
(tirei esta ao lado do supermercado há dois anos)
Por Rafael Belo
Dia chuvosos são caóticos para o caos das cidades... Fora sábados e domingos onde se nota a úmida ausência de pessoas nos lugares. Os outros cinco dias parecem forçados por trabalho de servidão - às vezes os seis, até os sete. Há a milenar robótica de atos conduzidos por repetição. São 24 horas de branco, como se fôssemos ideias abandonadas. Bem, 12 horas na verdade, as outras 12 são o apagão no fechar dos olhos, só há escuro na mente. Como indicado por aquele médico obsceno e monstruoso.
Por indicação arrumamos rumos nas nossas direções. E no fim da linha algo ajuda a deitarmos nos trilhos para viver outra vida, mas os trens não passam mais. Um desperdício a menos, um trabalho pesado para os corações que nos querem a menos. Ufa. Chova chuva, chove porque viver para trabalhar não é vida, bem, é vida de inseto. É ser operário, zangão de colméia em função da monarquia, mas vivemos uma aristocracia. Nossos nobres detêm o total ou pelo menos dois terços da riqueza brasileira ou/e propriedade. Seria democracia se fosse, nós, plebeus o povo possuidor destes terços.
Mas, esperem... Não... Continuem... É só papel oficial e nossa falta de atitude. Afinal, nossa pessoa é nossa maior propriedade, sinal de liberdade O Estado então é o único livre destituidor. Quem está contando a minoria burga dos aristocratas usurpadores do platô o poder de lacuna interina?
Dias chuvosos são caóticos para o nosso caos... Fora quando nos permitimos reanestesiar durante a semana onde nota-se nossa úmida ausência como pessoas. Nos lugares. Os outros dois dias parecem forçados por trabalho de servidão já presente na mente e na programação – às vezes três ou quatro quando se prolongam as emendas. Há a milenar máscara do pão e circo separando bons e maus a parecer haver só eles definidos. Ah, sim, claro! Nas áreas cinza estão os lagartos e os largados.
Carros abandonados aos pedaços longe dos centros são suficientes para proteção do vento, portanto boas moradias. Pelo nosso abandono me sinto como um morador sortudo de um carro ao relento. Nele há os despossuídos. Nos despossuídos há o quê senão a esperança de um pão amanhã? Não sei dizer, mas não parecem querem muito como se não pudessem. Parecem sentir-se diminuídos diante dos abastados comedores de pães diários.
O sol não aparece. Seus raios invadem as brechas do céu para os brechós em nós. Assim se sabe haver uma luz acima de nós para nos aquecer e ela se descobre dentro também. Mas açucares, aspartames e adoçantes em geral não saem na chuva, porém dão um adocicado sabor ao amargo café da vida como ela é para alguns. Dias chuvosos são tempo de reflexão como se o clima se alterasse para ver se o mesmo acontece com a consciência do coletivo, coletiva e de cada qual. Derreter na chuva só é obra de alguns a saber a ordem no caos, mas pode ser de todos.