quarta-feira, março 27, 2013

Adiantar


Adiantar

Vento frio no fim da tarde quente
emaranhada na noite chegando na cerca
amparada pelos anteolhos, nos olhos indigentes
ausentes acerca... Dos acumuladores de perdas

ao olhar em frente na esperança do senso voltar
sem se confundir na pressa do caminho, na pressa no passo
no protesto falso, de no espelho perder o olhar

e de quê adianta o vento soprar quente se só escurece para disfarçar?

se quem estava aqui, lá fica até a tarde dizer ser manhã
no amanhã de novo pasto verde- manhoso, vendo seu reflexo jocoso, seguir o mesmo tiquetaquear.

(Rafael Belo, às 00h42, terça-feira, 27 de março de 2013).

segunda-feira, março 25, 2013

Acumuladores, exibicionista e nossos espelhos


Acumuladores, exibicionista e nossos espelhos
por Rafael Belo

Você já ignorou demais o quanto acumula objetos, sentimentos e pensamentos? Já percebeu a quantidade de carência ao seu redor o tempo todo e tudo isso espelhado de você? Independente das respostas o foco é o quanto somos acumuladores, o quanto nos exibimos, vestimos a arrogância, falamos dos nossos feitos e desejos e deixamos acumulado um rastro real e virtual confuso e misturado a tal ponto de nossos espelhos refletirem o reflexo errado.

Acumulamos lembranças desnecessárias e esquecemos o motivo de tê-las guardadas. Acumulamos os sentimentos reais (ou inventados), os alimentamos - mesmo quando a origem morreu, mudou ou nem importa mais – e achamos que no fim acabou. Acumulamos reclamações e esquecemos-nos de agradecer. Acumulamos tantas bobagens e vazios a ponto de ficarmos cheios de coisa nenhuma. O acúmulo nos enche e nosso senso de orientação se perde em frente às placas de sinalizações.

Mas os vazios são falsos porque os acumulamos e eles vieram de algum lugar aonde os fizemos palpáveis. Há muito na mente, no corpo, na alma e no coração. Este muito, na maioria das vezes, não nos serve como deveria porque quando o guardamos não soubemos ver direito, enxergar com precisão e ouvir o máximo. Mesmo assim, exibimos a perfeição e sabedoria de ser quem somos.

Quando olhamos no espelho a preocupação é quanto tempo passou. Rugas, marcas de expressão, caimento das roupas e a estética geral dos lamentos. Não olhamos nos nossos próprios olhos para ver se quem somos é o mesmo ser exibicionista do dia a dia. Qual é o reflexo que acumulamos e exibimos por aí se no fundo – a maioria de nós - queremos saber a opinião dos outros e suas aceitações?

quarta-feira, março 20, 2013

Entre o olhar e a janela


Entre o olhar e
a janela


Clareou chuva no ritmo batente do chão
cadente da hipnose do vão da mente do raiou
encoberto por outro dia que nublou carente
da malevolente fibra maliciosa da dissimulação

sem cor, sem definição de mau ou bom
apenas uma ação perdida de atenção
na líquida base da direção
aonde pressiona o batente móvel sempre nos cantos

onde é imóvel o chovendo na lembrança
marcada na distância entre o olhar e a janela.


(Às 9h57,  Rafael Belo, 20 de março de 2013, quarta-feira)

segunda-feira, março 18, 2013

Procura-se 1,4 kg e nosso blábláblá

Procura-se 1,4 kg e nosso blábláblá
por Rafael Belo
Nunca antes na história deste país...? Não... Melhor começar com: Nunca antes na história mundial tanto um cisco foi Francisco. É claro que a nova vossa Santidade merece todo o respeito e atenção, mas esta abordagem inicial é para focar os extremos. Estamos extremistas e as redes sociais cada vez mais ajudam a acentuar o fato. Não pelos assuntos em si – pelo menos não sempre – e sim pelo esgotamento e esvaziamento destes. E, claro, a doutrina falo o que quero edito-ignoro-bloqueio-excluo o que não me convém. As opiniões são realmente intoleradas então, temos mais um adjetivo a acrescentar, intolerantes. Extremistas intolerantes.

Andamos comendo muita porcaria, quer dizer, acreditando-confiando-aceitando quaisquer bobagens mancas ditas na televisão e, pior,, quaisquer coisas coxas jogadas no ventilador da internet. Aliás, falamos do maxi eufemismo tolerância...? Devemos ser tolerantes "por isso, por aquilo", como se tolerar fosse algum paliativo quântico e aniquilasse os sentimentos reais e pensamentos sinceros nublados da boca para dentro. A bem da sanidade devemos é respeitar o outro não por “tolerância, porque não temos nada a ver com as escolhas deste. Não existe outra alma igual a sua ou, se seu sincretismo é outro, não há alguém que pense exatamente – está escrito e-xa-ta-men-te – igual a você. Nós cedemos de boa vontade pela convivência.

Somente cada um de nós e nossa fé (que pode ser em algo além de nossa compreensão ou no próximo passo vitorioso ou ambos) respondemos por nossos atos. Não somos obrigados a nada (que não seja contra lei), mas insistimos em mostrar nossa pior face na sequência e socar até a irracionalidade ser gritante e o evitável ser inevitável – não preferencialmente nesta ordem – e para quê? Para mostrar ao efêmero mundo, e mais efêmero ainda mundo virtual, o quanto somos poderosos, inteligentes, na moda e esteticamente ideais para procriar? – não, né?! - simplesmente copular, oscular, seguir cegamente o mais popular ou qualquer uma das opções não relacionadas....

Temos um cérebro que pesa em média 1,4 kg e comanda o corpo todo, muitos sentimentos, milhares de subsentimentos e milhões de opiniões e ainda assim conseguimos embutir um não “consigo mais”, “não aguento mais”, “nem quero ouvir” e um milenar “é assim e pronto” ou o popular “ãhã, tá bom”... Mas, então - depois - reclamamos de tudo isso e muito mais, afinal somos seres humanos e blábláblá. É uma "ótima" nos desculparmos pelos nossos erros e os dos nossos próximos ou até daqueles bem distantes, mas dos quais queremos nos sentir quase irmãos ou “declarados” fanáticos seguidores, aliás, minimizá-los com o jargão mais clássico “somos 'simples' humanos”. Se é o caso, é hora de ligarmos o botão da nossa Humanidade ou sair em busca – pelo menos da pergunta – onde está nossa humanidade?!

quarta-feira, março 13, 2013

Na mesma Vida

Na mesma Vida


Sou todo alma e meus sentidos estão à flor da pele
aflorados pela encarnação do meu coração ser você
a incessante Luz do eterno Alvorecer,
onde o sentido do Crepúsculo é a sombra que a luz adere
pela derme incandescente do minúsculo sol sempre em nós a nascer

desatado de qualquer vínculo feito com um anoitecer cessante,
pois é necessária a noite entre os dias para as horas serem sentidas
como solas adormecidas pelos caminhos descalços hesitantes
no sopro de nuvens a nos soprar - separados e misturados - na mesma vida.


09h15, Rafael Belo, 13 de março de 2013, quarta-feira.