domingo, julho 25, 2010

Consciência plena

8 como se tivesse tirado com a mente, a imagem do texto estava lá fora a minha espera para ser captada pelos meus olhos e lente... tirei neste domingo...

por Rafael Belo

Não estava escrito nas estrelas nem era parte de alguma profecia, mas de alguma maneira fora do alcance de explicações era para acontecer. E aconteceu... Mas, antes os caminhos teimavam em não se cruzarem por mais paralelos a estarem. Por mais próximos, a distância era o motivo do acontecimento porvir anos mais tarde. Nada de paixonite aguda ou devaneios adolescentes, a vida já havia lhes ensinado a temerem e ficarem bem atentos a relacionamentos malfadados de todas as maneiras. Mesmo assim - por mais experientes - aquele Sentimento a os invadir em um olhar, ao primeiro contado iria ligá-los por Tempo indeterminado.

Eles não acreditam em Amor a primeira vista. Aquela conexão instantânea, aquele encontro de almas e batimentos cardíacos inusitado eram sim a Verdade. Amores a primeira vista acontecem... Acontecem - em real – a cada visão a dois construída. Esta era a consciência deles e o passado não os impedia de estarem juntos. Aquela completude a os envolver e bem maior de qualquer pensamento, não queria nem devia ser compreendida. Dons não devem ser questionados... O Mal em si só inexistia ali, tanto porque era uma entidade fabricada. Sim, existe! Condensado em várias supostas contradições de nós, humanos. Não dentro de uma dualidade inquestionável onde se nasce para ser um rótulo romântico.

Ela e ele eram conscientes. Eram racionais, mas o corpo também pensa pela alma pelo coração a trazer um sentido superior e assim continuavam a ter consciência, no entanto, bem mais completa. Esta parecia ser a manifestação de uma força criadora do Universo, criando tal universo no universo particular de cada um dos dois. Não importa o nome dado a Algo para se enxergar cego. Para acontecer em pleno Sentimento dia após dia como se cada data fosse o piegas e viveram felizes para sempre...

Felicidade de poder simplesmente Sentir. Era a manifestação de ambos. Um beijo um cheiro as palmas cruzadas em dedos, este era o presente do presente dia. O primeiro olhar o primeiro toque o primeiro envolver de lábios e línguas e as primeiras vezes repetidas a primeira vez de novo e de novo... Todo encontro como se fosse há um longo tempo. Sem estar escrito nas estrelas sequer sendo parte de alguma profecia, mas de alguma maneira fora do alcance de explicações estava acontecendo.

sábado, julho 24, 2010

Acordar


8  o que há de se dizer esta dito mesmo em silêncio...  Foto da invasão colorida do fundo de casa, captei hoje mesmo rs...




Sinto em ti o encontro da Felicidade
toda a raridade faltosa nos humanos
cada Beleza, situando, concentrada para ser Mulher
há todo o Paraíso condensado neste olhar alado
marcado de um encontro somente para corações

[sinceramente seu sorriso me persegue feito um sol só para mim]

existe Sentimento espalhado em cada centímetro de tocar você, sensações
ah Musa Poesia, luz base das estrelas fonte de vida do Sol
vejo no farol do teu olhar a expansão divina do universo

quando verso meus olhos para os sonhos tua alma me salva me verte e meu sonho se perde no teu Alvorecer.

(Rafael Belo, às 9h35 de sábado, 24 de julho de 2010.)

quinta-feira, julho 22, 2010

Declaração crônica para o Sentimento

8 imagem do teto de uma das minhas moradas... captei há quase uma ano...

Por Rafael Belo

É estranho quando um sentimento nos invade e nos alça do chão rumo ao desconhecido. A força e a intensidade do domínio mostram nosso total descontrole sobre nossos planos não planejados. Cada palavra dita é um passo dado rumo a uma aventura interminável mesmo com o fim em algum ponto. Mas, tal fim não significa término e sim conclusão de algo pronto para transcender, se transformar em algo mais, além de denominações. Superior a qualquer entendimento e acima de todo sentimento inútil de posse. Pertencer a uma entrega e a um Tempo para tudo é a única possessão a trazer um sorriso bobo e matreiro a cada hora do dia. É inominável intensamente sentir.

Raciocinar é preciso, claro. Mas limitar-se a se conter motivado por possíveis dores futuras é o verdadeiro perder do raciocínio. É limitar-se e conter-se para no meio prender o outro e aprisionar-se. É como procurar razão quando nem sempre ela é precisa, pois há o sentimento declarado mesmo entre as linhas, nos olhares, no silêncio e em outras falas e atitudes. Para não perceber tal existência há de se ser cego. Não a cegueira dos olhos, mas, a do corpo, a de todos os sentidos suscetíveis a ‘saber’ antes de qualquer razão. Por isso, o chão não se faz necessário.

Cada passado vale para chegar onde estamos. Somos tolos humanos e nem sempre aprendemos. Continuamos o mesmo burro erro – me perdoem os burros, seres eqüinos tão inteligentes. Mas, na presença de deflorar um sentimento novo vem o estranhamento, a falta de novo do chão e aquela mente voadora na felicidade tomada pelo impalpável. Muitas vezes - ou seriam todas elas?! - neste ponto nos acomete a surdez. Não ouvimos aquele raciocínio nem sempre necessário e aquela voz amiga pesada incitando nossa lembrança e talvez cicatrizes entreabertas. Então, o mesmo raciocínio deveria nos dizer: “Se está entreaberta não teve conclusão. Pelo menos não para você”...

Mesmo para os feitos de aço e pedra a vontade de ter este sentimento é inegável em algum ponto dentro destes. A declaração crônica para o Sentimento não vem fácil não vai fácil. Em algum momento queremos ou estamos no ‘ponto dentro deste’ dito há uma linha. Desejamos esquecer o fato de uma relação ser feita e desfeita por todos os envolvidos. E assim a vontade de sentir aquele início retorna sem nem ao menos chegar aquele fim sem ser término. Pensamos novamente: ‘É estranho quando um sentimento nos invade e nos alça do chão rumo ao desconhecido’. Para então ser constantemente ‘como se fosse a primeira vez’ é preciso ser esforçar... Para assim ser.

domingo, julho 18, 2010

'Almas justiceiras'

8 as chamas da morte são as chamas da vida, pois você pode sair de dentro da Justiça Divina, mas a Jusstiça Divina não sai de dentro de você... Captei no meu shorts de dormir rs

por Rafael Belo

Havia um odor e um som pertencentes à outra época dentro da cabeça dela. Eram distantes e profundas lamúrias agonizantes de dor... Em latim. Ela nunca falara absolutamente nada sobre. A trilha, quase inaudível, habitava alguma parte de sua mente ou seria a alma ou seria o coração? Joani lia compulsivamente aqueles acontecimentos referentes ao fim de uma investigação enquanto imaginava os porquês de um som apenas e um cheiro somente, cantarolarem e se alastrarem em alguma parte oculta de si.
Era um mau pressentimento fundamentado em seus blecautes silenciosos. Lendo ela descobriu... A assassina em série era descrita como ela. 1,69 cm, cabelos arruivados... Busto médio e quadril farto. Mas, suas digitais identificavam alguém morto. Inexistente diziam ‘os jornais’. Bem, ela tinha razão. Habitava em Joani uma assassina. Sua alma era antiga. Sob o claustro de uma igreja fantasma para suas ações, a Purificadora, matava sim, mas aqueles pecadores sem clemência não dispostos a reconhecer crimes e erros perante ao Senhor. Não era fanatismo. Era o motivo de toda sua criação.

Depois de sua primeira morte, sua alma era duas, suas marcas múltiplas, suas digitais. Enquanto havia luz era Joani, quando as sombras eram mais era Jiana a Purificadora. Não havia a possibilidade de Joani saber de seu reflexo pretenso a justiça divina. Ela ia além da mera dizimação das almas atormentadoras. Purificadora deixava rastros para os investigadores brasileiros em todas as regiões, tais pistas levavam a assassinos reais, não a ela uma arma nascida. Jiana dizimava até as lembranças dos seus dizimados, assim ia quaisquer vestígios das suas existências. Mas até quando todos esqueceriam?!

Assim, Joani fechara ‘os jornais’ do dia sem saber ler sobre si e seus olhos prateados noturnos, ao dia um mel denso. Seu pressentimento fora cautelosamente afastado por Jiana. Podia tomar seu chá com leite quente e preparar a defesa pessoal de mais um tropa de elite secreta criada justamente para silenciar os apontamentos das pistas elaboradas às sombras, desta vez estava no extremo sul. Por enquanto escolhia o quanto frio gostaria de passar naquela boa brisa gélida abaixo de 5 graus negativos. Como sorria nesse frio ‘gostoso’. Logo teria de liderar uma das tropas de elites ocultas. Não iria demorar. Havia um odor e um som pertencentes à outra época dentro de sua cabeça. Eram distantes e profundas lamúrias agonizantes de dor... Em latim.

quinta-feira, julho 15, 2010

03 de julho de 2010

 8 captei em uma manhã de sábado, quando as nuvens se destacam ou não é difícil não reter este momento.


Manhã de Sábado (Rafael Belos às 9h30).

O ritmo do martelo martela a manhã
com uma manha tacanha, de um amanhã.
sons metálicos no concreto, aberto para destruição,
ilusão do desfazer das partes, nas refletidas batidas
ecoando pelas estruturas, estremecidas entrementes
obstruídas na continuação do feito de bater
no apoio do esqueleto urbano, repaginando
repintando para outra função exercer,
martelando constante a reforma da
forma martelada para a cidade falar
em se desfazer.



Esconderijos (Rafael Belo às 10h34)

Nas salas espalhadas se espalham
rostos conhecidos despertos aos simples passar
diante, adiante as vozes do reconhecimento
faz o retorno no entorno do topo
longe do derradeiro chão, como lembranças
falsamente esquecidas, guardadas na
marcada sala vazia até então, quando
os esconderijos velados acenderam as velas
para a bruxuleante recordação em
uma oração simples – abraços beijos
e nova separação.



Rivais (Rafael Belo às 12h42)

Opostos por decisão e línguas
divergentes por jogos, displicentes
campos contrários dedicados a não se entenderem
no enternecimento da expectativa,
telespectada, a razão de viver de cada
um, no esforço de não se gostar por puro,
puro fingimento espontâneo, no contínuo espaçamento
temporal, de querer ser rival, estar rivais pelo
entretenimento.

terça-feira, julho 13, 2010

Pelo (T)empo

8 Lá fora há cinza, branco, nuvens...E por trás o céu. Captei só para ilustrar este texto verídico rs...

Por Rafael Belo

Passaram cerca de 120 dias, mas enfim veio a chuva. Primeiro os ventos foram ficando intensos e ao final da tarde já trepidavam as janelas. Então, veio à primeira de muitas gotas e a sequidão começou a dar tchau. Choveu até as primeiras horas da manhã desta terça-feira (13). De 33% de umidade relativa do ar passou de 83%, a temperatura caiu 20°C. Mudanças repentinas. No caminho para o ônibus ainda tinha certo chuvisco. No aperto do quente ônibus cheio e embaçado nem todos acompanharam a previsão do tempo, melhor dizendo nem todos acreditaram nos ‘videntes’ meteorológicos, portanto não estavam preparados para os 8°C lá fora.

Estavam todos em silêncio. Deviam estar pensando no calor da cama ao invés de encarar um gélido dia cinza e o apertadíssimo transporte público. Ninguém nem sequer comentou a mudança temporal. Quando não há nada a dizer não se comenta o tempo?! Sair do calor maçante para o frio repentino parece ter sido uma afronta para a população de Campo Grande. Mas, respirar direito depois de dois meses... Fundo e umidamente fez a manhã ser feliz e produtiva. ‘Deve voltar a chover na sexta’, me diz o meteorologista. A frente fria - motivadora e atração da chuva – se foi...

Ficou a massa de ar polar recorrente lá do Sul. Aliás, o Rio Grande do Sul perdeu muitas árvores para ventos próximo dos 110 km/h. A umidade alta e a temperatura baixa devem ficar de férias por aqui até o fim de semana quando essa massa volta a nos deixar a mercê de muito calor e mais seca ainda. Engraçado é pensarmos no frio como ausência de sol... O pior é se queimar não só com a ideia mas com o fato de ser pura balela. O sol nunca se ausenta e seus efeitos às vezes são bem mais intensos neste tempo – quando não o vemos, mas lá ele está.

Lá fora as nuvens cercam todo o céu até qualquer horizonte possível de ver. A poluição parece diminuir tanto como ‘fumaças’ tóxicas quanto sonora... Há um silêncio - não só dentro daquele ônibus me levando para o emprego cerceando até as barulhentas obras inacabadas e tão longas – de desconfiança de algo vindouro. Tudo parece uma premeditação ‘climática’ nos dizendo sobre o planeta não ser o mesmo, o mundo ser outro, das estações não estacionarem na nossa previsão, mas mesmo assim recriamos nossas repetições pelo tempo.

domingo, julho 11, 2010

Trilha sem nexo

8 captei da poltrona de casa para a noite entrando em contraste peculair incandescente decadente...
Por Rafael Belo

Hoje senti o peso do olhar dele. Ele malhava silencioso e sedutor e eu fingia que não olhava. Ele não é como os outros. Claro... O pensamento não é original e nem o próximo: Ele É diferente. Meus pecados serão redimidos quando... Perceba... Não há se... Quando... Acertarmos-nos... Ele me deseja. Não sou nada de mais, mas tenho um ar inocente e uma atitude, disse ele. ‘Nome gostoso de ter na boca’ ele sussurrou certa vez e soletrou o mais devagar possível: Na i a na... Exatamente com esta separação. Só pude me arrepiar e fechar os olhos imperceptivelmente. Ah, Arauto... Peculiar nome...

Foi há tanto tempo. Não pensei em reconhecê-lo quando nossos olhares se seguraram no meio de uma frase qualquer de reencontro. Uma porta aberta no meio da noite como se não estivesse trancada e a lua invisível já não passasse do meio deste universo... Insólito. Aquele olhar aos 17 quase 40, volta agora aos 33 praticamente centenário... Coisas inacabadas deixadas simplesmente para trás parecem nem ficar por onde deixamos, acabam neste olhar nostálgico ainda jovem pela porta de uma noite cansada brisando.

No fundo desta única lâmpada algo diz não haver solução nem explicação para tudo. Motivo então, metade das vezes são criados por pressão. Os impulsos hormonizam a nossa falta de harmonia e avançam pela noite convidativa por mais... Nem toda porta aberta serve para entrar ou sair às vezes é janela para lembrança e muito mais. O peso do olhar dele malha minha mente maculada feito um blues prendendo ao fim de um filme como um vício misturando Ska dos Paralamas do Sucesso repetindo e repetindo... :

A vida não é um filme você não entendeu, Ninguém foi ao seu quarto quando escureceu, Sabendo o que passava no seu coração, Se o que você fazia era certo ou não, E a mocinha se perdeu olhando o Sol se por, Que final romântico, morrer de amor

Relembrando na janela tudo que viveu, Fingindo não ver os erros que cometeu
E assim, Tanto faz, Se o herói não aparecer, E daí, Nada mais...

Talves minha vontade de ser seduzida me fez criar Arauto e quem nem exista no final seja eu. Uma ideia romântica de guerra e paz enquanto o 'real' é um hibridismo sincretizado em pouco mais de algumas linhas quando o medo de se aproximar sempre distancia mais e mais em uma razão de Platão.

sábado, julho 10, 2010

Quarteto em movimentos para o 'fim'

8 o sol adere, ao meio da tarde, às sementes do fundo do meu quintal. captei neste sábado...

Ao fim

Tudo acabou quando chegou ao fim. fechado. lacrado.vedado. enterrado. Para não mais. súbito, depressa igual a pressa de chegar. o intuito de atrasar a desculpa de acelerar o tempo. até o tempo parar para as lágrimas avermelharem os olhos pesados na feição e envelhecerem antes de caírem pelo caminho do rosto ao gosto de todo descontrole agarrado às mãos vazias ‘desprovida’ de um consolo contínuo na vida (in)contida.

Às 22h27, 09 de julho de 2010 (Rafael Belo)

Sempre indo

Passou a morte. Alguém não morreu... Eternamente? Alguma vontade de prolongar o já foi permanece um éter na mente, suspensa na dualidade da fé quando a dúvida chora e o corpo sepulta e ressuscita a ausência na flora definhando, posicionando o sol na aquarela poente, mesmo em um dia de noite enlutado resoluto por mais uma ida teimosa, solitária até se for, por enquanto quem fica reúne o inconformismo conformado em ser formado para ir.

Às 09h10, 10 de julho de 2010 (Rafael Belo)

Falta de umidade

Escorreu a água no pátio, decreto do fácil terminou montado em palcos do suicídio de tanto trabalho por nada, cara limpa mesmo toda pintada de nariz vermelho, a pressão do joelho a não mais equilibrar, a transição sucessiva a descontinuar, um prolongamento onde o peso se vai para o vento desmatado levar a gente, seco(s).

Às 10h40, 10 de julho de 2010 (Rafael Belo)

Torneira mal fechada

A projeção apagou a lousa, sem marcas hidrográficas no painel de giz, alérgico ao pó, despedaçado em blocos compactos, a espirrar a dor das roupas, desnudas das peles, apagadas dos humanos, abaixo delas, fantasiando um existência de claquetes e ações onde a desistência é a abrangência do raso com uma ausência sórdida da morbidez caótica da repetição. Sem um amanhã dividido em luzes.

Às 13h36, 10 de julho de 2010 (Rafael Belo).

quinta-feira, julho 08, 2010

Passagem para permanência

8Imagem do dia combinando com o escrito do dia. Fim de  tarde, visão da minha casa. E aqui vai o meme dos 7 pecados capitais a minha maneira confiado pela querida Lezinha do La Sorcière (Agora indico para a querida Naty do Revelando Sentimentos e para a Jamy do Com a palavra...)


por Rafael Belo

Nem o sangue é real. Nem o rubor é crível. A abstinência virtual me fez bem. Sentado em frente a uma tela... Ram... Não mais além do necessário. A realidade me alucina muito mais... Muitas pitadas de imaginação são necessárias... Mas, a sinceridade das coisas palpáveis me são mais agudas. No entanto me abster de mim quase descontrola minha energia. Desestabiliza-me. Adoece minha alma tão propensa a criar sempre. É meu pecado de sumir, de desaparecer de permanecer temporariamente na minha passagem ao meu molde.

Meu egoísmo de guardar uma criação a deixar de me pertencer ao ser criada. A consciência de estar devendo, de estar na luxúria de escolher e irar-me com um mundo não pertencido a quem não lhe pertence. Uma cobiça inversa de desejar ser ordinário por momentos passageiros, não permitindo sequer o fim da ideia para passar. Talvez a inveja de querer ser célebre e não o desejo permanente de ser anônimo. Mas, a rotina de abster-se de aparência e aparecer é um bem a não ser nunca negado por mim mesmo.

É um simples disparate deixar-me adoecer por não escrever, tocar, socializar... Confinar-me na minha insignificância sem passagem para lugar algum pensando no meu não-lugar tão possessivo e... Minha loucura precisa da sanidade da saída de todos, de um silêncio significativo e desolador, pois da dor vem mais crescimento, mas também vem a avareza aliada a uma gula inversa de esquecimento, porque meu real alimento são as novas ideias, os olhares do avesso tão devoradores de mim. Todo o resto é velho...

Minha passagem para permanência vai preguiçosa, mas vem tão voraz e arrebatadora a se espalhar em tinta e grafite e papel por toda parte a me cercar, tanto a não ter dedos, teclas e horas suficientes para atualizar e quanto há a impossibilidade... Parece passado, outro tempo, outra escrita aí vem à razão da preguiça. Mas, não posso terminar de pecar sem dizer meu maior pecado... Cansar fácil do meu fazer e ter de mudar e mudando de novo transformar... Assim acabar vendo o vazio tomando conta por aí e às vezes tão perto a me deixar à vontade para acariciá-lo e me aquecer deste frio.

sexta-feira, junho 18, 2010

Assim era


 8 o que é uma janela 'senão' a projeção dos nossos sonhos ou nosso sonho para encarar a realidade? captei esta em Ribes City pela janela do meu quarto...

Por Rafael Belo

Os olhos dele brilhavam tanto a chamar atenção dos insetos, os confundindo com luzes artificiais e batendo neles. Os dela faziam todos desviarem o olhar como se olhassem para toda a incandescência fugitiva do centro do sol. Assim um imaginava o outro. Assim, um nunca o outro encontrou. Apenas ali, nas intimidades das mentes. Nas... Obscenidades das mãos em pleno autoprazer a deixar um vazio consequencial sequente. Um labor de abandono saboreava os lábios solitários e os olhares se apagavam aos poucos distantes um do outro como antes, como sempre.

Tudo fantasia detalhada cada vez mais para continuar a se bolinarem sem a coragem de realizarem uma vontade fracassada por relacionamentos mal acabados passados. No entanto, era incontrolável aquele instinto animal carnal invasor de pensamentos dominador da imaginação mais vulgar, mais recriminada pela sociedade dos pudores hipócritas, do êxtase talvez somente sentido por aquele ideal de sexo narciso. Mesmo subindo pelas paredes, tudo ficava ereto e ofegante como um exercício militar misto recluso nos confins do isolamento.

Já não tinham nomes. Eram desejos de gêneros diferentes talhados a calos manuais e um Kama Sutra particular nas extremidades da mente com extensão para cada pedacinho da pele. Era uma loucura a dois, a um só realmente. Bastava se 'sentirem próximos' para tudo se iluminar e o mundo se ofuscar de água na boca com lábios continuamente úmidos de corpos suados.

Bocas perdidas nas imagens da cabeça longe. A impercepção ruborizada no despertar público da reação involuntária do corpo brilhando como se tudo fosse real. E ela fosse de verdade desnomeada do seu controle de toque. Mas, não... Ela era Lascívia Maçã, ele era Intenso Torpor... Tocava assim a banda. Assim era para ela conseguir se apresentar e se libertar perante tantos olhares da plateia a desejando.

quarta-feira, junho 16, 2010

Plateia

8 a luz o verde o contraste em um momento ciclíco de elevação... captei no quintal de casa.




A vergonha se foi se foram as vergonhas
na noite plena de plenitude enviesada
no palco da vida atormentada pela libido
das mãos aliviadas durante a agitação pública
dos pudores horrorizados de prazer alado
da anestesia súbita de todas as dores do mundo
emancipadas pelo trêmulo estremecer trépido
nas horas engarrafadas em testemunhos de sentidos metafísicos
desruborizados místicos dos rubores coletivos excitados
de sensores intimamente ligados a idéia da timidez errada em falta
nos achados estrelados em alfa na insensatez da plateia.

às 22h43 (Rafael Belo Folha de Outono) 16 de junho de 2010.

segunda-feira, junho 14, 2010

Digitais nas genitais em público


8 esta psicodelia natural da máquina captando luz em movimento é de uma virada de ano no Vila Dionísio em Ribeirão Preto... Como não captar para falar de um fato pouco crível?

Por Rafael Belo

Ela, diante do palco aos pés da banda e precisamente da vocalista, masturbou-se. Criou um rubor vaidoso nos músicos, na vocalista... Enquanto o som se espalhava, vibrava, relaxava e contraia em todos os corpos como se os tocassem, apenas ela se tocava profundamente... Intimamente. Como não perceber um ardor de cima do palco queimando? Foi um show no qual eu não estava e no qual lotado, poucos perceberam a ousadia, de quanto um som pode ser orgástico. Lá, no Parque das Nações Indígenas (ou seria em outra concha acústica?), a apresentação do Dimitri Pellz teve um novo marco.

Talvez o orgasmo trazido pelo som realmente fosse uma cópula fetichista bem exibicionista e excitante das digitais ou a tensão sexual da jovem estivesse em um frenesi incontrolável. Ali, de costas para dezenas ou centenas de pessoas em uma data não muito distante, a mulher simplesmente mostrou estar hipnotizada pela música baixando a mão sob a calça jeans e aliviou seu estupor e satisfez seu sexo, seu corpo. Nada de preocupação... Quem sabe só ela lá estivesse em um show especial e exclusivo...

Impunemente, liberalmente, apenas o fez. Devia estar acompanhada (devia?), mas seu ato solitário e imagético a tornava independente, sem identidade conhecida e atrevida, a desconhecida da multidão poderia despertar também ambigüidades a apontando como despudorada, abusada, sem vergonha... Extravasar é a razão de um show... O ato em si no mínimo traz desconfianças sobre este texto ser real ou não... Mas o é. A tecnologia portátil registrou o momento e o ‘eternizou até durar. ’

Toda vez que o vídeo for acessado a masturbação feminina diminui seu mito, mas a negação pública - por ter sido em público? - do particular talvez aumente e rotule a garota sem nome, sem rosto e sem idade diante de um show, a frente de tanta gente e mesmo assim em seu mundo realizando, quem sabe, sua fantasia. Quando assisti percebi algo diferente e precisei assistir de novo, não por tara, mas porque como vocês não acreditei ter visto e vi de novo. Nunca vi masturbação tão longa... E a banda Dimitri Pellz jamais vai esquecer a cena, para ela... Um show à parte.

sábado, junho 12, 2010

O que tem na cabeça?!

8 captei na Lagoa Itatiaia no Dia Mundial do Tai Chi e Chi Kung. 'Não se imagina o que tem na cabeça e a sombra se aproxima pela ondulações...'     

Aquele cheiro incomodava o bairro inteiro. Parecia vir de todo lugar e ia ficando pior. Provocava náuseas, tontura e um torpor quase zumbi nas pessoas. A loucura beirava os olhos e passeava pelos meios sorrisos. Um mês havia se passado. Depois da primeira semana a desconfiança era tratada a portas batidas e viradas bruscas de rostos. Ninguém dormia mais passada a segunda semana. Na terceira a histeria silenciosa dominava a lápide cravada naquele bairro.

A água se tornou escura. Todo e qualquer cano produzia o odor da morte. As autoridades responsáveis pela água e esgoto vasculharam tudo causando mais caos e procurando sair rápido dali. “Aquilo podia ser contagioso”, diziam. Agora, além de fétido, o lugar parecia ter sido palco da mais violenta guerra civil. Aquele cheiro não era da Morte. A Morte costuma ser limpa desde antes de qualquer deus e principalmente depois deles. Eram mortos, era pura podridão vinda do desconhecido...

Mas, antes da lembrança certa despertar em uma pessoa, o bairro já estava lacrado. Isolado de tudo em uma redoma transparente feita de um falso vidro hollywoodiano. O estado mental daqueles bairristas já quase variava. Largados aos próprios olhares de esguelha e as próprias mãos. Ouviram aquela certa pessoa lembrar... Ela lembrava de um reservatório antigo feito para aproveitar aqueles gêiser cretáceo. A água era a mais pura. De alguma forma os canos antigos e novos eram os mesmos. Um plano quieto foi desenhado...

Dos milhares de moradores deste bairro, nenhum deixou de ir ao antigo reservatório da cidade. Foram caindo pelo caminho. O cheiro era insuportável. O ar ia ficando cada vez mais denso, quase precisando da criação de uma porta para passagem. Poucos, tanto a apenas uma mão contar, chegaram já chorando, já sem conseguir conter os olhos abertos. Uma dezena de velas bruxuleava mesmo sem qualquer vento. Demorou a se acostumarem com aquela iluminação medíocre.... Mas tudo se voltou para acima das velas... Cabeças conservadas na parafina balançavam em varais de aço... Só um prosseguiu. Centenas de metros adiante, uma criança estava rodeada de pernas e sangue e pêlos e peles... Não era preciso dizer nada... Olhando ao redor era possível ver o gêiser cretáceo dissolvendo corpos apodrecidos... O último tombou pela última vez...

Quando os primeiros acordaram... Se atacaram enquanto a criança se aproximava de cada um, o tocava até este lhe oferecer o pescoço... O qual devorara até a cabeça cair. Então, a criança sorria ao percorrer a trilha de corpos de volta às velas, acendia uma vela nova e pendurava mais uma cabeça para preservar e colecionar. Depois começava tudo de novo!

quarta-feira, junho 09, 2010

Sombras da luz


8 captei no meu quintal... pra variar rsrs... encaixe imagético...


Meio vazio meio cheio, totalmente sorumbático pela completude
uma sombra de dor carente sentindo o peso de tanto nada
preenchido de repente no início de uma semana qualquer
esvaziada do se esconder do por vir, deste será sentido
no verme cheio de você, resquício de humanidade

devorando pacientemente os vestígios do abismo
sem medo de se jogar para o alto do frio proeminente da barriga
tragando sua vontade enquanto seu olho direito treme sem parceria
nas vistas de um vigia sorrateiro do seu descaminho
vindo do erro de viver distante do seu dito destino
mastigando sua alma por dentro em conturbação
pelo desvio tomado nas sombras da luz.

Às 07h43 (Folha de Outono Rafael Belo) 08 de junho de 2010.

segunda-feira, junho 07, 2010

De volta ao tacape e o arrastar das cavernas

8 captei na universidade federal daqui porque... à noite as sombras invadem mesmo quando é dia...

Por Rafael Belo

Pensando ainda estar viva, ele decapitou a senhora septuagenária. Assim foi o assassinato brutal na última quinta-feira (12 de abril) em Campo Grande. Primeiro os criminosos acertaram a cabeça da senhora de 73 anos, com uma panela de pressão, foram embora e depois voltaram para esfaqueá-la pelas costas e na “tentativa de degolar” houve a decapitação. Friamente o jovem matador de 23 anos, confessou seus atos como quem comenta de uma festa qualquer e denunciou o comparsa foragido.

Alegou estar sob efeito de maconha e álcool. Por isso estendeu a cabeça em um varal interno da casa antes de incendiá-la. Tudo virou pó. Acredito que tenha visto a “cabeça ainda não encontrada” durante a reportagem (dias depois ele foi encontrada aonde achava eu tê-la visto...). Creio ter sido carbonizada e eu impressionado. Mas, o bizarro e grotesco foi a atitude simplista do assassino confesso. Como quem faz uma entrevista de emprego conquistado, acusou muito indignado a assassinada de influenciar sua mulher a denunciá-lo para polícia devido ao não pagamento de pensão.

Se não tivesse acompanhado o caso pelos meios de comunicação, pensaria ser uma obra de Edgar Allan Poe ou Anne Rice. Se não visse na televisão a reportagem ainda acharia uma fantasia, um conto de terror. Mas, ‘presenciar’ a prisão do elemento e registrar a casa em pó e o corpo carbonizado trouxeram o horror para muito perto. A crueldade e covardia do ser humano vão além da indefinição do bem e do mal, ultrapassam a Bruxa de Blair, transpassam as supostas pedras atiradas pelo vizinho na casa da septuagenária... Sim, porque este também foi ‘um motivo’ alegado do assassino da porta da frente.

Não temos o direito de encerrar a vida de ninguém e depois sorrir para as câmeras. Quando a vida tornou-se tão banal...? Melhor, quando tornamos a vida banal...? Hoje não há limites nem fronteiras dentro ou fora de casa, o respeito foi desintegrado, aonde eu começo e você termina inexiste e assim como o amor – diria Zygmunt Bauman – o sujeito, a sociedade perderam a solidez, estão todos líquidos e em constante liquefação. Em todo seu poder de escolha, o ser fica impotente e torna-se animal.

sexta-feira, junho 04, 2010

O tempo não foi mais naquele lugar

8 subindo a torre do tempo, os sinos badalam e tudo retumba um ressoar de parada... captei subindo a Torre do Sinos em Ribes City



Por Rafael Belo

Os ponteiros estavam parados às três e meia da manhã e todo aquele lugar os imitava. A chuva embevecia com os ventos arrastando folhas secas e os galhos verdes uns nos outros. Fazia anos e os anos não faziam diferença. Não faziam nada. Nem sequer passavam mais. Estava tudo vermelho tenso no céu e as gotas d’água pairavam no ar em uma gravidade inversa. Havia uma pausa lenta entre o acontecer e o acontecido. Estávamos todos adormecidos há tempos.

Naquela hora marcada, todos abriram os olhos há meses pela última vez. Centenas de corpos ressoavam um sono pesado ressonado em um tempo nunca perdido. Ninguém sabia estar em sonhos coletivos de uma telepatia desperta. Algo teria de estar desperto. Um sentido mais avançado no cérebro primitivo trabalhava. Todos aqueles minutos travados exatos em todos os marcadores da passagem do sol revelaram o mal mascarado de tantos sentimentos em tantas incertezas e indefinições.

Seria para sempre este dilúvio de inconsciência inundando o mundo? A consciência estava cansada demais e acabou dormindo no tempo com o bom senso. Foi mais... Foi um apagão incontrolável a revelar o verdadeiro rumor ensurdecedor e acima de quaisquer decibéis permitidos: a fúria do silêncio. Era um sepulcro ritmado pela respiração inconstante na sinfonia dissonante a tomar conta de um mundo de exceções aonde às regras são faltas.

Haveria o despertar coletivo com o som dos olhos se abrindo e piscando e piscando e piscando... Haveria a mesmice física pela parada do tempo e espaço. Mas, o trabalho da mente pela limpeza de tantas artérias entupidas de pensamentos, de tantas almas enroscadas na tubulação do coração carregado de confusão e reversão de prioridades seriam as reais horas. Por enquanto os ponteiros continuavam parados às três e meia da manhã e como imitações de todo lugar. Embevecia a chuva com o arrastar das folhas secas pelos enquanto os verdes galhos verdes se roçavam. Anos faziam e não fazia diferença os anos. Nada faziam. Sequer... Mais passavam.

quarta-feira, junho 02, 2010

Ponteiros tortos

8 um formigueiro vive em nós mais obediente e com menos formigas ... o tempo e nós, nós do tempo... tirei na porta de casa depois da chuva.


Relógios se perdem em pulsos nus
feitos confusos fusos difusos no tempo
emaranhado as rugas de desculpas imaginadas
nas atas atadas de soltos pensamentos
testando momentos regulares nas folhas incertas de zoneamento similares
aos rastros dos celulares ondulando impulsos crus
ecoando em um espaço fácil de saber as horas
dona das memórias biológicas cansadas de acertarem os ponteiros
matreiros pentelhos a nos dizerem o próximo feito
aonde quer que estejamos, seja lá o que somos ou o que nosso tempo fez de nós... Feitos (di)minutos.

Às 15h02 (Rafael Belo/Folha de Outono) 02 de maio de 2010

segunda-feira, maio 31, 2010

Desculpa pelo tempo

8 as nuvens têm seu tempo de passagem concordado com os fragmentos do vento... Captei no meu céu natal.

por Rafael Belo

Uma vez escrevi sobre o tempo e seu significado. Lembro minha reflexão central do tema: O mundo é o tempo do nosso pensar. Desde então a desculpa do tempo deixou de sê-la porque tempo não é desculpa. Como uma definição passei a torcer os lábios a toda demonstração desta ‘razão’ para não fazer algo. O maior motivo é o fato de nos ocuparmos tanto com formas diversas de ganhar dinheiro para não o utilizarmos da maneira querida.

Cansamos, precisamos dormir, necessitamos de uma fuga ou parafraseando a ironia de Bandeira em seu “Poema tirado de uma notícia de jornal”: viver era entrar em um bar, beber, cantar e dançar... Fora isso eram uma morte simbólica e um cotidiano tachado pelo tempo sobre taxas de uma realidade tarimbada pelo João Gostoso do poema. Viver para trabalhar, trabalhar para viver parece passar pelos olhos dos trabalhadores a cada manhã como se o tempo nada fosse a não ser um castigo, uma repetição até aquele viver.

Tudo passa com o tempo, pois este está no caminho, mas não significa esquecimento nem distância é mais uma constatação a dizer sobre os passos seguintes e isso pode demorar mais ou demora pode ser apenas uma relativização simplista demais. Voltando ao nosso pensar do primeiro parágrafo, este relógio biológico inerente a nós vem e vai daí. Nosso humor e dissabores diários dependem das nossas idiossincrasias e então o tempo pode nem existir.

Não posso ver o amanhã por ele acontecer a todo instante antes de se tornar presente e correr para o passado nesse meu tempo. Sirvo-me do relógio para saber em qual momento do dia vivo e nem sempre isso acontece enquanto trabalho na profissão escolhida porque preciso dos meus momentos comigo, dos meus momentos com os outros como necessidade para respirar e perder a respiração. É a precisão de independência a se manifestar de forma diferente em cada tempo onde somos nós. Espaço aonde nem nós nos controlamos, apenas fluímos.

sexta-feira, maio 28, 2010

O Apocalipse de cada um

8 as faces dos sentimentos se multiplicam em desordem da razão, aprisionados em psicodelia... Captei a banda Autoramas
Por Rafael Belo

Parecia sangue em seus olhos e de certa forma era. Resultado de silêncios quando as palavras sufocaram na garganta. Soma de todas as vezes onde o engano tornou-se alguém até então confiável. Multiplicação da quantidade de indigestões ao invés do regurgitar. Era a raiva finalmente solta dos grilhões amargos da contenção indevida, a exalar trêmula de um rosto fechado e injetor do medo. Não havia quem olhasse ou se aproximasse. O cheiro da raiva ardia na pele e no respirar nas pessoas mesmo a quilômetros de distância.

Os pensamentos se perdiam como latidos em uma noite agitada onde as rinhas selvagens eram permitidas na mente sem identificação e todos os cães latiam enfurecidos sem controle. A raiva se personificava na carne latejante, na respiração densa e acelerada e naqueles olhos vidrados por destruição varrendo olhos feitos possessões a encontrar a ira alheia para o despertar. A Raiva, a Ira e a Fúria provavam o sangue diariamente em parcelas pouco satisfatórias. Cada uma agora se procurava e procurava uma a outra. Estavam por aqui com seus olhares sanguinários, por aí com seus dentes afiados e garras assassinas.

Descontrole era a visão daqueles três corpos entregues as próprias barbáries, até então guardadas em um canto sinestésico qualquer esperando ser esquecido... Mas na verdade a espera era para ser lembrado. Bastou o vazio, as mudanças constantes e a derradeira caminhada sem rumo finalmente acontecerem para a dissimulação cheia de água na boca ser enraivecer, se irar e se enfurecer naquele silencio medonho, mas não mais contido, não mais escravo do controle.

Aqueles corpos viam sua capacidade e queriam parar, mas já era maior o sentimento maculado pela revolta e inaceitação. A morte desejada se realizava para cada um capaz de afrontar o ideal daquelas três despersonificações, já desumanas, já arrependidas de terem cedido a sede do corpo para a devastação sem fim. Eram obrigadas por cada instante de eternidade, a se verem de dentro de si acabando com o pouco restante de um mundo tornado vadio e ganancioso. O apocalipse em todos já era certo.

quarta-feira, maio 26, 2010

Humano

8 pelas estradas da vida trocamos sempre de pele... Captei em alguma viagem...


A pele coça, os olhos vidram, terminam os limites
os sussurros vencem os delírios e os demônios saem
pelos tremores do corpo quedando anjos
por todas as partes onde não estejam caídos

em brutos suspiros vermelhos
ensanguentando mãos abrindo feridas nos pés
soltando todos os monstros da alma
pela fúria do coração

com as garras da noite em pleno meio-dia
explorando a raiva em dia por uma simples troca de pele.

às 23h52, (Rafael Belo/Folha de Outono) 25 de maio de 2010.

segunda-feira, maio 24, 2010

Raiva em dia

8 em dia de chuva as gotas se prendem em contraste e conectam o antes solto... Captei do quintal em casa...

Por Rafael Belo

Chove em uma segunda bipolar na felicidade química do fim de semana terminada antes da manhã. Raiva em dia. Dizem ser ruim sentir raiva, esta ira controlada com total necessidade de ser descontrole. Um saco de pancadas, um desabafo algo para esta imprescindível energia irada se esvair. Quando nossas crenças encontram o chão, nosso rosto vai junto e chafurda nos detalhes omissos dos dias de trabalho. Parecem correntes da decepção tentando eternizar este momento obrigatoriamente efêmero.

Uma angústia premonitória da quebra daquela insistente ideologia falsificada nas atuações atuais. Parece mais uma vez uma perda de sentido na profissão, no trabalho e claro, a constatação: nada mudou. Certo, nós mudamos. Aprendemos um pouco, mas voltamos às valas dos nossos desejos nobres ridicularizados pelas grandes corporações. Dificilmente o desânimo deixa de se manifestar. Então, vem o pior. Não foi a vida nossa decepção... Fomos nós.

Temos de nos livrar deste sentimento. Por isso a vontade de largar os afazeres momentâneos e ir de encontro à chuva - nostálgica e eterna catarse dos momentos nevrálgicos das nossas escolhas. É permitido fechar a cara como o tempo se fecha lá fora, mas se amargurar é perder todo o potencial e denegrir o próprio caráter em prol da nossa parte maléfica... Dos maus pensamentos maculando a mente sem aviso prévio. A vitória diária é não ceder nas ações, os sentimentos pesados a nos atracar em situações adversas.

Com a raiva em dia, podemos ver o cardápio dos próximos passos. Respirar fundo todas às vezes necessárias, contar nos números, esvaziar a mente, se livrar das besteiras possíveis impregnando a mente a carregar seus mais próximos consigo. O clichê da vida que segue, então toma conta e a segunda continua chuvosa até raiar o dia com a vontade contínua da chuva em nossa vida vir a nos molhar por completo para limpar toda a mágoa instantânea e levá-la distante.

sexta-feira, maio 21, 2010

Desexistindo

8 Minha terra sem posse, meu banho nu de despossessão... Captei nos fundos de casa...

Por Rafael Belo

Contrariando todos os clichês de desaparecimentos e abandonos, ele reuniu todos os milhares de amigos reconhecidos pela vida e anunciou sua morte. ‘Estou morto!’, gritava para os rostos de interrogação, ‘Estou morto!’Eles o conheciam há tanto tempo e ao mesmo tempo desconheciam o significado daquelas duas palavras tão reveladoras e sem necessidade de muita explicação. A única pessoa a o entender foi a única ausente e ele lamentava isto no fundo de seus olhos perscrutadores.

Ulisses parecia poder ouvir cada mente. Os conhecia bem, mas nunca achou ser imprevisível demais para ser compreendido. Agora não importava. Ele calou-se depois de repetir as duas palavras excêntricas, afinal, quem não está morto? Mas, ninguém ousa dizê-lo... Quanto mais admitir... No centro de todo o burburinho se formando, coexistiam várias fogueiras. Não era mais possível saber os detalhes do material a mantê-las acesas... Para Ulisses, elas tinham cheiro de ‘já foi’. Um aroma pertinente de um passado ditador de quem ele era até então. Não mais. As fumaças subiam e o despersonalizavam de seu antigo nome não revelado. Era Ulisses e ‘ninguém’ mais.

Em sua Odisséia pessoal coletiva fez cada um dos presentes se conhecerem no decorrer de sua vida. Com isto estava satisfeito. Mas quando o sol raiasse novamente... Ele não existiria mais como uma peça política a querer o sorriso e o agrado de todos. Não mais. Sua insatisfação consigo mesmo o fazia desejar sua própria Ilíada. Queria se lançar e se encontrar quem sabe em um conjuntos de mares únicos e distante. No entanto, sua água salgada seria temperada por ele.

Esta festa seria sua Ítaca final. Odisseu também seria seu nome se o chamasse assim... Poderia ser Homero. Queria mesmo descobrir-se por si mesmo sem referências, sem bibliografia, sem qualquer existência a o preceder. No arder daquelas fogueiras estava sua então existência social: roupas, identidade, fotos, escritos, relatos, trabalho, números, som, textura, imagem, digitais... Apagou cada vestígio de lembrança gustativa, degustativa, visual, vocal, olfativa, tátil de todos ali. Aos poucos se misturou até sair sem ser percebido. Saiu de costas precavido...

Ele estava descalço com um saco de estopa no corpo e o desconhecido a frente. Não era ninguém além de um anônimo. Estava feliz com todo o seu não ser e se foi.

quarta-feira, maio 19, 2010

Identidade


8 as belezas enferrujam e morrem pela falta de cuidado, então não há mais identidade... (Captei no quintal do fundo de casa)...

O Tuiuiú bate as frondosas
asas sobre as nuvens
queimadas sobrepostas
ao engarrafado trânsito incontido
nos fragmentos da cidade em cinzas

se envenena aos poucos
com os pedaços concretos
do urbano funesto incendiário
procura um canto verde pré-utópico
para morrer simbolicamente longe
das invasões.

Às 12h51, 15 de maio de 2010 (Rafael Belo/ Folha de Outono)

segunda-feira, maio 17, 2010

* Meu desconhecido

8 a terra do quintal de casa... captei e toquei...


por Rafael Belo

*A terra entre minha mão, escorrendo nos dedos e o cheiro de vento pelo vento. Como se eu me banhasse na característica de onde estou. Sentindo o lugar, trazendo minha alma de um fuso horário próprio tão meu para esta presença absoluta de um não lugar. Observar os arredores e pormenores, fechar os olhos, pender a cabeça para as costas e esvaziar para me preencher daquele momento. Nada de julgar ou me influenciar. Tem de ser puro pelo menos para mim. Este ritual faz parte de mim e até então só eu sabia.

Ver fotografia em uma desconstrução poética e cada encontro, desencontro, conversa ter um início de uma futura obra literária. Mais algo de mim no geral desconhecido. Intuitivamente querer ajudar, partilhar, compartilhar com o próximo ou o distante o ínfimo do meu ‘saber’. Para completar seu segundo desconhecimento da minha pessoa com um terceiro, eis o motivo de eu decidir escrever quando criança: trocar experiências/compartilhar.

Então vem o silêncio. Meu silêncio. Não falo de terceiros não presentes e mediante insistência me calo. Silencio também para me abster ou para absorver várias coisas simultaneamente. Minha identidade me diferencia principalmente pelo próximo quinto fator de qualificação paradoxal. O fato de eu não me apegar a nada e ninguém com facilidade, mas me sociabilizar facilmente. Não significa eu ser fechado, sou um livro totalmente aberto, basta perguntar. Tenho pra mim, ser isto uma facilitação para quando eu paro de dar sinais temporariamente – e é meu feitio.

Para completar, aonde quer que eu vá, não me importa o lugar. Importam as pessoas. Para eu me entregar ao lugar e realmente curtir a música, a interação e as pessoas, ‘precisam ser muito bons’. Aí me dizem travado. Bom, eu desminto profundamente. Se o clima me agrada, acabo me tornando o lugar. A entrega é verdadeira. Nada disso quer dizer: “não gostei deste ou daquele show”. Quer dizer simplesmente: “Eu não me entrego às expectativas”.

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*(Este texto foi escrito para a ‘grande’ e talentosa Naty Araújo do Blog  que me inclui entre suas pessoas queridas e portanto escrevi ‘seis’ coisas que não sabiam sobre mim. E repasso para outras seis pessoas que me são queridas: a virtuosa e emblemática Lelezinha ; a verdadeira e talentosa Jamy  ; a magnífica e visceral Mai  ; a amada e multifacetada De  ; a presente/ausente e sagaz Is e a bem-humorada e sincera Kellen  – Nos revelem seis coisas sobre vocês que ninguém sabe - se possível nos seus blog:)

sábado, maio 15, 2010

Alienistas

Cães ladram as loucuras noturnas aos loucos insones pelos latidos quase um bramido aos pesados olhos vermelhos vizinhos sonambulando a noite, zumbi de um dia pregado ao sono encantado escondido pelas cobertas da casa, arrastadas pelos contornos fantasmas das foices dos indivíduos devedores de um Morpheu, corrido de herança grega encalhado em presente, sem sonhos talhados para quem dorme, pois não dormimos pelos latidos dos homens pranteando a lira deformada de Orpheu a não dedilhar, a apenas ladrar os ladrões do tempo gradeados nas janelas de frente aos nossos quintais, paralelos a nós perdidos nos nossos nós mentais gregorianos em uníssono, sem alteração nos distúrbios tão nossos roendo os ossos durante a noite remoída enquanto somos cães Alienistas.

às 20h52, rafael belo (folha de outono) 9 de maio de 2010.

8 estão no começo do quintal da frente de casa, os caminhos alienados dos cabos...tive de captar...