sexta-feira, maio 14, 2010

Foragida

8 uma mistura da definição da 'foragida' que captei no meu bom e velho quintal...
Por Rafael Belo

Não havia por que dizer algo, mas o silêncio atormentava dentro da minha mente acolchoada em total branco sem portas nem janelas. Meus pensamentos pararam, as imagens se foram com as vozes. Até... Até os ecos... Os ecos também me abandonaram junto com aquela camisa única amarrada por tanto em mim. Jogo-me nas minhas paredes procurando meu precipício... Lá no princípio, mas não caio. Não saio de mim. Há gente lá fora, talvez meus outros eus estejam por lá.

Lá aonde não há ninguém. Quando não são parte de quem sou em partes... Uma indefinição com múltiplas personalidades moldadas antes em uma. Nada concatena mais, minhas costuras foram desfeitas para o bem da má sociedade patética. Tenho meus espasmos, minhas síndromes de consciência, mas sou inconsciência estranha a este corpo do mundo montado. Diferente... Quantos eus de vocês não me são? Nada de sanidade por aqui... Ela se baniu por ela mesma... Para ser sã, finalmente...

Meus dados não rolam mais. Estão gastos e ralados. Entorpeceram-me aqui para eu não mais jogar. Todos jogam dados diários... Procuram me negar ou se perguntam se me são. É só rir e falar só. É ‘só’ o sol sair do eixo deslocado da cultura do medo. É só parar e fazer o contrário. É só se importar, tachar se otário... É só rir e falar só.

Assumam-me e parem de sumir. Deixem sua crueldade se acusar. Misturem os dados da falsa normalidade e lancem-os ao universo... Deem meu habeas corpus. Este controle... Deixem-me descontrolar. Debatido. Sinto as barras de ferro geladas, as amarras da maca e meu nome sorri ‘in sano’ de uma dimensão a outra da boca. Estou rouca de tanto gritar o atormentado silêncio. Vou fugir.

Um comentário:

Celso Andrade disse...

Qem nunca em vida disse que queria fugir? faz parte, as vezes é a solução as vezes é chateação mesmo.

bacana o blog.

abraço