quarta-feira, dezembro 15, 2010

Aquarela celeste


*( Contrasta as cores do céu com o nublar das almas no eclipse do coração... Captei terça-feira (14) de dentro do carro)

Meus moinhos de vento rodam suas hélices viris direto nos meus olhos
realizando mudanças no meu mundo em frente, adiante
draconiano um contrapeso para a facilidade ser rejeitada
e todos os fogos cuspidos chamuscarem a pele rígida e feroz
inflamável do acúmulo quixotesco de viver um cavalo branco alado

Trotes calmos na relva virgem ecoam no regaço da correnteza imberbe
em recém criado mar de lágrimas incontidas na máscula face afrontada
pelo sorriso solar dos calos perdidos ao escrever chuva nas nuvens altas
abrindo o céu galopante na sorrateira neblina desfeita pelas hélices pueris
dos meus moinhos de vento brisando cavaleiro a marcha de acreditar no contraste das cores batidas pelo coração.

Às 8h43 (Rafael Belo) 15 de dezembro de 2010.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Nada dói agora como doeu antes

*( Alianças são mais que metal e lembrança são a união de dois corações e o infinito de sentimentos... Tirei em uma pele especial em uma domingo marcante)

Por Rafael Belo

Meu estômago dói, meus olhos doem e mesmo assim há um sorriso bobo na minha face... Troque a bobeira pela sapiência e chame de Amor! Assim vivo intenso a intensidade dos meus dias, assim sigo imenso as horas restritas da minha memória expansiva como se o tempo fosse o registro da brisa refrescante tocada em meu coração e cada linha revelada o diário desta minha boca incabível em um fechamento sequer. Claro que os lábios se separam e lampejam um futuro trovão informando a distancia da chuva... Mas, se molhar é uma dos melhores feitos da chuva...

Outro deles é divagar em sentimentos e pensamentos e neste fato de se sentir o próprio Amor. Daquele jeito voador, sonhador, destemido, sincero, trovador... Verbal... Mas, sentindo o chão despido de concreto nas solas dos pés trocando batidas, tocando toques singelos de calores trocados, tocados em uma nota de arrepios. Devagar, sentido, inteiro pela divisão da vida no coração mais forte, na alma mais mundana e tão espiritual a falar das coisas não vistas só com os olhos dilatados pela Paixão.

Meu corpo dilata assim então, cada instante cada flagrante de troca de olhares é um impulso no pulso da energia eletrificando minhas mãos quentes. Estou tão presente neste mundo como jamais estive. Sei bem ver do outro lado do meu pensamento, onde está me vendo meu Amor - porque se for quantificar lado em sentimento já digo não haver nenhum... É como falar do inimaginável –Não entendo o tempo nublado lá fora, se ainda o enxergo solar e brilhante, sem estar muito quente ou muito frio, apenas dá para ver o céu.

Mais coisas doem em mim, não as ignoro, nem estou anestesiado por um Amor ignorado pela Razão já sendo Amar a razão de Viver de fato, sem ser uma combustão espontânea. Mas, acredito ser extremamente importante este meu sorriso bobo sem bobeira nenhuma. Dá-me certeza da certeza partilhada entre eu e ela, entre ela e eu, entre nós. Temos certeza do nosso sentimento incondicional sempre à prova, sempre aprovado, sempre presente inclusive na ausência física de um de nós dois. Ninguém fala por ninguém, mas conhecer um ao outro tão bem, faz dos nossos defeitos e qualidades nossos fiéis porta-vozes. Por isso, dor nenhuma dói mais como antes de nós dois.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Pessoas, os divãs dos outros

*(Há tantos reflexos na superfície refletora que é difícil se enxergar nas projeções dos fragmentos... Captei esta semana)

Por Rafael Belo
As pessoas são o grande divã dos outros, mas nunca de si mesmas. Elas observam atentas cada movimento de terceiros e julgam saberem suas intimidades e comportamentos. Sabem nada, certo!? Se não sabem de si como podem falar de sentimentos e atitudes não partidas de seu reflexo? Não podem, não é mesmo?! Ficar comentando, dando palpites e sugestões gratuitamente sempre tem um preço embutido subentendido de um ressentimento próprio digno de Freud e até Schopenhauer. O mal do povo é o próprio povo temente a vida e gladiador mascarado por um esconderijo de sentimentos desentendidos.

Nesta arena romana, viver sim, mas sobreviver para quê?! É seguido totalmente ao contrário, em um avesso reverso digno de náuseas. Sobreviventes sãos os verdadeiros viventes do nosso planeta avestruz, onde envolvimento e profundidade causam uma síndrome de ‘faça sua aposta’.  Todas as fichas são jogadas no mesmo número e os desencadeamentos psicológicos das projeções em tal atitude causam encurtamento do tempo e correria da morte. “A verdade está lá fora”, parece mesmo ser a sina do ‘Arquivo X’ diário. Mas, na real a verdade está dentro de nós...

Bem em algum ponto da mente onde voltamos para eterna infância para sermos nossas sombras procurando resquícios de felicidade e fingindo o mundo terminar, continuar e começar ali naquela queda constante em nós mesmo. Procuramos as falhas, os problemas, os erros, os defeitos e os potencializamos em tudo de ruim no nosso medo de viver os inícios e desenvolvimentos de um sentimento - tolo, mas vívido – como querer bem alguém assim, imperfeito como aquele reflexo amassado de todo manhã vista no espelho.

Por isso, é tão difícil mudar de canal. Por isso, é tão fácil escrever um manual de como viver a vida e intitulá-lo auto-ajuda porque ninguém se ajuda sozinho – é só o começo ter iniciativa - e vai continuar seguindo as palavras ‘sábias’ de algum esperto ‘virtuoso’ por ganhar mais vendendo livros... ‘Parece’ nossa educação ser apenas para ‘conquistar dinheiro’ em uma boa profissão e nossas emoções... Bom elas nem sabe ter este nome... Elas simplesmente se derramam em algum dos buracos negros do vazio constantemente criado por um desespero de solidão. Somos analfabetos emocionais no alfabeto da vida!

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Latente inflamável

*( Quando as palavras expelem vida, o Verbo doa dons por arrepios... Captei em curta folga no serviço)

Latejava a cabeça no parto das ideias partidas
paridas perante o desembaraço da língua desacompanhada
aglutinada  de vozes perdidas pelo perímetro períneo da intuição
sarcástica na ironia afiada no peito aberto do bom entendedor
estufado ao lado do ouvido em pé para pensar o aplaudir do refletor

Lua cinzenta, ilusão das mãos batidas abatidas pela fé dos traidores sentados
acoplados a sedução do estupor velcro da dúvida plantada no não dizer o dito
veredito ensaiado contador de acessos aos olhos injetados de um estado ausente
clemente por punição, por conhecimento de suas regras quebradas ao parir pensamentos
no brusco movimento da leveza de olhar a alma alheia feita ferozes labaredas ateadas no latejar da inflamação.

(Rafael Belo) às 07h53, 06 de dezembro de 2010

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Desejo de sangue

*(8 nosso pano de fundo às vezes é apenas isso, pois os olhos refletem nosso escondido... Captei nesta segunda-feira, 6 )


Por Rafael Belo
Estava sempre tudo muito bem. Eram sorrisos e risadas a qualquer hora. Mas, este era apenas o exterior. Por dentro Bocas Caras planejava desaparecer para poder finalmente ser quem era. Conhecido Samaritano em todo aquele mísero país alojado no meio deste planeta de sentido anti-horário, Bocas não acreditava em bem ou mal, afinal estas baboseiras viviam dentro das pessoas misturadas cabia a cada infeliz indivíduo junto. Assim, ele pregava a si mesmo: “Ninguém é este bando de expressões dúbias e este monte de falas ensaiadas. São como eu, portanto, não somos”.

- Simplesmente sumir sem deixar rastros seria totalmente complicado, pensava em voz alta Caras.

Andava de um lado para o outro dia após dia até anoitecer e o cansaço o mandava de volta para a cama a o receber indisposta e reclamando enxaqueca. Mas, a necessidade de descanso do corpo era tanta a nada impedir sua quase morte. Vários meses passaram desta forma. Bocas tinha mantido a rotina para ninguém desconfiar de coisa alguma. Visitava os anciões, dava sorrisos para crianças hospitalizadas, oferecia caronas a estudantes sonhando ganhar dinheiro com a profissão escolhida, até dava passagem para os demais carros em sinal de educação...

- Rotina normal, não?! NÃO!! DE FORMA ALGUMA! Todas estas ações cidadãs me deixam um caldeirão de ira diabólica mexendo ideias maquiavélicas com um afiado tridente cheio de vontade de empalar como o velho Conde Vlad da Transilvânia. Quem sabe este meu espírito mal vivido nesta encarnação não esteja clamando por voltar as suas origens... Quem sabe esta vontade de matar não seja arcaica, pré-histórica, de algum primórdio ressentimento envelhecido feito um bom vinho com as costas arcadas por milênios de vilanias sanguinárias...

Na manhã seguinte a cidade amanheceu com o nome conhecido por meio de manchetes assustadas: “Noskin City amanhece morta”. A cidade sem pele agonizava ainda nas primeiras horas fétidas passadas do terror de Bocas Caras proporcionado a cada rosto escaldado em carne latejante e cozida na vivacidade antes habitada naqueles corpos. Era o horror de uma expressão direta do inferno. Caras passou dias como cada um de seus ‘amigos’ se desmascarando contando a eles as vezes das trocas de carinho, revelando

- Na verdade eu queria proporcionar a mais temível dor para vocês se revelarem como eu..., contava sibilando a delícia palavreada lentamente. Passou para a próxima cidade sem entender porque ninguém  ali revelou ter desejo de sangue como ele.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

O Outro Lado da Cueca


*(8 O céu é a terra a terra é o céu, o resto é a necessidade do inferno do caminho... Tirei de uma sacada qualquer )

Por Rafael Belo
Este poderia ser trecho daqueles diários íntimos de peça íntimas, ou ‘o Lado B’ da calcinha também... Mas não. É apenas minha mania avessa - esta da qual muitos compartilham. Posso até ser mera ficção, mas seria muito mais irreal se alegasse realidade. Solteirões e solteironas morando sozinhos são um caos. Sim, porque aí começa o outro lado da cueca...! Caótico no meu mundo claro, sei lá o de vocês, mas usar roupas duas vezes, uma vez limpa e outra no verso fingindo não estar suja, costuma ser hábito, meu hábito. Como se a sujeira não infiltrasse nos tecidos...

Diferença evidente do meu mundinho para o do outro lado da cueca é a intimidade. Meu entender de intimidade são coisas públicas, visíveis e palpáveis escondidas enquanto as coisas particulares, invisíveis e impalpáveis são expostas. É tão simples viver assim com as estampas avessas às luzes, dormir com o sol, acordar com a lua... Algo parecido com problemas de anemia e necessidades eternas de transfusão de sangue. Não estou dizendo ser canibal ou vampiro... Tais seres, filhos de Bram Stocker, nasceram em 1897 – do outro lado da página - com a publicação de Drácula, mas andam às escuras só para sugar nossos impostos e outras cositas más... E insistem em dizer terem nascido há milhares de séculos atrás...

Não sabemos o nome de ninguém. Eles não valem nada atrás da cueca, aliás, esqueci de mencionar esta ser usada sobre as calças avessas... Talvez para evidenciar nossa idiotice, nossa melhor qualidade porque inteligência é parente da inveja e é totalmente vazia deste lado da cueca.  Mas, decidi usar minha peça íntima ao contrário e fui solto à deriva no oceano de palavras sábias flutuantes. Meu nome e sobrenome foram bordados ao contrário – para vocês – em minha única roupa (o equivalente a uma roupa por fim de semana- que são cinco dias -).

Encontrei um continente de aparecidos com os meus mesmos detalhes... Intrigante... Parecem todos super-homens cegos e mutilados, mas alguns me indicaram com os pés serem responsáveis pelas tentativas de algo chamado coerência, comunidade, lealdade, honra, Palavra, atenção, equilíbrio, paciência, sinceridade, cidadania, direitos, deveres, carinho, Amor... Mas, quem disse ser verdade!? Quando estava preso e eles desaparecidos também, eram terroristas sociais tentando fazer o mundo permanecer e não acabar.

terça-feira, novembro 30, 2010

Coma social em epilepsia no ápice da Montanha - russa


*( Captei a imagem voltando de uma entrevista... O artista se vira para ser arte e conseguir sobreviver enquantos outros riem ou viram a cara, a vida segue...)

por Rafael Belo

Nenhum analgésico funciona mais. Qualquer anestesia não faz efeito. As alucinações são constantes. As noites dormidas são meros sonhos de um insone em coma social letárgico em olhares epiléticos para a lobotomia do mundo no ápice da sua mediocridade propagandista alastrada no forjar da cultura inútil lapidada em produto de consumo cultural. Não é de admirar os neonazistas ressurgindo, a xenofobia gritando... 

Nem é de se espantar ser a violência a resposta dos menos e mais abastados. A desinformação faz parte da vida cada vez mais conectada... A ignorância e a alienação talvez nunca tenham sido tão vestidas por jovens de mentes dispostas a agir. Por incrível aparência ouvi em uma academia de atividades físicas que se os filhos tivessem a presença dos pais e a escola, não estariam se viciando nos prejuízos do mundo e sim em seus benefícios.

A base da cultura com qualidade até o início dos anos 90, onde já estava mediana, chega ao ápice do colorido e da felicidade carente de quem não sabe o motivo de lutar pela vida nos anos 2000. É normal o declínio ocorrer com o paradoxo de em várias partes algo bom estar se lapidando... Mas, a motivação dada era de crescimento total, não apenas financeiro. Quando os pais foram trabalhar para os filhos não passarem pelos mesmos perrengues passados por eles, substituíram a presença por dinheiro e comodidades. Foram mais avós de uma maneira compensatória.

Por isso, a Síndrome de Peter Pan e da velocidade se conectam invariavelmente, pois, a aplasia é cerebral. Tudo voltou ao instinto inicial de sobrevivência. Socialmente é o coma total, o desconhecimento de si, do outro e do se entregar as causas sem argumentos com porquês coerentes. Os exemplos físicos desapareceram do convívio familiar e qualquer um com certeza de qualquer coisa – por mais forjada seja – acaba como o substituto ideal devido a carência emocional dos últimos 30 anos. Migalhas de atenção, sobras e restos de carinho são os Santo Graal dos anos 2000.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Cavaleiros e Amazonas sem-cabeças contra o tempo

*(8 O tempo de espera também muda a perspectiva de um vidro 'chovido'... Captei no fim de semana)

Por Rafael Belo

Temos a capacidade irracional de ficarmos cegos – não de Amor porque o amor é tudo menos cego, antes disso, ele é um amplificador das qualidades – diante das pessoas e do mundo. Vemos a cidade, mas não enxergamos no meio de tanta massa e concreto o verde, o sorriso ou mesmo os males reais. Ficamos cegos para vermos quem somos ou nos tornamos e para nossas escolhas, posições, os outros e família. Colocamos em mente sermos inigualáveis e com a pele feita de aço vestindo uma falsa alegria sobre a amargura de parar de sonhar mecanizamos. Ah, espero sempre me livrar do fardo de não mais sonhar.

Ficamos surdos a tudo em volta e nossos pensamentos nos levam longe a uma ausência constante e não participamos das conversas e nos tornamos desatentos, mas a culpa não recai só para os ouvidos porque com a surdez vem a tecla mute e nos calamos consequentemente. Estamos mudos ou falantes demais, mas ativos de menos e como refletir e pensar realmente se nossos sentidos estão atrofiando enquanto enquadramos nossos ‘sentadores’ nas cadeiras mais próximas e confortáveis?

Faltando a audição não sabemos apreciar a música mais nem menos, apenas a ecoamos por nossas bocas feitos jingles promocionais quaisquer. Não percebemos sequer o momento da nossa programação passiva sem qualquer paixão. Não sentimos mais o gosto do diálogo, o sabor de ser ouvinte, o apreço de observar atentamente, de sentir um ar puro no orvalho de uma manhã ainda alvorecida das luzes e, então, o milagre da vida deixa de ser verbo perde sua e nossa poesia.

Assistimos e lemos cultura como se o recheio de indiretas e subentendidos fosse mero entretenimento e há tanta política, há tanta ironia e sarcasmos. Por isso, não é surpresa nossa mutação para cavaleiros e amazonas sem-cabeças porque costumamos mais perdê-la e ficar paranóicos com qualquer bobagem a sentirmos com cada sentido o acontecer do tempo. Exageramos tanto quantitativamente a sentarmos de olhar perdido e aparência carente para justificarmos nosso medo do tempo tiquetaqueando dentro e fora de nós.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Espelho d’água d’alma

*(8 O retrovisor muitas vezes apenas no mostra atrás de nós mesmos... Captei neste sábado, 20)


Escorre no tempo as conversas na cama escura
os olhos abertos secretos despertos pela fala procuram
as palavras noturnas no teto sem forma para confessar
nomes dos inomináveis tormentos chovendo lá fora
nosso dentro quarto discreto com carinho imenso nos abraça e afundam

Lembranças do carro parado vendo o vidro escorrer
a espera sincera das ações do acontecer, leve como a brisa chuvosa
indecorosa e solucionada nas amarras dos braços e pernas
na intensa vida eterna de alguns minutos não vistos à noite
enquanto o olhar fecha quente rente a transparência do olho no olho
no retrovisor de nós dois.

Às 11h45 (Rafael Belo) 22 de novembro de 2010.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Abduzido


*( 8 Gotas são a condensação das pessoas quando não sabem ser oceano - tirei no quintal de casa)
Por Rafael Belo

Ah! Estes montes de personalidades multiplicadas na verdade são nenhumas. ‘São’ menos. Neste meu ego fragmentado consumido por palavras vãs me intensifico de intenções deslocadas na psicologia solucionada de mistérios na sociedade. Quantos rótulos tenho a partir para descobrir, me encaixar em todos feito um quebra-cabeça sem encaixes. Na arrancação de cabelo desvairada há momentos de se pensar em nada, mas é como se minha mão esquerda estivesse possuída e, desentendida do resto do corpo, declarasse independência.

Depois da minha abdução, meu nome foi perdido e não passo de um mendigo escondido atrás do álcool consumido neste corpo liquido flexível a multifacetas inexistentes, negligente a imagem no espelho de um homem saudável e farto financeiramente. Só há perguntas na minha mente descontrolada e desentendimentos e digo: ‘Cobrar da pessoa que ama o mesmo amor, não é Amor é material de troca é querer idolatria!’. Me repreendo da imaginação renegada vinda vazia do disforme arrojado na casa abandonada.

Vejo uma intensidade insana ser sentida e acionada. Não para ser refletida, a aplicação incondicional há de ser o bastante ou é mero egoísmo! Me rasgo egoísta, me quebro santo do ‘pau oco’, me pego em automassagem na masturbação de um espelho desfocado... Não posso esperar o mundo parar para a pessoa descer em meu colo e a tratar como a trato, isto é escolher sofrer e não ceder ao livramento, portanto não tem a ver sequer com gostar de outrem. Tem a ver com a solidão, a dissecação ordinária da ilha incoerente procurando nomes próprios a deriva...!

Que nome isso tem?! Qual nome tenho eu ?! Por que meu coma espacial não pode ter sido real? Qual loucura não é elogiada. Ah, elogios a Loucura... A própria personificada... Tempo, Espaço, Harmonia... Sou tanto Caos a esperar uma nova abdução imaginária arbitrária ao efeito São Tomé... Enfiar meus dedos nas chagas para curar meu mal de mim mesmo. Quer expurgar-me feito a doença contraída para tirar a razão da minha Loucura em quem sabe este meu ego fragmentado não se junte renegado e me faça enfim seja lá quem for!

sexta-feira, novembro 05, 2010

Quedas campestres urbanas

Tantos versos, tantos reversos e tantas passagens passando em formas e seres variados e às vezes ao meu lado me passo e me perco na travessia na agonia de fazer meus sonhos sonharem

na imensidão da gota da chuva minhalma é um elo todo da parte do mundo chovendo em mim aos pedaços espalhados no quebra-cabeça assim de peças humanas sonhando poderem sonhar

a realidade de se molharem nas águas celestes caindo campestres no novembro urbano primaveril dando um ar nostálgico na extensão do futuro pendurado no varal da varanda para ver a vida molhar

passada a limpo chuvoso o nublado do início dos reinícios das manhãs convidando contemplação serena aos incômodos de ouvir os sons plúmbeos porque me contenho para o banho de chuva
chove no meu olhar resistente tantos versos contentes por revirarem a inquietação discreta da profecia travessa do profeta do verbo atravessado de lado a lado sua agonia de sonharem sonhos perdidos no encontro de procurar.


Às 13h05 (Rafael Belo) 05 de novembro de 2010. *(8...as gotas são inúmeras mas quando se juntam são um oceano doce, se encaixam e fluem... Tirei do toldo novo da janela do meu quarto nesta sexta chuvosa ,5,)

quarta-feira, novembro 03, 2010

Filas de baixo calão pelas vias

*(Às vezes basta olhar para o céu, mas nem sempre uma olhada é o bastante - tirei na segunda-feira, 1º,)

Por Rafael Belo

É impossível ser impassível, frio e calculista. Bom, é impossível se não há importância a vida. Já confesso o motivo destas palavras enrolativas estarem antecedendo o porquê do texto ser meu estresse no trânsito. Sim, dirigir anda – literalmente – me estressando. Não pela falta de educação, de setas, de ceder, de respeito, mas pela desconsideração a vida. A alta velocidade desproporcional, a pressa, a ignorância e a eterna maldita síndrome de super-homem somada à bipolaridade de piloto profissional de corrida elevada com o egoísmo fazem mal a continuidade.

Deveria ser um alerta do Ministério da Saúde. Irresponsáveis no tráfego das ruas matam mais que qualquer doença ou fatalidade meteorológica. Tudo para chegar mais rápido ou pelo atraso ou pelo citado ‘para o alto e avante’. Dirigir deveria ser apenas uma forma pessoal de se locomover até os locais de interesse. Mas, acaba sendo uma disputa contra o tempo, contra a morte, contra as estatísticas e a favor do ego. Até tempos atrás eu dirigia praticamente na impossibilidade de ser impassível... Recentemente assumi não querer mais comandar um volante com as mãos...

Nem é preciso detalhar as infrações inúmeras praticadas no trânsito pela velha besteira de achar: “comigo não vai acontecer”. Sou mais de ‘quem procura acha’... Ocupamos nosso cérebro de maneira precoce demais. As preocupações constantes a pilharmos feitos antigos piratas podem deixar um vazio mental aliado a inércia parcial e problemas físicos. Somos hipocondríacos do tempo porque o tratamos como uma doença incurável e adoecemos, então, patéticos e conscientes dos problemas causados por nós a nós mesmos.

Somos nosso próprio mal. Aguardamos friamente o cálculo da vida sem paixão e acreditamos na impossibilidade de pararmos os relógios para jamais envelhecermos assim sem aproveitar o percurso, o trajeto diário, os pequenos e grandes detalhes do caminho a seguirmos. Eu prefiro muito mais observar no banco do passageiro e criar vendo tanta gente, registrar a emoção escondida nos rostos atacados pelos sóis particulares dos horários de pico onde até os sem pressa provocam um fila de palavrões atrás de si.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Levando a vida na ladeira de anteolhos

*(As pequenas coisas têm o poder de nos alterar mais do que imaginamos ...Captei na entrada do serviço)

Por Rafael Belo

Uma conspiração! Só podia ser! Enervava-se Falius Idío. “Tanto cheiro podre nesta cidade e esta podridão é lançada contra mim”. Ainda é só um forte sentimento. Não, pressentimento. Mas, tudo que eu pré-sinto acontece. São novos caminhos jogados como se tudo fosse um precipício esperando para me devorar. O universo zomba das minhas escolhas erradas. Pisar em sentimentos mortos e plantar sementes em pedras pontiagudas não dão nem frutos. Ai vou ver a minha fabricação de feitos. Bem, parece eu estar colhendo algo não plantado. Se bem... Feitos e não feitos vêm nos cobrar de qualquer maneira...

Falius saiu. Ao volante se sentia um lunático. “Sinto-me com uma raiva silenciosa e com a cara fechada como se matasse com o olhar”. Não sou como essas pessoas sempre com pressa e furiosas com ‘sei lá’... Mas, elas também não devem ser assim o tempo todo... - indicou com o queixo para ninguém as pessoas passantes - Fechou os olhos no primeiro sinal fechado e deixou um arrepio sorridente tomar conta. Tirou o cabresto e principalmente os anteolhos podendo assim deixar de ver só para frente. Mas, mesmo assim era forçar muito sorrir de repente com todo aquele pesado sentimento dentro de si.

Estão tramando contra a minha pessoa, não preciso de nenhuma certeza física. Preciso me calar e me ouvir. Este calor tomando conta quando paro só... Ouviu o som do freio do seu carro ficar cada vez mais agudo. Abriu a porta e se jogou entre o asfalto e o canteiro, parando com alguns ferimentos no gramado central abaixo de uma árvore quase centenária. Seu carro seguiu alguns metros e deu um mortal para frente... Como se uma força o esmagasse na frente de cima para baixo. Não havia ninguém no horário de pico... “Como pode ser? Onde estão todos?”

O barulho seco da batida do carro no chão era como uma lata gigante sendo amassada para reciclagem. A explosão sequencial sim o surpreendeu. Surpresa maior foi sentir 50 anos passarem em sua mente subitamente no espaço vazio onde só reluzia fumaça e chamas e metal retorcido e sua vida ida sem chegar aos 30 anos. Idade da parada dos sonhos. Quando teve de decidir se sonhava ou vestia o anteolhos. A conspiração era ter prendido a respiração e a perdido então.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Todas as bocas

*(a janela das horas pode ser passada... Em qualquer tempo! Imagem de hoje mesmo)


Está na hora de soltar a escora
e deixar a Alma dominar
se equilibrar nas suas expansões
e se devorar para mastigar limitações


comendo todas as sensações
sentindo os sentidos nas pontas dos dedos nos limiares dos olhos no cingir dos sorrisos

com toda a fome do todo
de um prisioneiro faminto
dono de todas as bocas
danadas da desnutrição do mundo.


Às 14h42 - Rafael Belo, 04 de outubro de 2010.

segunda-feira, outubro 04, 2010

Terceiros minutos

*(as correntes de arrepios percorrem os utensílios do meu corpo junto ao foco do sol... Captei em casa a imagem)


Arrepio percorre o corpo louco por toque
toca a alma um silêncio encantador, expressivo
expressa o coração uma infinitude incabível em qualquer arrepio


pêlos se eriçam atiçam a Força Maior em mim
um fim de começos precipitados por meios
alheios aos fins do mundo constantes,
guardados em fileiras no destruir das estantes

instantes restantes destes precipícios de suicídios inversos
indo em impulso reto para as palavras do coração
dando a cada três minutos uma nova ressurreição.


Às 11h57 (Rafael Belo) 4 de outubro de 2010.

quinta-feira, setembro 30, 2010

'Cordas iluminadas'

*(8 os raios solares nos mexem como fantoches de neve derretendo no novo caminho verde e pedras talhadas... - caminho para fora em casa, captei por estes dias).




Um grito da multidão e a razão se vai
se esvai como se nunca a tivesse sido
dói nos ouvidos antes dos gritos serem físicos e doerem no corpo

dor da mente tão danada por ser desorganizada em esquizofrenia do povo
o rei está morto e seus espólios viraram acessórios na pilhagem do todo
na anarquia do nada inveterada na onda de vazios assolados pelo abandono

Gritos na multidão e os donos se vão
se espalham feitos chuvas dormidas
nas esquinas de nenhum lugar consumido pelos quilos de falas de anulação

há certa hesitação [o rei sou eu ou não?] neste autismo optado pelo medo
com o segredo de fingir burrice enquanto o burro não se ofende com a gente
sussurros de sombras deslocadas confundido tudo e nada nas cordas da manipulação.


Às 14h34, Rafael Belo (30 de setembro, 2010) .

terça-feira, setembro 28, 2010

Bolhas celestes

*(8 quando a imagem a tua frente és tu, capte mesmo sem querer - reflexo em várias parte e deformações) 

 Chove sabão e ventos nos tormentos do mundo
chovem lágrimas condoídas de tantos caminhos sujos
encontram-se raios caros aos mais volúveis
enquanto rostos secam embaixo de chuva
quente, abafada, tresloucada pela fúria das ruas

Sobem sons caídos no chão, sobem tons e depois
transformam-se em uma tênue linha de mesmice
caduquice, da tentativa calma de atacar a fúria encurralada
naquela varrida da poeira ensanguentada para baixo do tapete

os braços se abrem para os céus do livre-arbítrio dos joguetes
o céu não está lá sob as vistas, está subentendido abaixo dos olhos
tristes, enlagrimados pelo sem rumo bem aberto, porém, sem lágrimas por perto.

Às 10h39 (Rafael Belo) 28 de setembro de 2010.

quinta-feira, setembro 23, 2010

República falida da falácia ‘gananciada’

(trabalhamos pelo trabalho, dormimos pela necessidade... tirei na Stock Car)

Por Rafael Belo

Queimando as mulheres pelo Conhecimento e independência que tinham. Coibindo e negando Conhecimento pela apropriação assim era nas antiguidades, assim era a Igreja, assim era a Inquisição, mas conjugando corretamente assim é. Assim são as coisas. O domínio do saber público se torna privado por interesses, pelo poder, pelo maldito papel moeda de circulação tão ‘gananciado’ (reverenciado e queridamente desejado) pelo corruptível ser humano. A manipulação pelos príncipes maquiavélicos fajutos faz parecer anti-heróis tantos seres da falida política aos moldes greco-romanos.

Fato é: para ser tragédia grega é preciso de uma mudança no fim ou uma morte heróica, passando pelo meio o reconhecimento...! Mártires chegaram ao fim também. São lavados secretamente entre palavras verbais pré-existentes lá no início dos mitos da criação da civilização, transmutados, recortados, ‘manipulados’ para o efeito desejado, para uma missão implantada. Há sim uma Força Maior, mas quantos de nós realmente A seguimos?! Esta é a tragédia. Nossa vida vinha a respirar como peripécia, depois nosso reconhecimento quanto ‘atores’ do/no mundo e no fim nossa morte nada trágica porque qual foi a mudança proporcionada por nós? Qual será? Mais conivência em um mundo pessimista?!

Podres de gestões em época eleitoral já putrefatos há tempos ‘surgem’ como novidade e salvação para a cultura cristã propagada do pudor, da ética, da moral, dos mandamentos - não seguidos -... Nossa submissão ao ‘não é nosso problema’ é tão de joelhos quanto nossos olhos, boca e ouvidos fechados. A coletiva cegueira de sentidos mostra o quanto estamos falidos, o quanto estamos fadados a canina morte por botinas pisadas nas nossas caras. A diferença é a beca que agora é sorridente feito o “Advogado do Diabo” e ao invés de botas calça um ‘belo’ sapato de marca.

Mas, se fazemos nosso destino - contrariando nossas crenças religiosas – é falácia falar em falência, confesso. Acomodação cai melhor. Algo como ‘não mexe no meu e eu não mexo no seu’. Nossa adoração a celebridades, a pastores de duvidosa retórica e a populares imagens mitografadas (que tornamos mitos, gravamos as imagens e as propagamos) é um afronta fatal a nossa suposta racionalidade porque por trás dos panos continuamos censurando e queimando mulheres nas fogueiras das nossas vaidades.

terça-feira, setembro 21, 2010

Renegando a criação de seu mundo

(A poeira toma conta de nós, nós tomamos conta da poeira e na confusão somos todos pós desta terra  - Captei imagem da pista de motocross saída para Três Lagoas, rumo a Stock Car)

Por Rafael Belo

Carlos se afastou de si. Depois não mais se aproximou. O início veio depois daqueles passos silenciosos do vazio da sua casa... Então, seus sentidos não pareciam mais funcionar. Enquanto pensava, tentava saber de onde vinham aqueles ecos se o dia ainda não se movia e a manhã nem amanhecera... Arrastou-se até à tarde sem barulhos, feito o sol seco sepulcro. Se não se arrastasse em círculos estaria completamente catatônico. Um coma de se renegar. Renegado inconscientemente diante de si... Três vezes se negou, silenciou a mente e costurou os lábios com os metais de seu antigo aparelho dental.

Carlos Shift estava na dúvida em dívida, dividindo a dúvida com a ignorância enfeitada. Não queria tirar o enfeite e fazer os seus feitos. Já não sabia o quanto era escolha permanecer na sua profissão de gosto, não sabia mais o quanto gostava de seu emprego... Sabia sim! Não gostava mais, não agüentava... Queria desistir de tanto dinheiro infeliz. Repetia: “Por que meu Deus?! Por que usar este papel da ganância cheirando a morte...? Por que te abandonamos?!”. Esta igreja que somos, sempre transferida a concretos fechados e cheios de segurança lotados de verborragia... A negação de nós templos... Ah, Tenho me comprimido tanto a deixar minha mente calada, como esta casa sussurrante.

Shift sempre segurou e selecionou em massa suas decisões. Sua aparente tristeza e raiva colérica era simplesmente sua resignação. Um basta corpóreo cerebral... Direcionando aquela imagem perdida no reflexo, destoada naquele contorno de sombra. Seus sentidos não faziam sentido algum. Pareciam ter entrado de férias para fazê-lo cair, não importasse a altura, não importava a morte e viver tinha se tornado feio... Até errado.

Mas, a morte virá de outra forma... Quando tiver de vir. Percebe voltar a perceber e uma sensação de abafamento interno me impede de respirar naturalmente, minha garganta seca fechada, arde como minhas narinas, meus olhos cansados realmente tornaram-se parentes do luto... Estão fundos como sentimentos rasos julgados... Sinto-me parte de meus ídolos mortos... Sinto-me Kurt Cobain, Renato Russo, Cazuza, Jim Morrison... Mas desta vez é diferente. Não é só um sentimento, é um reconhecimento.

Achei das outras vezes ter sido estas almas amplificadoras do mundo – por pensar as entender-, mas sou o ser amplificador, o mesmo não a vida dos corpos... Meu fim será outro, não por minhas mãos ou desatos condenados. Sou renegado e desta vez renego quem criei para o mundo. Inicio neste fim meu grito para voltar a me aproximar de mim.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Diluído em condensões

(8 quantos reflexos têm uma face concentrada em uma mesma imagem dispersa? - captei nesta quarta cheia - versos inspirados na poesia Diluição de Deise Anne do poesia do tempo *ps: esta foto não é montagem, a tirei desta maneira)




De repente tenho de me tornar quem sou
e me empurro com um sorriso malfeito
para um debate em mim com meus eus condensados
minhas escolhas não feitas meus eus paralelos
aqueles reflexos de quem quase sou
[Eu mesmo]

minhas outras dimensões diluídas me provocando
provando o erro de ser apenas um pouquinho de mim
degustando o medo tão novo e verde, de oferecer as faces ao público
de ser eu futuro de mim mesmo sem arrependimentos
conjugado com coragem e olhos fechados no sorriso aberto
[Eu sou quem sou]

Rafael Belo, às 23h59, 13 de setembro de 2010.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Esperando o ônibus, àquele a não vir jamais

(8 a profundidade e o ciclo de identidade de um rio vai além da superfície limpa e de correntezas... Rio Vacarias ... captei mês passado)


por Rafael Belo

Uma manhã abafada e muito quente. Plena segunda-feira. Dia mundial da preguicite aguda. Um sol particular o guia até o ponto de ônibus, mas com o sinal fechado para pedestre vê impotente centenas de carros passando enquanto seu ônibus se vai. Passa do meio-dia. Busca uma sombra para esperar pelo próximo, pega uma porção de papéis e se absorve por instantes, quando um carro sobe a toda velocidade na calçada e para bem na sua frente. Tira os olhos das contas a somar e olha para o veículo preto.

Um idoso lhe pedia informações. Ele assimilava o fato irreal. Começou a observar o senhor havia rímel em seus olhos. “Devia ser este mesmo”, pensou. Mesmo esperando o inesperado aquilo o deixou pouco à vontade. O senhor precisava chegar à prefeitura. A princípio o jovem negou saber o caminho, mas diante do fato da carona inusitada aceitou a aventura. Ao entrar veio a arrancada. Definitivamente fora um erro entrar. O pretexto utilizado mostrou exatamente ser um pretexto segundos depois.

Em tentativas canalhas de tirar informações o idoso informara na verdade ter achado o jovem atraente e o ter visto atravessar a rua. Era médico. Vivia mudando. Perguntou se por acaso ele gostava de outras situações sexuais. Resignado o carona negou e de mal entendido falou da namorada. Contraventor, o senhor falou do próprio namorado, do casamento terminado e de filhas. Insistiu, roçou a mão no joelho do adolescente. A cara daquele menor só não estava mais fechada e amarrada por causa do objetivo.

Há cinco anos em outro lugar. Ele era presa fácil tinha 12 anos vinha da peseudonamorada debaixo de chuva. Magrelo e sem camiseta a altas horas. Um carro começou a acompanhá-lo e fez perguntas referentes à homossexualidade. Cheio de hormônios amassou totalmente a porta direita do sujeito a pontapés. Guardo uma raiva para uma vingança futura. Mais uma vez afrontado. “Gay?!... Eu?!” Suas feições se tornavam aterrorizantes. Sugeriu um lugar distante da movimentação. “Este merecia morrer. Só pode ser este o extirpador do meio-dia”, se encorajava. Havia investigado eram muitos na verdade. O adolescente só tinha aparência de jovem, tinha mais de 30... Era um justiceiro recém-nascido...

Entre as balas cheias de anestesia e o banho no rio poluído planejava dar meia hora para chamar seus companheiros da polícia. Enquanto isso, com o bisturi do assassino retalhou a carne relaxada, manchou as luvas vestidas do mesmo com o sangue envenenado e o espalhou pelo carro confirmando se ainda estava vivo o verdadeiro cruel. Escreveu com as partes do corpo desmembradas daquele idoso assassino devorador de almas: “Um já foi faltam nove...” Caminhou tranquilamente frio sobre o sol ardente para casa pensando ter encontrado nova vocação.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Desconstrução das máscaras insones

(8 os tons retumbam reverberações potencializadas ao extremo para libertação foto minha by Kari)

por Rafael Belo

Já nada importava aquela altura. Uma simples palavras ‘destruira’ seu mundo de areia e água. Não conseguia criar castelos de palavras nem na praia nem nas nuvens. Sua segurança foi minada pelo seu próprio ego, pela sua arrogância disfarçada de feitos e dons domesticada para um afago, um cafuné gostoso motivado a não ganhar detestáveis rótulos limitantes. Sua noite insone ganhou uma máscara na manhã seguinte quando a última barreira de seus sentimentos virou pó nos olhos. A impaciência e o tempo a se alentar em lentidão de horas paradas era uma angústia atada nas decisões.

Ele queria gritar. Gritou. Ele queria cingi-la em seus braços feito a extensão independente de si mesmo, sendo tão munida de atitude e personalidade a não caber indistinta em mais ninguém. Ainda não era tempo de apagar os espaços inexistentes entre eles. Mas aquela simples palavra o afastava em paranóia sua flutuação alheia ao dia sido, ido, vindouro... A força daquelas vogais e consoantes unidas ralara suas mãos até feri-las em profundidade, mas parecia mesmo ter-lhe rasgado a alma. Difícil ficou respirar. Só a mudança no tom de voz mínima quase imperceptível o havia alterado. Não importava o dito por ela. Ele sabia e sentia.

Seu medo era magoar e decepcionar. Ao fazê-lo se desfez de si. Era um ruim bom. Seja lá qual fosse sua antiga prisão estava liberto. Sem barreiras sem fronteiras. Transcendia em dor. Não adiantava dizer ‘não sabia’, era mentira e doeria mais. Talvez não doesse tanto nela, no entanto o maior objetivo dele era a felicidade imaculada dela. Agora havia máculas e ele sem aonde se esconder de si teria de conviver com isso... Sofrimento escolhido a dedo pelo delivery telefônico. Um sadomasoquismo aflito inverso para não ter prazer. Mais uma transcendência era necessária.

A esta altura dos pensamentos já havia transpassado quilômetros sem a percepção de dias e noites e sua máscara insone começava a se desfazer com o brotar de um sorriso como um confluência de areia e água em uma tempestade do deserto urbano. Voltava a importar tudo referente aos outros. Quem não importava era ele. Ele precisa descobrir ‘onde estava?’ e construir a partir das marcas da destruição. ‘É preciso saber destruir para construir’, pensava ele. Uma palavra apenas foi um verbo forte e avassalador suficiente para ser o fim de um mundo. Seu sorriso renovado voltava triunfante com ares de altruísmo e porvir.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Pescando a depredação dos seus e nossos

(8 Rio Vacarias - imagem que captei no último dia 26)

por Rafael Belo

Arde o nariz, ardem os olhos, seca a garganta, racha a boca... E as pedras não rolam sobre o Rio Vacarias. O calor e a ausência de chuvas deixam as geladas águas a qualquer hora, em uma fina camada sobre as pedras. Estas estão apenas a um fio de sair d’água. Mesmo assim pescadores jogam redes, tarrafas e fazem fogueiras no leito do rio. Latinhas, e copos estão espalhados aqui e ali para prejudicar a visão natural.

Uma bela paisagem para tempos de seca e baixa umidade em Mato Grosso do Sul. A corredeira, localizada nas imediações de Sidrolândia tem este quê de extasiante. Chegando ao local pela trilha quase de rally sonhando com algo a umedecer os lábios – sem serem somente beijos molhados – há lá pseudopescadores com uma rede atravessando o rio pedregoso de ponta a ponta e exibindo peixes para os flashes digitais e uma tarrafa sendo arremessada mais acima.

Silenciosos em seu descaso ambiental logo vão embora ou pelo roubo farto ao rio ou pela nossa presença - quem sabe. Mas, os vestígios presentes no leito quase falecido são restos de fogueiras, copos e latinhas... Uma beleza!!! O imediatismo não é apenas fator jovem impulsionado com mais estímulo na internet. Está presente na visão curta e turva ao lado do rio deitado às claras sobre as pedras tentando se refrescar de sol enquanto gelam nossos pés suas águas corridas.

Som massageante para os ouvidos acostumados à poluição sonora das cidades. O Rio correndo desta depredação aos seus – e aos nossos - criando a trilha sonora da fuga onde nunca é o mesmo por sua constante fluência em bom exemplo. Crescendo mesmo menor na seca. Enquanto ainda em seu leito são recolhidos os restos humanos apreciadores de si mesmos, usurpadores da beleza até de um leito secando, mas forte o suficiente para correr nu sobre as pedras.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Diluído e seco pelo ar de elucubrações

(8 no sítio dos sogros rs captei também no último dia 26... Há mais leituras em profundidade, há mais letras nas palavras...)

por Rafael Belo

Nem uma umidade passava por aquele espaço. A seca imperava também nas pessoas. As últimas reservas de água já inexistiam há certo tempo... Era inverno, era primavera era verão, era outono... Era nada. Simplesmente não havia mais a noção de continuidade. Um prolongamento de ‘como nossos pais’ estampava queimado nos rostos envelhecidos pelo mau uso do sol constante e abafado, mesmo à noite quando o bafo das horas paradas salpicava em brasa os pulmões de quem buscava uma gota de respiração profunda.

Cada corpo se acendia em alerta. ‘Uma tal’ emergência alarmava como gritos inumanos agudos de repetição no deserto urbano tão lotados de areia nos olhos e tão dentro dos ouvidos. Pessoas em busca de sombras. A água fresca borbulhava. Quedas, oásis e delírios no concreto de visão turva e ondulante. Estar vivo era vestir o cansaço do mundo e se arrastar por aí revivendo os filmes críticos de zumbis alardeados pelas vitrines no consumo compulsivo. Difícil é saber se é passado, se é presente ou aquele chamado futuro.

Conjugar palavras é julgar o local temporal do verbo. Para declamá-lo é preciso fluir. Escoar as conjunções em correnteza de sentido só com um rio fluente e afluente neste espaço seco sem reservas. Há peso na respiração. Qual o motivo do ar precisar de água... Vida, claro! Posso escutar meu cérebro cozinhar com minha cabeça aberta e ter cortada parte por parte a massa cinzenta desglutinada a nos fazer sentido e sem noção também. As reservas do meu corpo procuram um espaço para me desovar pensando com o vácuo da alma eletricamente ligado pelo resto das sinapses ululantes, cheias de passear pelo oitavos sentidos reminiscentes de um conjunto empático tão verborrágico quanto o calar de um olhar expressivo.

Houve até 80% de corpo na minha água. Agora há só vapor condensado no meu eu descaso ainda pensando existir, Decárte. Fui Decárte... Agora penso no limite do reconhecimento de si. O pensamento não é nada sem ação. Sou menos de 6% de vapor. Mais seco a úmido. Mais menos. Quem dera um beijo me desse força como antes. Quem dera soubessem mais vocês de mim. Uma hipérbole sem tecla SAP, sem tradução para maiores. As lamentações chegam ao caminho da desova. Diluído e seco. Mais uma quinzena e a chuva me traz de volta. O beijo recuperador do céu. Tempo derradeiro do espaço absoluto.