sábado, novembro 12, 2011

Pequenos milagres ao sol

*(...em todas as dimensões a Luz chegou e mostrou o quanto há milagres na vida...) captei nos fundos do serviço na quarta, Rafael Belo.


por Rafael Belo
Ela simplesmente juntou tudo que lhe pertencia – as roupas e materiais passou o mês doando -, respirou em profundidade, ligou o som e deixou correr as lágrimas. Era a primeira decisão de sua vida em silêncio e sem influências de terceiros ou primeiros...  Deixou-se pela última vez deitar debaixo das flores roxas e ver a versão original do sol espreguiçar seus longos raios acolhedores para mais um dia milagreiro. Daria seus primeiros passos no escuro e na solidão em quase 20 anos. Já beirava os 35 e sabia: solitária não ficaria. Quem realmente a conhecia a entenderia e da forma de cada a incentivaria. Estavam com ela, além das lembranças.

Perita em pequenas armas e mestre em Aikido, correria menos riscos de morte pela sua caminhada. Aika Sophia esperava um dia poder ajudar as pessoas a crerem. Mas, como jurou protegê-las quando se formou há 13 anos, o prosseguiria fazendo, mesmo sem a farda. Planejou viver de sua arte de escrever e filosofar por meio da fotografia – seu hobby – e da poesia – sua expressão diária. Decidiu escolher em cada cidade passada uma pessoa coerente e consciente na medida do possível, de si e do mundo. Além de seu quimono, suas faixas de graduação e conhecimento, carregava sua máquina fotográfica...

Não imaginou que o Grande Criador pudesse abençoar sua até que enfim decisão. Quando choveu, no seu primeiro passo fora de casa, seus olhos choveram também – de novo. Era a paz e a alegria misturando doce e salgado em seu rosto no arrepio da sua alma pelo corpo. A alegria nunca foi tão bem lavada. E entre as nuvens e o os raios fugidios do sol escondido coloriu um imenso arco-íris fascinante. Uma revoada de diversas espécies de pássaros pousou ao seu redor e cantou. Em meio a tanta água, Aika Sophia sorriu. Como velho hábito juntou os dedos da mão direita e os tocou como um golpe na diagonal da sua testa sobre a sobrancelha direita e rapidamente retirou: “Sim Senhor, Senhor!”

Recolheu suas coisas da varanda e continuou seus novos passos. A chuva cessou e parecia o fim da manhã. Ficou feliz por ser pequena e se sentir tão imensa – mesmo com seus menos de 1,70m -  media  todas as medidas do universo. Seus pecados foram lavados e agora sabia o rumo certo para seus dons. Quem sabe voltaria a postar na ‘voz do post a libertar’ quando pudesse falar como todos de uma vez na conexão única... Agora o faria um a um até voltar ao todos ser um. Enquanto saia da cidade imaginou como seria amanhã quando amanhecesse e seus post do dia continuasse dormindo...

Um comentário:

Luna Sanchez disse...

Eu me identifiquei porque também chovo com a chuva, Aliás ela é o meu pretexto preferido pra chover.

Gosto do teu jeito de catalisar coisas belas, moço. Gosto imenso.

Um beijo.