segunda-feira, outubro 29, 2018

Sobre nossa carência





por Rafael Belo
Parece um constante déjà vu voltar para casa. Não falo de lugar. De tijolos, pedras, cimento. Falo de sentimentos e conexões. Você chega e sabe como a família de sangue ou escolhida vai ser comportar com tua presença. Você conhece aquelas pessoas, sabe do comportamento delas e você as ama. Provavelmente, o amor mais natural e espontâneo. Realmente é incondicional porque você discorda de muitas coisas ou de tudo. Você briga, fala, emburra, mas no fim - quando chega mesmo - vocês sorriem juntos e começam a lembrar.

Lembram de momentos e riem. Passam constrangimentos e você se renova com este passado vivo que te ama. Com este vínculo incondicional latente com a gente. Faz parte das nossas origens. Há uma pureza fenomenal e cativante nisso. Outros vínculos feitos a partir daí estão lá te acompanhando sem interferir, mas torcendo por ti. Fazem parte de você de alguma forma ou de várias formas. O sentimento deste círculo criado traz até paz. Nós somos mais do que imaginamos.

Podemos mais que os limites que impomos. E não, não estamos sós. Esta energia feita de seres humanos nos renova. É a prova que podemos mais. Sinto-me assim ao visitar minha família de sangue, minha família de laços e da vida. Aqueles que amo e os que estou aprendendo a amar. Há muitas raridades na minha vida e eu não quero guardar nada a não ser memórias, histórias e estas energias. Estamos livres por nos encontrar, por acreditar uns nos outros.

As tormentas, os tormentos estão inevitavelmente no caminho e podemos transformá-los para seguirmos mais fortes. Não sei quando vamos entender que a Humanidade é um reflexo da nossa família. Ela tem semelhanças físicas ou comportamentais e é diferente já a partir dali, do berço. A convivência e a bagagem que carregamos desde esse núcleo inicial tem esta base. Não deveria ensinar tolerância muito menos intolerância, mas este diferente existente para somar porque não importa quantas diferenças a gente tenha somos carentes de afeto e aceitação.

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