segunda-feira, março 02, 2009

Temor da vida


por Rafael Belo

Com os olhos vidrados em cada som produzido aos arredores algumas pessoas estão em pânico constante. Já perceberam? Os efeitos às vezes, ou muitas delas, não são de traumas, experiências alheias ou alguma pré-morte. São de ouvir falar, de assistir ou do nada mesmo. É uma angústia constante “viver” assim, imagino. Não dormir para não ser assaltado em casa e ainda assim não ter qualquer arma diferente de uma faquinha cega de pão. Luzes acesas, olhos vidrados, coração disparado e a porta de casa cheia de apetrechos Magaiver do Paraguai que só assustam quem chega tarde em casa. Se houver o assalto, qual a reação? “Parado ou te... Passo manteiga! Não estou brincando! Se afaste ou vou te lambuzar até você não conseguir ficar mais em pé”. Que obsessão absurda... Redundante! Qual não é? Há pessoas que não saem de casa por puro medo de ser abordada... Que horas são, por favor? Ahhhh...

Observo bem as pessoas antes de perguntar e fico pensando se vão me responder me ignorar me esfaquear... Aí sim - ainda pensando tudo - pergunto local de tal rua, as horas quando o celular descarrega. Às vezes obtenho boas informações, sabe, com detalhes e referências, outras as pessoas dão aquela paradinha involuntária já se preparando para correr, falam muito rápido e antes de você agradecer, somem. O medo vive no canto dos olhos. Você ouve passos e aperta os seus, você vê alguém com quem não se familiariza e muda de calçada, o sinal fecha e você olha para todos os lados implorando para abrir logo, você faz de tudo para não ter que andar sozinho e confia em quase ninguém. Que tristeza! Viver com o coração não garganta não ajuda ninguém a respirar e por que pensar que isso é “normal”? Porque é o comportamento padrão da nossa sociedade. Ah, bom! Agora sim!

Na ponta da língua. Ter medo é normal, mas viver com medo... Aliás, esqueça o “normal”. Já não é palavra confiável! Está é a palavra chave, não é?! Confiança! É aquela história de tentar se suicidar e levar o milagre da vida para outras argumentações. Quem quer tirar a própria vida, o faz. Há filmes e livros sobre este ato obsceno e medonho. Mas a “falha” desta tentativa indica o medo de seguir em frente, de estar sozinho, de enfrentar a vida, de pedir e aceitar a necessidade de ajuda, de achar que agüenta o que o caminho seguido lhe proporciona ou proporcionou sem ninguém, então, a palavra solta a alguma linhas volta: Confiança. Coragem não é o antônimo de medo. Antônimo de medo é confiança, porque coragem não é ausência de medo. Confiança sim.se você confia em Algo maior e m sim mesmo, não há porque evitar a vida a temendo. Caso contrário, é hora de aprender a confiar.

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