domingo, março 01, 2020

Perdida (miniconto)










por Rafael Belo
Estava eu perdida… De novo.  Não acertava nada, não reconhecia nada… Eu me sentia em um deserto bem na temporada de tempestades de areia. Eu me sentia o deserto. Mas desta vez era totalmente diferente. É! É totalmente diferente! Estava sozinha. Mesmo assim sentia não estar. Sentia ser necessário tudo isso. Era a primeira vez que eu lidava com este sentimento. É! É a primeira vez! 

Só não tirei a vida de ninguém nem cometi adultério ou roubei… Bom… Melhor não listar os pecados. De que adianta? Preciso confessar… Preciso reconhecer… Todos os motivos que me afastaram. Tenho fome. Tenho cedo e nada me sacia, nada me satisfaz. Pelo menos eu não reclamo mais. Não fico balindo ou procurando ouvir alguém balir para mim, mas não permiti me tosquiarem mais. Fiquei muito orgulhosa da minha lã.

Quando percebi. Quando dei por mim. Estava aqui, sem mim… Percebi que todo vazio é preenchido, todo espaço ocupado… Todo o possível a fazer, senti, era aceitar. Com mais compreensão eu aceitei novamente. A cada passo dado aceitava mais uma vez e outra vez e continuamente aceito. Nunca estive só, gritei. Algo Inexplicável, Inabalável e Onipresente me chama para a igualdade, para ser a própria profecia. Choveu. Eu só via Luz.

Esta Luz. Sim! Esta Luz! É Paz! É Amor! Ela é realmente O Alimento! Veio atrás de mim porque meus irmãos estão Salvos. Posso aceitar minha Salvação. Novamente. Sem desvios! Segui a Luz. Ela está sempre em meu coração. Caminho na tranquilidade e logo, aqui estou, com os meus. Há festa. Batem os sinos, balem meus iguais. Toda vez que eu me perder não estarei perdido. Sei que só preciso confiar e mais uma vez aceitar.