Trilha 'O Desejo Pelo Outro Nos Move' - Ultraje à Rigor - Sexo
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(*Flores e espinhos sempre podem se encontrar, despidos ou em uma dor gostosa) Foto: Rafael Belo |
por Rafael Belo
Toda forma de amor é
possível. Assim como abandonar as pessoas sem sair do lugar ou estando dentro
delas. Não da maneira metafórica, imaterial, mas invasiva, sexual, carnal...
Afinal, todos se autodenominam grandes amantes, mesmo o sexo sendo rotineiro e
até ruim, sem sentimento, pois o fingir geme um som eufórico. Alguém já disse
uma vez: Você não pode ser feio, as pessoas ainda não te conhecem... Mas com as
genitálias não é assim, se você não proporciona prazer e não o sente, se você
não toca no lugar exato e é tocado no lugar suspirável, não liga o GPS corpóreo
de sensibilidade, é só mais uma vez. Se bem que se tratando de nós, homens, o
cio é constante, e o gozo intermitente nem é prolongado como o das mulheres. Já
se tratando de nós, humanos, o desejo pelo outro nós move.
Não importa a orientação
sexual, o vasto órgão... Chamado pele... Espalha-se em incontáveis experiências
a serem descobertas pelo outro. O maior paradoxo, nesta nossa nova era veloz, é
este paralelo entre o acesso a tudo instantaneamente e o distanciamento
imediato, contudo é este acesso ao mundo digital a facilitar o conhecimento dos
mapas do prazer e levar o parceiro ao êxtase. O autoconhecimento e o
autocontrole por meio das manipulações digitais dos genitais em parceira com as
cenas explícitas expostas pela rede de alcance mundial também geram uma
harmonia entre homem/mulher, homem/homem, mulher/mulher e por aí vai – e vem...
Não diria ser o abandono do
egoísmo em prol do prazer da parceira (o), porque muitos homens (quiçá
mulheres) o fazem pensando logo mais: “agora é minha vez”. O famoso dar para
receber - também lido atualmente como receber para dar. Não falo do
colecionamento de “saidinhas” - eu escrevi isto?! - noturnas, diurnas, colegiais, universitárias, experimentais...
As aventuras recorrentes dos solteiros normalmente regadas a álcool, drogas,
inconsciências – com muitas exceções. Há
claro, nestas exceções, o sexo sem compromisso, mas qual o ponto já
ultrapassado – falo disto -de nós a não se comprometer em uma relação sexual?
Sexo é bom e confirmo minha pieguice ao escrever: sexo com Amor é inesquecível.
Sem esquecer: sem conversar e sem química o inesquecível pode sair às avessas,
mas ainda sim jamais sair da memória.
Indiscutível (?) é escrever:
o desejo faz nosso olhar invasivo e nossas ações moverem céu, inferno, terra e
purgatório independente de sua fé ou ateísmo. O sexo está em toda parte, mas
fazê-lo em todo lugar onde está pode levar a duas coisas: atentado ao pudor –
consequentemente cadeia e... Sexo (?) - ou voyeurismo. Este do qual todos
sofremos, principalmente se os desejos sexuais forem platônicos e idealizados.
Ainda assim, as vitrines diárias, as ruas, e as ladras das janelas, as tevês, nos
resumem ao desejo e um presumível movimento de vem e vai onde somos imagéticos
seres comestíveis e canibais de nós mesmos... E o pior gostamos disso e
mordemos os lábios lambidos.