terça-feira, agosto 04, 2020

Nossa desonestidade






por Rafael Belo


Não há deus da pressa. Não há deus do imediatismo. Estes são os algozes do tempo nos pressionando e auxiliando na autopressão neste nosso viver de refluxos com este suco gástrico queimando a garganta derretendo o paladar. Neste tirar dos sabores a cobrança se intensifica e tudo precisa ser entregue antes de ser pedido, todos precisam chegar antes da hora ser marcada, o resultado precisa ser entregue antes da meta… Esta correria é um desaproveitar de si, do explorar o melhor da entrega… É uma morte certa sem vida onde não respeitar os sinais de trânsito só piora a situação.

Eu reluto para não ter pressa, para correr, para aproveitar cada milésimo do segundo, do minuto, das horas… É tentador desrespeitar todos os sinais. É um risco desnecessário com sequelas tão conectadas a morte, a feridas abertas simplesmente por furar o sinal, pela adrenalina do desafio, pela compensação incompensável do atraso e com qual objetivo? Nos falta honestidade! Isso mesmo: HONESTIDADE! Nos rendemos a um pouquinho mais, ao não tem problema, ao depois eu resolvo, ao daqui a pouco e nos vestimos de dezenas de desculpas que armamos na língua para disparar para todo lado.

Ah, sim. Não podemos esquecer da procrastinação. Este palavrão que usamos muitas vezes sem nem saber o significado ou sem usar a palavra em si, mas vamos empurrando para depois algo que poderia ser resolvido no momento, sem pressa, sem imediatismo. Não somos honestos com nós mesmos como seremos com o outro. Tudo isso gera nossa servidão ao deus da pressa, ao deus do imediatismo que só causam exaustão, estresse, insônia, preocupação e morte.

Mas então nos dizemos cristãos e que Deus é maior, porém sem mover um dedo para resoluções dos nossos problemas diferentes da correria e da falta de tempo. Deus não é construção? Não é obra? Não é tudo ao seu tempo? Sabemos que sim. Só agimos ao contrário desperdiçando o Tempo que não volta e adiando nosso reconhecimento da nossa desonestidade para dali em diante sermos o novo, a Boa Nova. E aí que paro diariamente e peço proteção por quem tem tanta pressa.