quinta-feira, julho 21, 2011

Ainda é nossa estação

*(As flores nascem nos locais mais inusitados para no meio do fluxo do congestionamento serem contempladas como um momento de paz... Captei na Av. Tamandaré)

Por Rafael Belo

Ainda neste momento o que mais me impressiona nas pessoas negativamente é a falta de paciência. Por que afinal, o quê é instantâneo hoje a não ser comidas industrializadas e mensagens? Viver na correria já é demasiado estressante e causador de insônia, consequentemente a memória se vai também. Se aliar a não saber esperar nada temos de concreto. A velocidade da internet e a tecnologia do celular auxiliaram nossa condição de imediatistas. Agimos para no término da ação já termos resultados. Não paramos sequer para pensar o quanto é absurdo plantar agora e no minuto seguinte ter uma jovem adulta árvore carregada de bons frutos.

Bons frutos, aliás, precisam de cultivo prolongadamente bem cuidado desde a escolha da semente. É preciso trabalho árduo bem suado para perdurar um bom fruto que seja. Como ter um jardim cuidado e um sorriso sincero sem ter paciência? Se vivemos no imediatismo, vivemos na insatisfação. Vivemos com fome de atenção e a carência do medo nos assombra. Medo de envelhecer, de morrer, de sair às ruas, de perder, de terminar, de começar, de responsabilidade, da falta dela, do próprio medo... Se não tivermos medo parece faltar o sentimento de conquista e nada é suficiente. Se não viemos ao mundo com o dom da paciência, praticá-la fará de tudo melhor.

Meus medos me olham pacientemente nos olhos e se vêem ainda em algum lugar. Ainda bem que estão aqui para me encararem e eu os encarar de volta. Ninguém elimina ninguém. Somos necessários uns aos outros de certa forma. Sem medo não haveria as superações com aquele eterno ‘pontinho’ de frio na barriga e o encorajamento – apesar do gelar dos ossos – para seguirmos conquistando o necessário. Não vejo graça de percorrer um caminho só de flores e brisa. Se não vermos as pedras, as sentirmos sob os pés como saberemos evitá-las ao plantarmos? Se não nos ferirmos nos espinhos como saberemos reconhece-los? Se não vermos desistentes ao nosso redor como nos encorajar e encorajá-los?

Perdemos nosso tempo e espaço para nossas vontades infantis e ambições alheias. Mas, nenhum tempo foi perdido... Procuramos-nos nas horas impacientemente e às vezes somos ultrapassados pelo nosso imediatismo, apenas para não reconhecermos nossa própria nuca. Por isso, me assombra as pessoas faltarem em paciência. Sem ela não é possível admirar a paisagem ao redor e ver as flores tentando nos envolver com seu aroma natural enquanto ainda é sua estação.

3 comentários:

Tathiane Panziera disse...

Hum... prometo que vou tentar não ser imediatista! Prometo que vou prestar atenção devida ao aroma e as belezas das flores...

Anônimo disse...

Realmente nesse mundo atual, paciência é um estado de espírito, praticamente inatingível!!!!!

KREMILK disse...

Realmente nesse mundo atual, paciência é um estado de espírito, praticamente inatingível!!!!!