Os
passarinhos te observam de longe ariscos e prontos para protegerem as asas. Esta
é a liberdade rimando com verdade. Eles esperam você estar a uma distância
segura para agirem e enquanto não fizermos parte do lugar, formos mais uma cor
na vegetação, seguem da mesma forma. É natural. Quando estamos sós não nos
sentimos mais livres? Ao tirarmos as restrições, cobranças, o inútil sentimento
de posse e estarmos bem com quem somos nos sentiremos com quem amamos também.
Somos
condicionados a sempre colocar e não tirar. Ao menos não tirar de verdade... Tirar
aquela imensidão de roupas que passam meses esquecidas em algum canto do
guarda-roupa e alegamos afeição por elas, tirar aquele alimento que nos faz mal
e o acusamos de ser gostoso, retirar aquela palavra que ofende e insistimos não
ter outro jeito, além de outros detalhes responsáveis pela vida... Para tanto
precisamos limpar a poeira do músculo responsável pelos músculos: o cérebro.
Pensar
e esvaziar a mente são dois atos humanos a nos humanizar quase na mesma medida
de um sincero sorriso e daquela chuva necessária depois de um longo período de
seca. A liberdade obtida ao compreender estas necessidades do corpo, da alma,
do coração e da mente é o caminho para tirarmos as correntes que colocamos nos
nossos pulsos e tornozelos. Mas quando soubermos do que são feitas as nossas
asas nada nos prenderá porque uma mente limpa e consciente voa.
Nossas
asas são forjadas de finas camadas responsáveis por nossas cores, proteção,
pela ação da corrente de ar, nosso aquecimento e espalhar de calor. Assim,
desengaiolados como a esperança solta neste 2016, podemos ser sinônimos do
cheiro dos ventos dos morros, o frescor da mata selvagem, a invasão das flores
e, portanto, das borboletas dos mais variados tamanhos, formas e cores com a
possibilidade de registrar todos estes momentos e espalhar as sementes, os aromas
e um pouco de nós, frágeis, resistentes e flexíveis, por isso somos mais
borboletas que pássaros.
Um comentário:
Lindo texto!...podemos ser sinônimos do cheiro dos ventos...! Perfeito.
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