo de ficar realmente cega com tanta luz, mas ainda não tive coragem de dividir com ninguém. Nosso ditado diz que se só uma pessoa viu, não é real. Não espalhe.

quarta-feira, janeiro 16, 2019

desnecessária






Foi no meio a divisão
depois de novo e de novo
milhares de mim se espalharam
dividindo a mesma sensação sem sentido

assim sem motivo a esperança voa
bagunça toda a fortaleza virtual
enquanto a indiferença procura se esconder

na casualidade do caos emotivo
ser afetivo é um conflito interminável

em público no privado de forma doutrinária em uma adulterada ordem desnecessária.
+às 01h06, Rafael Belo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2019, Campo Grande - MS+

segunda-feira, janeiro 14, 2019

Nossas divisões






(por Rafael Belo)

Minha vida é feita de experiências. A de todos de fato... Mas minha ciência é o comportamento humano diante das adaptações e das reações quanto a despadronização. Há pouco de verdade por aí. É muito da boca para fora. Na prática já não cabe ninguém na Caixa. Eu chamaria esta Caixa, de Caixa do Absurdo ou até da Hipocrisia. Caixa da Hipocrisia... Não se baseia mais ações com relação ao sentimento do outro. Há um “quê” de como me sinto sobressalente por aqui aplicando a mesma maldita dieta do emagrecimento para todos os seres geneticamente diferentes. Só pode terminar mal.

Viver encaixotado é um ciclo venenoso deixando o raso dominar e sempre dividir o mundo em dois. Este Efeito Manada impulsionado pelo Efeito Dominó ignorando totalmente o Efeito Borboleta é morte cérebrosentimental diária. Talvez todos nós estejamos em um coma induzido prestes a finalizar o teste de inutilidade social. Somos inaptos a convivência humana. Exageramos no afeto e na ausência dele... Exageramos na solidão e multidão que achamos querer em nossas vidas... Exageramos na defesa e também no ataque... No fim de todos os dias temos mais dúvidas.

Nossas dúvidas e divisões são segregações pessoais nos enterrando, principalmente, quando estamos sós à noite. Tantas regras, tantas imposições, tanto controle… Sem nos trazer nenhum benefício, pelo contrário, não estamos experimentando. Estamos nos afastando e nossas conexões são sexo ruim, beber até esquecer e tentar se moldar a algo. É no mínimo um fracasso constante dentro de um colapso de conflitos já colidindo nas mentes inseguras que não se sabe porquê gostamos de cultivar.

O processo de desencaixotar é tão particular que, obviamente, não é igual para ninguém. Fórmulas não existem. Rapidez não existe. E mesmo quando saímos da caixa esquecemos de sair dela. Seguimos sendo nossos próprios vilões e dividindo tantas possibilidades em duas apenas. No primeiro erro novo regredimos e vamos patinando neste lugar seguro sem ter segurança total só temos a infinita imaturidade como leal companheira e ficamos nos enganando dizendo estar tudo bem quando está só é mais uma Caixa para entrar.

sexta-feira, janeiro 11, 2019

A semana perdida - o ano do surto (miniconto)




por Rafael Belo

Que dia é hoje? Dia 11 de janeiro… Não, não, não, não, não, não... Não pode ser! Hoje deveria ser dia 4 de janeiro. Eu perdi uma semana. Que pegadinha tenebrosa gente. Todos se olharam naquele instante. Eles se perguntavam se havia sido da mesma maneira com eles, mas como não era pessoas comuns nada disseram. Levantaram-se e apenas se aproximaram dela tentando manter uma expressão neutra no rosto. Sem preocupação sem susto sem ignorância sem desprezo nem atenção demais…

-Incluída na lista, meu bem! Sabe bebê, você não é a única perdida neste mundo. Antes que pergunte todos aqui são seus amigos ou familiares e juntos…

-Calada! Sua louca! Deixa ela em paz. Não bombardeie ela com este Cavalo de Tróia corrompido que é você, Zzaila. A Azuma esta bem, não está?

-Espero que sim, irmã. A Zzaila ainda é minha melhor amiga e a qualidade dela que eu mais gosto é ela ser direta e sincericida. Mas, este não é seu forte Laiala. Onde estão nossos pais e… Ei!! Estamos em 2020? Como isso é possível?


Foi aí que Azuma descobriu que todos tinham perdido uma semana diferente da vida e todos eram próximos dela. Seria um vírus? Somando  todos, ela totalizou um ano… Todos seus amigos e familiares juntos totalizaram um ano. Ela chamou aquilo de o ano do surto. O que a incomodava era a quantidade de elogios vinda de seus queridos e a quantidade de perguntas pessoais… No entanto, ela já tinha se acostumado a dar sorrisos amarelos e mudar de assunto. Era especialista. Incomodada mesmo estava com O surto.

- Somos 48, começou Azuma com sua voz de liderança audível e potente, acolhedora e afrontosa, mas principalmente penetrante. Por algum motivo todos aqui estão ligados a mim. São 24 amigos e 24 familiares… Aqui está todo o meu sangue e coração. Onde estão todos os outros? Podemos confiar em alguém fora deste… Lugar. Aliás, onde estamos? Por quê perdemos uma semana e é como se juntos tivéssemos apagado todo o resto ? Foi um ano perdido? O que fizemos? Somos causa ou consequência?

Depois disso, todos ali se perderam de novo.

quarta-feira, janeiro 09, 2019

o esquecimento





estou distraído com minha distração
a janela olha através de mim
não há meios de me enxergar
só muito mais do que os olhos podem ver

até distraindo me perco
perder-me é um vácuo
neste espaço sem som

no teste do isolamento há insolação
é possível pegar sol de qualquer lugar

porque a ausência de luz não é escuridão
é esquecimento.
+Rafael Belo, às 12h50, domingo, 06 de janeiro de 2019+

segunda-feira, janeiro 07, 2019

Apocalipse das relações humanas





por Rafael Belo

O que vem me incomodando desde o ano passado é minha distração. Minha não, nada me pertence. Parece uma desassociação. Um vírus de computador me distraindo no momento que decido fazer algo, começo a fazer outras coisas naquele lugar que fui para fazer só o algo decidido e volto sem fazer nada. Meu cérebro está tão vasto que me sinto perdido de repente. Dissociado em uma dissolução insolúvel na água cristalina, vou colecionando abandonos feito por mim mesmo.

Mas nenhum problema vem sem solução. Ando me experimentando. Desconecto de tudo e de todos. Ainda mais os que me são caros e importantes. O resultado é uma desmemória, um dessentimento. Diria até, uma desolação. Não me pertence. Imagino e sinto com empatia isto ser o sentimento ou a ausência deles nos desesperançados. Nos apegos pela depressão também. É algo sombrio ignorado, afastado mediocremente na superfície deste amontoado de poeira que nos tornamos.

Adoradores de políticos e das coisas estamos esquecidos de que somos feitos. Buscamos um sucesso material, levantamos diariamente arrastados para melhorar por algo, por alguém, por dinheiro, matamos nossos sonhos ao invés de matarmos os dragões. Matamos Sancho Pança e Dom Quixote há muito tempo... Não vejo sentido ou objetivos no que ando vendo por aí. Só vejo ódio, desculpas e mais do mesmo. O mundo ainda é aquele da Idade das Trevas onde a inveja e o medo imperavam e nos matavam brutalmente.

Avançamos em tudo material, mas regredimos espiritual e humanamente. Esta é a maior distração do mundo, além de pensar que somos felizes sozinhos. O plural do mundo é o singular de cada pessoa e há uma Guerra Fria de mundos distorcidos e vazios colidindo com nossas possibilidades de ser. Estamos agora tecendo nosso inferno de silêncios e pedras. Escolhemos sermos pedras ao invés de caminhos e estamos nos atirando com toda força para o nada, para um apocalipse das relações humanas.