domingo, agosto 11, 2019

Posso ver (miniconto)







por Rafael Belo
Tudo que eu queria era sumir, fugir, desaparecer… Aproveitar a reclusão das pessoas no inverno, esta neblina saindo de mim e me condensar para logo me dissipar. Esta pressa, esta pressão, este imediatismo me desloca. Faz-me bater a porta e fingir um estado diferente do meu. Afastei-me tanto de mim e nada do que era meu é mais. 

Ocupei meu mundo, acabei com meu tempo e agora preciso esvaziar. Estou cheia de matéria e emoções. Não sou fluída. Tenho certeza sobre estes sons ouvidos em toda parte. É meu espírito perdido. Expulso por tantas coisas matériais e distúrbios emocionais que cultivei. Não tenha medo do meu espírito. Ele busca iguais…

Ele vai voltar para meu corpo enquanto ainda o mantenho. Eu sou um templo, como você, de Algo Maior, Deus. Está aqui. Somos Sua Igreja. Mas eu deixei de ouvir este Verbo transcendente. Reclamo, desconfio, questiono… Deixei de confiar há muito tempo e cai no abismo sem fim que me ttansformei. 

Sou um Lar vazio, mas ainda assim um Lar. Sinto minha alma vir. Ajoelho sem necessidade, mas o Poder é tamanho, é tremendo que preciso me curvar para melhor sentir. Quando ergo meu olhos Vejo. Nenhum ser humano aguentaria enxergar Deus. Mas minha jornada me trouxe a maior Graça, a humildade e o Amor. Agora posso Ver.

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