sexta-feira, dezembro 25, 2020

Filme inédito já visto (miniconto)

 







por Rafael Belo


Chegamos após horas nas águas. Não sei se esse é o passado ou o futuro. Sei não haver vestígios de nada. Não há história nem nada ou ninguém inspirando. Só há medo. Éramos um grupo imenso e poderoso. Mas tudo que ela precisou fazer foi acabar com a memória de todas. Ficaram lá dizimadas. Escravas Dela. Ninguém jamais soube seu nome. Então nada era conhecimento, tudo é especulação. Mas vou descobrir cada detalhe.


Eu era todas as que chegaram. A que veio de elefante, a que veio sobre as águas... Todas tinham um animal representando uma nação. O poder era a representatividade e ela acabou com isso. Todos só podiam servi-la. A primeira resistência de independência a pessoa era apagada da existência. Foi quando uma estrela brilhou cegamente sobre mim. Não era para eu enxergar ou sequer viver diante de tanto poder… Mesmo assim lá estava eu. Aquela Luz me libertava e protegia. Lembrei do significado do Natal. Lembrei que a data representava o início da nossa Salvação. E o que era Ela?


Eu tinha uma vaga impressão que Ela era um disfarce. Tenho certeza ser ele. Um homem. Da tribo excluída pelo desenvolvimento da violência e da submissão. Como ele escapou e faz todas pensarem ele ser ela? Como este Machismo devorando as entranhas virou soberano? Quando tudo se tornou patriarcal? Por quê tudo se tornou extremo? Não entendo como quase acabaram com nós, mulheres...


É pura magia corrompendo as pessoas, utilizando truques e atalhos como se fosse natural resolver assim quaisquer problemas. Só a União e a Paz edificam. Só o Amor constrói… Estou me sentindo tão clichê ou um filme inédito que todo mundo acha ter visto… É preciso despertar a fé nas pessoas. Não adianta forçar, fazer milagres para quem se recusa a acreditar. Tolos! Pensam que cada peça tem seu lugar marcado. Lá vem ele disfarçado de Ela. A Luz me revelou. Acabarei com a ilusão ou serei mártir por 15 minutos de viralizar?