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quinta-feira, junho 25, 2015

permanentes



As peças caem umas sobre as outras
ostras que deveriam se abrir e se fecham
testam a dolorida dor da queda em fila

ensina inevitavelmente o efeito dominó
pó acumulado exagerando o mundo

no fundo da poeira estamos à beira
de um abismo de luz pulsante

e na falta de cidadania deixamos de ser cidadãos em um instante

distantes de Amar a si e ao próximo no ócio de faltas somatórias
divisórias chorando direito sobre direitos da cegueira provisória.

(às 12h29, Rafael Belo, quinta-feira, 25 de junho de 2015)

terça-feira, junho 23, 2015

destros



Fale direito na direita da Rua Direita
em qualquer direção da Sé veja as diversas facetas da fé
lado a lado com o paralelo do labirinto das informações

as migalhas dos direitos estão perdidas nos mendigos em contemplações
a vida como poderia ser não é

e os dedos apontam culpados em todas as direções

turistas nativos no espelho das divagações girando em pé
olham abobados para onde deveriam ir e não vão, presos nos vão
maré de gente se achando esperta mas tão inocente recebendo cafuné
outras tantas ondas se misturando para não perguntar e se perdem na falta d’água deste mar.

(às 13h41, Rafael Belo, 23 de junho de 2015, terça-feira)

quinta-feira, junho 18, 2015

errar o alvo



cai a depressão bem no meio da preguiça
arisca na moleza de rosnando se encolher
lentamente domina o sofá aterroriza
anonimamente escolhe as sombras para desaparecer

engole a gula voraz com olhos de cólera
medica sua inveja tarja preta com orgulho
se apega a avareza com toda luxúria inglória
espreguiça todo o casual vestido de embrulho

assumo o motivo extensivo do espalhar da cárie
omissa ao sorrir o esquecer da glória não estou seguro
em cercados com o desencadear do segundo evito pecare

estou de baixo a médio imaginando o assédio em sete pecados.


(às 23h21, Rafael Belo, quarta-feira, 17 de junho de 2015)

terça-feira, junho 16, 2015

pequenos pedaços



um silêncio me incomoda de hora em hora
pontualmente se interrompe procurando pensamentos
olho para a noite no quarto procurando dormir mas demora
não há um olhar de volta já sou só documentos

números embaralhados ao vento pela escuridão senhora

em alguma história o horizonte me percebe em momentos
não durmo já faz tanto tempo que a insônia me explora

minha percepção se vai como se só houvessem tormentos
não quero ser tão permanente quanto tanta coisa provisória

assedio meus sadios isolamentos me rasgo tão pequeno me jogo fora.


(às 02h10, terça-feira, 16 de junho de 2015, Rafael Belo)

quinta-feira, junho 11, 2015

sobrevivente do viver



todos os sentidos alertam o tempo está acabando
as forças antes vivas se foram em um suspiro
respiro fraco quase em linha reta nos escombros

o peso do planeta oscila gravemente nos meus ombros
trombo em cada objeto desavisado superficialmente inspiro

espirro as entranhas emaranhadas direto dos sonhos

carentes de alimento estão suspensos mas não morrem
doentes como adoeço ao me distanciar de mim

lágrimas jorram frias gritando não chorem

desmoronem no sofrer que em um arrepio profundo me inundo e vou viver.


(Rafael Belo, às 12h17, quarta-feira, 10 de junho de 2014)

terça-feira, junho 02, 2015

fim do mês



perdeu-se das migalhas espalhadas pelo caminho
tornou-se aquele mesmo que não era ele
mastigou seu dom como pão amanhecido

de muitas manhãs sonhadoras endurecido

envelhecido pelo acelerar do arrastado tempo
vento dentro da ampulheta misturando o dia as horas a vida

de repente o conteúdo escapa e o homem-máquina
já nem aproveita o motivo de trabalhar pausa dramática

dignidade e respeito já perderam a definição

nas fileiras incontáveis do fim do mês há tantas de escravidão.


(Rafael Belo, às 22h09, segunda-feira, 1º de junho de 2015).

quinta-feira, maio 21, 2015

produção seriada



de repente todos doentes tossem
inflamações ranger dos dentes
vermelhos olhos dizendo pare
repare a exaustão separe o cansaço
ampare o laço da retina vendando as retinas enfeitando pescoços no espaço
não há cortinas só esforço nem a evasiva privacidade

a insegurança é a violência do apodrecimento da verdade

o cotidiano automatizou o humano
corrompeu seus planos e os disfarçou de disfarçado otimismo
somos todos ostras do ostracismo na fascinação
sem reparar nas pérolas em alto escala de reprodução.

(Rafael Belo, às 07h47, quarta-feira, 20 de maio de 2015).

terça-feira, maio 19, 2015

diários



rompem as sustentações caindo sem chegar ao chão
corrompem ilusões com ilusão para acabar com o inevitável
da noção perdida se perdendo na encenação
na queda da tentação do mais provável

contagem regressiva para autodestruição
três dois um implosão conspiração domesticável
corcunda da impostura da rejeição inviolável

volátil explosão pedras no lago
fogo fátuo no saco na cabeça cotidiana manutenção...
...mais diárias dos olhares da aproximação agressões de fatos.


(às11h25, Rafael Belo, segunda-feira, 18 de maio de 2015).