terça-feira, fevereiro 08, 2011

O Demônio da mente vasculha a cidade

*( Bom deve ser nascer como o sol: Percorrer o céu de ponta a ponta, ser brilhante e necessário) Captei o Alvorecer na serra rumo à Floripa...


por Rafael Belo
Não havia como saber. Ela era silenciosa e penetrante. Mas, nada dizia e fazia mistério total do seu pensar. Sorria com o domar do mundo no olhar e caminhava leve em parceria com o vento. Parecia não existir sequer a palavra problema ao redor daqueles ruivos cabelos encaracolados a preencher seus ombros curtos e busto farto. Seu rosto tinha uma leve cicatriz quase imperceptível. Não ficava escondida. Na verdade, ela parecia ostentar a marca como lembranças de batalhas feitas para não se esquecer. Nunca foi vista em academias, porém, tinha pernas torneadas, não musculosas, mas pertencentes a alguém praticante de atividades físicas, ainda mais com os glúteos tão empinados.

Sua voz era uma imaginação carnal para as pessoas apaixonadas por aquela mulher interrogação fruto do desconhecido. De onde veio? Parecia haver tanto poder naquele 1,70m e olhos profundamente mel... Muitos a seguiam até se darem conta de estarem sós. Não conseguiam fixar nome ou apelido para aquela paisagem natural perseguidora do sol. Sim, porque como um girassol ela aparecia no raiar do dia e sumia ao último carinho solar direto. Mesmo com tantas qualidades, havia um fel naquela mulher de idade indefinida e ao mesmo tempo tão jovial... Tanto a chegar a provocar calafrios.

Era uma lenda urbana, uma histeria coletiva... Era um silêncio desconfortável e devorador se propagando na cidade. Talvez ela fosse uma devoradora canibal... Quem sabe uma lembrança reprimida deste lugar abandonado por anjos e demônios, por nós... O grande problema... Bem ultimamente ela aparecia pouco e muitos desapareciam. Ultimamente todos negavam já a terem visto. Nestes últimos dias a cidade também vem se calando em seu âmago como se preparasse para uma fuga inevitável. Como se... Como se aquela imagem de Eva urbana, mundana estivesse comendo uma maça e nós fôssemos esta fruta.

Havia como dizer: “O Paraíso foi expulso de nós”. Aqueles panos esvoaçantes sem data naquele corpo sem idade devia ser a beleza sagaz perdida ou simplesmente expurgada de nós como um bom demônio endemoniado por crenças antigas, por livros montados, por superstições engavetas que no final é um mero mortal com o angelical e demoníaco se equilibrando por dentro em consciência coletiva irregular no inconsciente subjetivo de interpretar o presente certo de acabar sendo passado pelo futuro seja qual for a imagem da sua mente ou da mente do mundo.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Entre o não dito


(*O que há na tela fantasma da televisão - captei há dias na sala da minha namorada)

Respira o dia minha respiração sem muitos movimentos
na medida da tranquilidade do silêncio de uma manhã não iniciada
ainda antes dos primeiros raios solares, a expectativa do sol renascer
ainda antes do abrir preguiçoso dos olhos, os resquícios da noite em sonhos
sem ao menos espreguiçar, tudo se estica no bocejo começado

Farfalhar quieto da cama irrequieta, passos não dados na casa indesperta
sons iniciais da rua ainda fresca, mudez insone dos dormentes do dia
nada muito alerta além de um arrastar indesejoso  no indecoro da possibilidade de dormir mais
mente vazia, barriga roncando, minha respiração sem muitos movimentos respira a manhã igual
qual será o calendário adequado do organismo quadrado depois de tanta luz artificial?Quem esta dormindo, afinal?

12h33 (Rafael Belo) 04 de fevereiro de 2011.

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Passagens da Vida sem sombra do Tempo

(*Captei entre Sidrolândia e Campo Grande - crepúsculos nos fazem tempos imprecisos passando em contemplação pelas nossas estradas)
 
por Rafael Belo
Sempre se reclama do Tempo e das poucas horas ou da longa espera, mas este Senhor tão antigo tem-me feito melhor. Com o passar dos dias as lembranças deveriam ficar mais distantes, os laços mais enfraquecidos, mas é ao contrário... As memórias estão ficando mais próximas, os elos mais fortes e o Amor cada vez mais incondicional. Tenho me dado bem com os relógios e cada minuto tem sido meu amigo íntimo e confessional. Há um acordo velado e silencioso entre nós onde sempre que passível - e possível - no adaptamos para seguir e fazer o ‘ter de ser feito’.

Não precisamos ser inimigos do Tempo nem correr contra o tempo – o tempo todo. Nossa relação - a minha e dos ponteiros imaginários do movimento solar – é como a relação do queijo e seus buracos: quanto mais menos – sabem, quanto mais buraco menos queijo, então quanto mais queijo menos queijo – deu vontade de comer um queijinho caipira agora... É uma matemática louca, onde quanto mais horas livres temos, mas as ocupamos. Então, é preciso voltar a terceira linha deste parágrafo para retomar o movimento secundário que leva os segundos a virarem minutos e me leva a disputar cada milésimo do movimento do sol com a agilidade dos meus pés.

Nosso Mano Velho, tem mostrado as façanhas de seu irmão gêmeo, O Amor. Assim, amo cada vez mais. Tornei-me petulante o bastante para sentir saber cada vez mais estar com a presença do Amor em mim e ao meu redor. Não há como ser indiferente ao tempo que não para de passar e nos mudar de árvores só para ver nosso verde madurar cair e voltar a fazer o ciclo criando novas raízes e fortalecendo antigas, nos transformando em árvores com posições diferentes, folhas mais reluzentes, flores mais exuberantes, frutos mais suculentos e quem sabe sementes mais sadias.

Eu sempre acreditei no Tempo e no Amor, mas tinha minhas dúvidas se tais irmãos atemporais praticamente idênticos tinham a mesma crença em mim. Deixei de duvidar há uns bons meses. Desde então, venho cantando com o Patu Fu, “Tempo, tempo, mano velho falta um tanto ainda eu sei, pra você correr macio... Tempo, tempo, tempo mano velho, Tempo, tempo, tempo mano velho, Vai, vai, vai, vai, vai, vai, Tempo amigo seja legal, Conto contigo pela madrugada, Só me derrube no final... Cantar faz o tempo ficar menos sério, mas maleável e totalmente voltado para as passagens da Vida.

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Um Amor para sempre inacabado

*(As flores se fecham para abrirem intensamente elas mesas - Captei no corredor do serviço)


por Rafael Belo
Meu coração deságua o oceano incondicional navegando um Amor sem fim por ti e a pele toda chora eternas lágrimas sempre em frente de Felicidade. Não caibo em mim e cada dia caibo menos. Sou como uma multidão incabível em um olhar de horizonte no fim de tarde. Sou como as tentativas insossas de explicar o Amor inexplicável, inabalável nas baladas inabalável nomeadas sem necessitar de nomes. Sou eu simplesmente nas graças de algo expansivo demais para ficar apenas em palavras, algo além de um sentimento, algo a fazer sorrir não só minha boca desejosa de ti, mas meu corpo, minha alma e toda esta nossa presença unida. Só você sabe por que.

Ando por toda parte e continuo a caminhar para espalhar esta incondicionalidade impossível de conter em meu corpo arrepiado em constâncias por ti Amar. Nós aprendemos juntos o Amor sempre inacabado... Por mais que o para sempre, sempre acabe este verbo conjugado em nós tem seu próprio tempo sem nada possível de medí-lo, sem nada possível de imaginá-lo e mesmo assim é capaz Dele nós sentir e não ao contrário. Ficamos, então, a pensar: não se sabe quem é o Amor, o próprio ou quem Ele toca e conjuga tão intensamente em todos os tempos e em Tempo algum.

Não há insegurança, não há tristeza, não há dor, há montes de asperezas sendo lixadas pouco a pouco construindo seres humanos melhores em nós. Não seria esta a tão adivinhada Liberdade? Tão longe da solidão e do achismo vergonhoso e egoísta da necessidade de ficarmos sós para nos resolvermos... Não é nesse momento onde o desamor encontra espaço para ramificar suas raízes sórdidas e criar medos irracionais – porque isso seria o medo: uma irracionalidade?! Não é aí que começam as lendas de que somos melhores sozinhos e se levantam todas as dúvidas da possibilidade de dar errado, mesmo esta possibilidade só ser favorável a seres insinceros e que não conversam entre si?!

Claro!! Isso passa em minha mente também... Mas somos meros humanos com tempo definido nestas terras sempre inexploradas. Nestes sentimentos inacabados por nossa falta de coragem... Ou nosso excesso de zelo por nós mesmos... Estamos juntos há tantas décadas e tudo continua a crescer principalmente o Amor, mas ainda acredito naquela história de Cazuza onde ‘nossos destinos foram traçados na maternidade’. Mesmo acreditando sermos nós a fazer nossos traçados neste chão tão pisado e repleto de pegadas onde somos futuras flores na fragrância de nós mesmos.

terça-feira, janeiro 25, 2011

Parindo Eus

Quando a tarde se vai o espetáculo permanece - captei em viagem

O corpo pede para falar e grita seus arrepios psicodélicos extasiados em movimentar-se ao extremo
Na dose alegre da vida derramada nos cantos da boca escancarada para beber mais de seu crescer
intuitivo do lúdico com o lírico de uma lógica emocional
latente no pulso do ar tirado a cada olhar demorado rumo ao vazio
atirado para a imensidão do reflexo dos gestos com as palavras arrepiadas

Dos sentimentos incontidos lacrimais tão chorosos por aí
relutantes em admitir chorar por qualquer sentimentalidade intensa
rachada na pele forjada a silêncios e distâncias em uma educação castradora
da expressão autêntica reconhecida nas reminiscências do quarto
onde dedos delicados de uma noite gostosa te espera para te saborear em partos.

Às  12h48 (Rafael Belo) 25 de janeiro de 2011.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Distante da distância dos caminhos do acerto

*(Florescer e apagar todos os dias em verde e vermelho - captei 21/01/11)


Por Rafael Belo
A morte não lhe afetava só o fazia pensar mais em si mesmo - coisa pouco comum, aliás - feito a distância criada pelas pessoas a qual ele costuma retribuir com uma indiferença inexplicável até só haver esta longitude fria o esvaziando. Era quase um desamor em um mecanismo racional já involuntário de viver só. Miro Mis detestava pensarem saber seus pensamentos e as tentativas irracionais de o controlarem, tais insistências diminuía as pessoas perante seu olhar de frio no estômago.

Miro gastava toda sua energia em se sentir bem fazendo os outros assim se sentirem também. Atualmente isso tinha se intensificado de forma egoísta, pois já não esperava nada em troca, pelo contrário queria no mínimo a metade de sua energia reconhecida. Em pouco tempo já estava com um orgulho descabido e contraditório, algumas coisas aceitava e outras não, mas pouco estas mudavam entre si... Ele acreditava em seu desejo de ter seu espaço e ficar sozinho, mas este era realmente um pensamento fixo criado para afastar o mundo de contestações de si. 

Seu medo era a precipitação e com isso o nada dar certo. Por isso, fazia silêncios e dizia assim também estar sua mente, mesmo assim acreditava haver apenas um caminho para o certo... Claro que esta ideologia tinha uma utopia fantástica tão distante da forma a viver agora. Em outros tempos ele diria que a distância o lembraria a morte, fato totalmente errado porque esta é proximidade, mas felizmente tantas coisas estão erradas...

Distância para ele era a contradição das pessoas continuando a viver sobre regras adolescentes e comportamentos infantis. Tudo isso passava em sua mente enquanto ele se jogava em seu próprio abismo catatônico de um coma a ser enredado no novelo da próxima esquina quando um acidente o deixará mais presente, mais preocupado com a mão a o afagar sem saber se sua presença espiritual está naquele corpo encamado pela confusão. Preso a cama sem se pré-ocupar com possibilidades do futuro, ele vai desejar fazer o agora o melhor possível, tentando não ser mais indiferente, apenas diferente.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Ecletismo verborrágico do movimento solar


*(No fim da viagem nos vêm saudar o saldo diário de um crepúsculo... Captei quando voltávamos do recesso)


Por Rafael Belo
Tudo neste mundo falta uma asa... Não se trata de perfeição ou imperfeição, mas sim de uma necessidade de crescer, de girar tortamente para constantemente aprender a voar. É uma paisagem para quem sabe compreendermos a delicadeza da vida, a coletividade ou duplicidade cúmplice necessária para estarmos presentes nos momentos a nos cercar nessa chuva de tempo atemporal torrencialmente em queda tão lá fora a encharcar dentro de nós. Anjos tortos como somos - e bem sabemos também serem os caídos ou demônios da mesma origem – chovemos silenciosamente para Uma onipotência espiritual a nos ouvir.

Pelo meu entender de fé e religião Deus deixou de interferir diretamente na vida dos homens há tempos. Diretamente, não acredito Este ceifar vidas de formas violentas, portanto, a história de os bons morrerem jovens não significa uma precisão divina da criatura pelo criador ou então, deveríamos deixar de acreditar na possibilidade de mudanças, pois quem transformará os mundos se não estiver mais presença física? Acalentamo-nos tão despropositalmente para aplacar a dor a nos afligir devido àquele que se foi, para muitas vezes esquecermo-nos de quão a vida é repentina e passageira.

Neste nosso voar capenga, nossos caminhos são traçados na medida da reflexão do sol se pondo entre as paisagens da estrada. Não consigo deixar de me embasbacar ao ver o espetáculo diário da natureza seja em um crepúsculo ou em um alvorecer fico fascinado com um sorriso de descoberta em toda minha face e não consigo tirar minha atenção daquele momento que ou é um renascimento ou uma morte prematura. Porque quando sol se vai é sinal do encerrar do encortinar de mais um dia, mas temos certeza da manhã seguinte quando este renasce, mas mesmo renascido dos meus raios anteriores eu o vejo como se fosse a primeira vez. Assim, não seria a morte?

Não seriam as horas solares um epitáfio belo e constante do findar com a esperança de um renascer percorrendo o céu de ponta a ponta diariamente? Quem pode responder a isso, além de nós mesmos?! Templos intrincados de carne, alma e sentimentos numa complexidade simples refletida na luz entreposta em nosso olhar... Tão cheios de medos e receios a nos rechear que queremos ornar nossas orações com jóias, grades e concretos para não sairmos do nosso espaço de conforto chamado fantasia e nos depararmos com muitas faces sem respostas... Para deixarmos de sermos adornos humanos não seria necessário nos reconhecermos? Enquanto isso é só olhar para o espetáculo natural de vida e morte a distância de um querer e - quando as nuvens descarregarem – escutar o que a chuva tem a dizer.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Paisagem nova no céu


* (Um novo sol nasce par aum novo dia para uma nova vida e as cores são todas pintadas por nós ... foto da Serra catarinense, captei nas minhas férias por lá...:( )


Bate a morte distante enquanto o céu se nubla e os astros entram em eclipse
é sempre incompreensível entender a morte, o dom, a vida partida ainda em luz primeira
apagando-se uma chama na terra para se transformar em incêndio em almas próximas
proliferadas em lágrimas mentais encharcadas de lembranças

Não importa o minuto, o dia, o infinito partilhado, o toque foi dado
mais uma alma foi chamada para usar suas asas em outras estradas
sorte teve quem tocou a tocada composição divina a cantar no coração de quem ficou

Sopra o vento do sul até chegar no centro rumo ao norte
sempre será forte o sorriso, a voz, as cordas e a luz
daquela brisa suave e extasiante a trazer as lágrimas lembranças pelo tempo.

(Rafael Belo) Homenagem a alguém que convivi por pouco tempo na faculdade (Denise Ridel) 11/01/ 2011.