sexta-feira, julho 24, 2020

Toda dor (miniconto)







por Rafael Belo

Pedi toda tua dor pra mim. Como carregar um ventre que não te pertence? Eu, mulher infértil, como fertilizarei? Busquei na fé tão somente. Li Tuas Palavras apenas procurando minha razão, então, não havia leitura. Era um ruptura desta separação inexistente.

Alma, carne e mente são um só. Porém, os profetas do prazer propagam a satisfação deturpada, limada dos propósitos de Deus. A energia criativa nos habita e a gente confunde com o prazer da carne. É porque nossa cultura assim trouxe, assim nos separou e desta forma nos segmentou em sedentos, obstáculos e resistência enquanto controlamos a própria Essência sussurrando silêncios retumbantes no ouvido do nosso Ser.

Prazer sensorial da carne é limitado aos sentidos e imagens da mente, mas ser obediente a alma e romper estes obstáculos da separação. Não há separação. Somos uno com o todo, mas nossa mente formatada vai errada vagando.

Criando mortes constantes, quando somos vidas abundantes. A própria criação, lar do princípio, o habitar do Jardim do Éden, o próprio sagrado e ser sedmentado em segmentos e justamente jogar estas pedras nesta minha situação. Estou divisão e não tenho que carregar nenhuma dor porque ela é crescimento, basta ler com o coração. Toda dor em mim sem crescimento é fermento de desertificação. Preciso sair deste deserto para compartilhar o cálice do transbordamento em ação.