quinta-feira, setembro 30, 2010

'Cordas iluminadas'

*(8 os raios solares nos mexem como fantoches de neve derretendo no novo caminho verde e pedras talhadas... - caminho para fora em casa, captei por estes dias).




Um grito da multidão e a razão se vai
se esvai como se nunca a tivesse sido
dói nos ouvidos antes dos gritos serem físicos e doerem no corpo

dor da mente tão danada por ser desorganizada em esquizofrenia do povo
o rei está morto e seus espólios viraram acessórios na pilhagem do todo
na anarquia do nada inveterada na onda de vazios assolados pelo abandono

Gritos na multidão e os donos se vão
se espalham feitos chuvas dormidas
nas esquinas de nenhum lugar consumido pelos quilos de falas de anulação

há certa hesitação [o rei sou eu ou não?] neste autismo optado pelo medo
com o segredo de fingir burrice enquanto o burro não se ofende com a gente
sussurros de sombras deslocadas confundido tudo e nada nas cordas da manipulação.


Às 14h34, Rafael Belo (30 de setembro, 2010) .

terça-feira, setembro 28, 2010

Bolhas celestes

*(8 quando a imagem a tua frente és tu, capte mesmo sem querer - reflexo em várias parte e deformações) 

 Chove sabão e ventos nos tormentos do mundo
chovem lágrimas condoídas de tantos caminhos sujos
encontram-se raios caros aos mais volúveis
enquanto rostos secam embaixo de chuva
quente, abafada, tresloucada pela fúria das ruas

Sobem sons caídos no chão, sobem tons e depois
transformam-se em uma tênue linha de mesmice
caduquice, da tentativa calma de atacar a fúria encurralada
naquela varrida da poeira ensanguentada para baixo do tapete

os braços se abrem para os céus do livre-arbítrio dos joguetes
o céu não está lá sob as vistas, está subentendido abaixo dos olhos
tristes, enlagrimados pelo sem rumo bem aberto, porém, sem lágrimas por perto.

Às 10h39 (Rafael Belo) 28 de setembro de 2010.

quinta-feira, setembro 23, 2010

República falida da falácia ‘gananciada’

(trabalhamos pelo trabalho, dormimos pela necessidade... tirei na Stock Car)

Por Rafael Belo

Queimando as mulheres pelo Conhecimento e independência que tinham. Coibindo e negando Conhecimento pela apropriação assim era nas antiguidades, assim era a Igreja, assim era a Inquisição, mas conjugando corretamente assim é. Assim são as coisas. O domínio do saber público se torna privado por interesses, pelo poder, pelo maldito papel moeda de circulação tão ‘gananciado’ (reverenciado e queridamente desejado) pelo corruptível ser humano. A manipulação pelos príncipes maquiavélicos fajutos faz parecer anti-heróis tantos seres da falida política aos moldes greco-romanos.

Fato é: para ser tragédia grega é preciso de uma mudança no fim ou uma morte heróica, passando pelo meio o reconhecimento...! Mártires chegaram ao fim também. São lavados secretamente entre palavras verbais pré-existentes lá no início dos mitos da criação da civilização, transmutados, recortados, ‘manipulados’ para o efeito desejado, para uma missão implantada. Há sim uma Força Maior, mas quantos de nós realmente A seguimos?! Esta é a tragédia. Nossa vida vinha a respirar como peripécia, depois nosso reconhecimento quanto ‘atores’ do/no mundo e no fim nossa morte nada trágica porque qual foi a mudança proporcionada por nós? Qual será? Mais conivência em um mundo pessimista?!

Podres de gestões em época eleitoral já putrefatos há tempos ‘surgem’ como novidade e salvação para a cultura cristã propagada do pudor, da ética, da moral, dos mandamentos - não seguidos -... Nossa submissão ao ‘não é nosso problema’ é tão de joelhos quanto nossos olhos, boca e ouvidos fechados. A coletiva cegueira de sentidos mostra o quanto estamos falidos, o quanto estamos fadados a canina morte por botinas pisadas nas nossas caras. A diferença é a beca que agora é sorridente feito o “Advogado do Diabo” e ao invés de botas calça um ‘belo’ sapato de marca.

Mas, se fazemos nosso destino - contrariando nossas crenças religiosas – é falácia falar em falência, confesso. Acomodação cai melhor. Algo como ‘não mexe no meu e eu não mexo no seu’. Nossa adoração a celebridades, a pastores de duvidosa retórica e a populares imagens mitografadas (que tornamos mitos, gravamos as imagens e as propagamos) é um afronta fatal a nossa suposta racionalidade porque por trás dos panos continuamos censurando e queimando mulheres nas fogueiras das nossas vaidades.

terça-feira, setembro 21, 2010

Renegando a criação de seu mundo

(A poeira toma conta de nós, nós tomamos conta da poeira e na confusão somos todos pós desta terra  - Captei imagem da pista de motocross saída para Três Lagoas, rumo a Stock Car)

Por Rafael Belo

Carlos se afastou de si. Depois não mais se aproximou. O início veio depois daqueles passos silenciosos do vazio da sua casa... Então, seus sentidos não pareciam mais funcionar. Enquanto pensava, tentava saber de onde vinham aqueles ecos se o dia ainda não se movia e a manhã nem amanhecera... Arrastou-se até à tarde sem barulhos, feito o sol seco sepulcro. Se não se arrastasse em círculos estaria completamente catatônico. Um coma de se renegar. Renegado inconscientemente diante de si... Três vezes se negou, silenciou a mente e costurou os lábios com os metais de seu antigo aparelho dental.

Carlos Shift estava na dúvida em dívida, dividindo a dúvida com a ignorância enfeitada. Não queria tirar o enfeite e fazer os seus feitos. Já não sabia o quanto era escolha permanecer na sua profissão de gosto, não sabia mais o quanto gostava de seu emprego... Sabia sim! Não gostava mais, não agüentava... Queria desistir de tanto dinheiro infeliz. Repetia: “Por que meu Deus?! Por que usar este papel da ganância cheirando a morte...? Por que te abandonamos?!”. Esta igreja que somos, sempre transferida a concretos fechados e cheios de segurança lotados de verborragia... A negação de nós templos... Ah, Tenho me comprimido tanto a deixar minha mente calada, como esta casa sussurrante.

Shift sempre segurou e selecionou em massa suas decisões. Sua aparente tristeza e raiva colérica era simplesmente sua resignação. Um basta corpóreo cerebral... Direcionando aquela imagem perdida no reflexo, destoada naquele contorno de sombra. Seus sentidos não faziam sentido algum. Pareciam ter entrado de férias para fazê-lo cair, não importasse a altura, não importava a morte e viver tinha se tornado feio... Até errado.

Mas, a morte virá de outra forma... Quando tiver de vir. Percebe voltar a perceber e uma sensação de abafamento interno me impede de respirar naturalmente, minha garganta seca fechada, arde como minhas narinas, meus olhos cansados realmente tornaram-se parentes do luto... Estão fundos como sentimentos rasos julgados... Sinto-me parte de meus ídolos mortos... Sinto-me Kurt Cobain, Renato Russo, Cazuza, Jim Morrison... Mas desta vez é diferente. Não é só um sentimento, é um reconhecimento.

Achei das outras vezes ter sido estas almas amplificadoras do mundo – por pensar as entender-, mas sou o ser amplificador, o mesmo não a vida dos corpos... Meu fim será outro, não por minhas mãos ou desatos condenados. Sou renegado e desta vez renego quem criei para o mundo. Inicio neste fim meu grito para voltar a me aproximar de mim.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Diluído em condensões

(8 quantos reflexos têm uma face concentrada em uma mesma imagem dispersa? - captei nesta quarta cheia - versos inspirados na poesia Diluição de Deise Anne do poesia do tempo *ps: esta foto não é montagem, a tirei desta maneira)




De repente tenho de me tornar quem sou
e me empurro com um sorriso malfeito
para um debate em mim com meus eus condensados
minhas escolhas não feitas meus eus paralelos
aqueles reflexos de quem quase sou
[Eu mesmo]

minhas outras dimensões diluídas me provocando
provando o erro de ser apenas um pouquinho de mim
degustando o medo tão novo e verde, de oferecer as faces ao público
de ser eu futuro de mim mesmo sem arrependimentos
conjugado com coragem e olhos fechados no sorriso aberto
[Eu sou quem sou]

Rafael Belo, às 23h59, 13 de setembro de 2010.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Esperando o ônibus, àquele a não vir jamais

(8 a profundidade e o ciclo de identidade de um rio vai além da superfície limpa e de correntezas... Rio Vacarias ... captei mês passado)


por Rafael Belo

Uma manhã abafada e muito quente. Plena segunda-feira. Dia mundial da preguicite aguda. Um sol particular o guia até o ponto de ônibus, mas com o sinal fechado para pedestre vê impotente centenas de carros passando enquanto seu ônibus se vai. Passa do meio-dia. Busca uma sombra para esperar pelo próximo, pega uma porção de papéis e se absorve por instantes, quando um carro sobe a toda velocidade na calçada e para bem na sua frente. Tira os olhos das contas a somar e olha para o veículo preto.

Um idoso lhe pedia informações. Ele assimilava o fato irreal. Começou a observar o senhor havia rímel em seus olhos. “Devia ser este mesmo”, pensou. Mesmo esperando o inesperado aquilo o deixou pouco à vontade. O senhor precisava chegar à prefeitura. A princípio o jovem negou saber o caminho, mas diante do fato da carona inusitada aceitou a aventura. Ao entrar veio a arrancada. Definitivamente fora um erro entrar. O pretexto utilizado mostrou exatamente ser um pretexto segundos depois.

Em tentativas canalhas de tirar informações o idoso informara na verdade ter achado o jovem atraente e o ter visto atravessar a rua. Era médico. Vivia mudando. Perguntou se por acaso ele gostava de outras situações sexuais. Resignado o carona negou e de mal entendido falou da namorada. Contraventor, o senhor falou do próprio namorado, do casamento terminado e de filhas. Insistiu, roçou a mão no joelho do adolescente. A cara daquele menor só não estava mais fechada e amarrada por causa do objetivo.

Há cinco anos em outro lugar. Ele era presa fácil tinha 12 anos vinha da peseudonamorada debaixo de chuva. Magrelo e sem camiseta a altas horas. Um carro começou a acompanhá-lo e fez perguntas referentes à homossexualidade. Cheio de hormônios amassou totalmente a porta direita do sujeito a pontapés. Guardo uma raiva para uma vingança futura. Mais uma vez afrontado. “Gay?!... Eu?!” Suas feições se tornavam aterrorizantes. Sugeriu um lugar distante da movimentação. “Este merecia morrer. Só pode ser este o extirpador do meio-dia”, se encorajava. Havia investigado eram muitos na verdade. O adolescente só tinha aparência de jovem, tinha mais de 30... Era um justiceiro recém-nascido...

Entre as balas cheias de anestesia e o banho no rio poluído planejava dar meia hora para chamar seus companheiros da polícia. Enquanto isso, com o bisturi do assassino retalhou a carne relaxada, manchou as luvas vestidas do mesmo com o sangue envenenado e o espalhou pelo carro confirmando se ainda estava vivo o verdadeiro cruel. Escreveu com as partes do corpo desmembradas daquele idoso assassino devorador de almas: “Um já foi faltam nove...” Caminhou tranquilamente frio sobre o sol ardente para casa pensando ter encontrado nova vocação.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Desconstrução das máscaras insones

(8 os tons retumbam reverberações potencializadas ao extremo para libertação foto minha by Kari)

por Rafael Belo

Já nada importava aquela altura. Uma simples palavras ‘destruira’ seu mundo de areia e água. Não conseguia criar castelos de palavras nem na praia nem nas nuvens. Sua segurança foi minada pelo seu próprio ego, pela sua arrogância disfarçada de feitos e dons domesticada para um afago, um cafuné gostoso motivado a não ganhar detestáveis rótulos limitantes. Sua noite insone ganhou uma máscara na manhã seguinte quando a última barreira de seus sentimentos virou pó nos olhos. A impaciência e o tempo a se alentar em lentidão de horas paradas era uma angústia atada nas decisões.

Ele queria gritar. Gritou. Ele queria cingi-la em seus braços feito a extensão independente de si mesmo, sendo tão munida de atitude e personalidade a não caber indistinta em mais ninguém. Ainda não era tempo de apagar os espaços inexistentes entre eles. Mas aquela simples palavra o afastava em paranóia sua flutuação alheia ao dia sido, ido, vindouro... A força daquelas vogais e consoantes unidas ralara suas mãos até feri-las em profundidade, mas parecia mesmo ter-lhe rasgado a alma. Difícil ficou respirar. Só a mudança no tom de voz mínima quase imperceptível o havia alterado. Não importava o dito por ela. Ele sabia e sentia.

Seu medo era magoar e decepcionar. Ao fazê-lo se desfez de si. Era um ruim bom. Seja lá qual fosse sua antiga prisão estava liberto. Sem barreiras sem fronteiras. Transcendia em dor. Não adiantava dizer ‘não sabia’, era mentira e doeria mais. Talvez não doesse tanto nela, no entanto o maior objetivo dele era a felicidade imaculada dela. Agora havia máculas e ele sem aonde se esconder de si teria de conviver com isso... Sofrimento escolhido a dedo pelo delivery telefônico. Um sadomasoquismo aflito inverso para não ter prazer. Mais uma transcendência era necessária.

A esta altura dos pensamentos já havia transpassado quilômetros sem a percepção de dias e noites e sua máscara insone começava a se desfazer com o brotar de um sorriso como um confluência de areia e água em uma tempestade do deserto urbano. Voltava a importar tudo referente aos outros. Quem não importava era ele. Ele precisa descobrir ‘onde estava?’ e construir a partir das marcas da destruição. ‘É preciso saber destruir para construir’, pensava ele. Uma palavra apenas foi um verbo forte e avassalador suficiente para ser o fim de um mundo. Seu sorriso renovado voltava triunfante com ares de altruísmo e porvir.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Pescando a depredação dos seus e nossos

(8 Rio Vacarias - imagem que captei no último dia 26)

por Rafael Belo

Arde o nariz, ardem os olhos, seca a garganta, racha a boca... E as pedras não rolam sobre o Rio Vacarias. O calor e a ausência de chuvas deixam as geladas águas a qualquer hora, em uma fina camada sobre as pedras. Estas estão apenas a um fio de sair d’água. Mesmo assim pescadores jogam redes, tarrafas e fazem fogueiras no leito do rio. Latinhas, e copos estão espalhados aqui e ali para prejudicar a visão natural.

Uma bela paisagem para tempos de seca e baixa umidade em Mato Grosso do Sul. A corredeira, localizada nas imediações de Sidrolândia tem este quê de extasiante. Chegando ao local pela trilha quase de rally sonhando com algo a umedecer os lábios – sem serem somente beijos molhados – há lá pseudopescadores com uma rede atravessando o rio pedregoso de ponta a ponta e exibindo peixes para os flashes digitais e uma tarrafa sendo arremessada mais acima.

Silenciosos em seu descaso ambiental logo vão embora ou pelo roubo farto ao rio ou pela nossa presença - quem sabe. Mas, os vestígios presentes no leito quase falecido são restos de fogueiras, copos e latinhas... Uma beleza!!! O imediatismo não é apenas fator jovem impulsionado com mais estímulo na internet. Está presente na visão curta e turva ao lado do rio deitado às claras sobre as pedras tentando se refrescar de sol enquanto gelam nossos pés suas águas corridas.

Som massageante para os ouvidos acostumados à poluição sonora das cidades. O Rio correndo desta depredação aos seus – e aos nossos - criando a trilha sonora da fuga onde nunca é o mesmo por sua constante fluência em bom exemplo. Crescendo mesmo menor na seca. Enquanto ainda em seu leito são recolhidos os restos humanos apreciadores de si mesmos, usurpadores da beleza até de um leito secando, mas forte o suficiente para correr nu sobre as pedras.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Diluído e seco pelo ar de elucubrações

(8 no sítio dos sogros rs captei também no último dia 26... Há mais leituras em profundidade, há mais letras nas palavras...)

por Rafael Belo

Nem uma umidade passava por aquele espaço. A seca imperava também nas pessoas. As últimas reservas de água já inexistiam há certo tempo... Era inverno, era primavera era verão, era outono... Era nada. Simplesmente não havia mais a noção de continuidade. Um prolongamento de ‘como nossos pais’ estampava queimado nos rostos envelhecidos pelo mau uso do sol constante e abafado, mesmo à noite quando o bafo das horas paradas salpicava em brasa os pulmões de quem buscava uma gota de respiração profunda.

Cada corpo se acendia em alerta. ‘Uma tal’ emergência alarmava como gritos inumanos agudos de repetição no deserto urbano tão lotados de areia nos olhos e tão dentro dos ouvidos. Pessoas em busca de sombras. A água fresca borbulhava. Quedas, oásis e delírios no concreto de visão turva e ondulante. Estar vivo era vestir o cansaço do mundo e se arrastar por aí revivendo os filmes críticos de zumbis alardeados pelas vitrines no consumo compulsivo. Difícil é saber se é passado, se é presente ou aquele chamado futuro.

Conjugar palavras é julgar o local temporal do verbo. Para declamá-lo é preciso fluir. Escoar as conjunções em correnteza de sentido só com um rio fluente e afluente neste espaço seco sem reservas. Há peso na respiração. Qual o motivo do ar precisar de água... Vida, claro! Posso escutar meu cérebro cozinhar com minha cabeça aberta e ter cortada parte por parte a massa cinzenta desglutinada a nos fazer sentido e sem noção também. As reservas do meu corpo procuram um espaço para me desovar pensando com o vácuo da alma eletricamente ligado pelo resto das sinapses ululantes, cheias de passear pelo oitavos sentidos reminiscentes de um conjunto empático tão verborrágico quanto o calar de um olhar expressivo.

Houve até 80% de corpo na minha água. Agora há só vapor condensado no meu eu descaso ainda pensando existir, Decárte. Fui Decárte... Agora penso no limite do reconhecimento de si. O pensamento não é nada sem ação. Sou menos de 6% de vapor. Mais seco a úmido. Mais menos. Quem dera um beijo me desse força como antes. Quem dera soubessem mais vocês de mim. Uma hipérbole sem tecla SAP, sem tradução para maiores. As lamentações chegam ao caminho da desova. Diluído e seco. Mais uma quinzena e a chuva me traz de volta. O beijo recuperador do céu. Tempo derradeiro do espaço absoluto.