quarta-feira, julho 13, 2011

Afogar, congelar e pegar fogo

* O que nos separa do céu e do sol renascido diariamente é o teto que colocamos acima das nossas cabeças - captei neste Dia Mundial do Rock (13 de Julho)

 Por Rafael Belo

Caminhando entre uma multidão há um parente de todos e de ninguém. Muitos acham não o conhecer outros já o viram, mas não se recordam. Ele provoca reações diversas nas pessoas, mas apenas quem segura sua mão sabe seus sentimentos e pensamentos. Em poucos instantes, alguém evitará uma catástrofe com o custo de uma revelação que será posta à prova. Cobiçando a namorada do Desconhecido Conhecido (Desco), um raivoso ser repousa a mão sobre uma pistola 9 mm. Ao mesmo tempo, Desco o analisa instintivamente. O futuro não-atirador estremece.

Uma mão coloca os pensamentos conturbados do raivoso em calmaria. Você não sabe o que fará? Diz a voz dona da mão.  Caso o faça, não sobrará ninguém de tua linhagem para contar qualquer história...  Aquele é parente direto de Deus e Lúcifer. Ele é a Razão e o Divino. Não é bem nem mal. Este não é o momento de misturar Reação em Cadeia com Efeito Dominó... Suas ações podem desencadear várias iras adormecidas em faces forçadas infernais mesmo celestes...

Profecias são belas histórias, mas Desco Luceus faz sempre diferente. Por isso, mesmo assim uma bala silenciosa atravessa o ar e Desco a acompanha desde o início sua trajetória. Não veio do não-atirador observado, veio de outro – que ele tem certeza (paranoicamente) – também deseja sua namorada. Ninguém percebe o projétil se projetando em direção ao improvável alvo. Habilmente Luceus se revela ágil e em frações de milésimos captura o derradeiro disparo em um caixa blindada. Ele grita o próprio nome e todos se reconhecem naquela face estranha. A fortaleza mental de Luceus é destruída, ele pensava ser perfeito por ser filho do Tempo. Mas, o viscoso líquido vermelho escorrendo em sua face despedaçou sua insensibilidade.

Um segundo disparo havia atingido sua amada. Seus sentimentos perdidos jorraram como uma erupção catastrófica na maior geleira do mundo. Primeiro o desespero desconhecido tomou conta, depois uma raiva sobrenatural emanou por toda parte. Foi como se o sol fosse atraído pela Terra e todo o gelo do mundo derretesse ao mesmo tempo. Cada coisa sentida se solidificava se tornava física e era hiperespelhado em cada indivíduo. Era se afogar, congelar e pegar fogo se revezando na morte aguda e lentamente crônica dos corações inchando e derradeiramente Amando um fim. Alguém pode nos ajudar? Ocupar nosso cérebro?

Ao fundo toca Paranoid:
Finished with my woman 'cause she couldn't help me with my mind
People think I'm insane because I am frowning all the time
All day long I think of things but nothing seems to satisfy
Think I'll lose my mind if I don't find something to pacify
Can you help me? Occupy my brain?
Oh yeah
Veja Ozzy e Paranoid...

2 comentários:

Dora Casado disse...

Belo texto, Rafael. Meio que... místico?? Sentimentos fortes nas entrelinhas...
Bom, obrigada pelas boas vindas ao meu Dan...rs E sim, amamentar é muito importante, mas pode se tornar difícil no início, então, sobretudo, exige perseverança.
Um cheiro grande, Rafael.

Deise Anne disse...

Tem um pouco de conto policial e de conto de terror no seu texto. E ele termina bem na hora que fica mais instigante. Rafa além-poeta, contista. Beijos