segunda-feira, outubro 03, 2016

Versões do impossível


por Rafael Belo

O artista espera o sinal fechar, veste seu sorriso e faz os malabares com graça e equilíbrio não é possível ignorar, mas o sinal abre antes do show terminar. Os motoristas disparam e não reparam na arte urbana, não contribuem, fingem não haver dignidade no trabalho de entreter e alegrar o cotidiano. É uma troca do cinza pelo colorido, do maçante pelo divertido, da cidade pela infância e até a esperança chega a nos abraçar novamente.  

São sinais das possibilidades da vida para erguermos a cabeça e investirmos em nós mesmos. Não só pessoalmente, na qualidade dos nossos relacionamentos e profissionalmente. Fracassos acontecem, derrotas se enfileiram, mas cabe somente a cada um de nós seguir em frente, escolher o que fazer, como reagir, mas reagir de fato. Temos que Investir em quem nós somos e quem gostaríamos de nos tornar porque se deixarmos a vida nos levar perderemos nosso propósito.

Nós precisamos levar a vida, remar com convicção e acreditarmos no nosso potencial. O desamor, o ódio, o rancor, a desesperança e a mágoa não podem ter lugar em nós. É amargo e solitário o caminho de conflitos sem solução, de ataques gratuitos, de traição... É lamentável o ser humano se permitir rastejar, ir tão baixo a se confundir com o ventre das cobras, mas da mesma forma é triste e deprimente ver pessoas jogando seus dons e possibilidades pela janela escura da noite.


É visível nem sempre ser possível dar flores ao invés de espinhos porque, às vezes, ações e reações mais duras são a solução. Mas, perder a ternura, a capacidade de acreditar no outro e em si, não é só uma derrota física e mental, mas espiritual. Endurecer não pode ser uma situação definitiva, precisamos ser flexíveis, porém, ética e moralmente são as únicas versões do impossível da qual não podemos nos mover um milímetro e nosso caráter é nossa força.

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