terça-feira, maio 28, 2013

Dez segundos que não conseguimos contar

Dez segundos que não conseguimos contar
por Rafael Belo

Nem pensou em contar os dez segundos regressivos até o abrandamento da fúria, foi lá e fez a besteira. Bem longe da calma... Matou os vizinhos por não suportar o barulho vindo do apartamento deles, logo acima. Demorou, mas o evitável aconteceu. Que me desculpem os amigos e parentes, mas “ele era tão bom” já foi mais demagogo. Assim, que vi a matéria e a intenção do jornalista de entrevistar parentes e amigos, sabia dos – estes sim – inevitáveis comentários sobre a bondade do homicida/suicida.

Independente do equilíbrio ou desequilíbrio das pessoas parece que há um pacto de não se falar mal dos mortos (ou se for o caso o mínimo possível e justificar os erros). Macula pela história sempre ser contada pelos vencedores ou usurpadores. Enaltecem-se os vitoriosos – ou simplesmente aqueles que vivem – e endemoniam-se e culpam os mortos. Mas, o fato não é sermos no mínimo 50% defeitos, mesmo havendo quem jure ser esta porcentagem maquiada e somos na verdade 10%... De qualidade. Fato é que portar armas mata.

Se não há controle emocional ou uma contínua pressão culminar em explosão cega, não é preciso ser um gênio cercado pela NASA para saber do resultado caso este ser possua porte de arma, ou melhor, só a arma. Em um momento decisivo, a própria vida sempre vai valer mais. A autopreservação a todo custo é uma pregação semiótica em todos os segmentos, basta querer enxergar. Não importa se o incômodo é um barulho irritante, o congestionamento no trânsito, o bullying contínuo ou o testemunho de um assassinato, a razão final será continuar com vida ou impor respeito.

Aprendemos assim, os exemplos vêm desta forma desde que saíram dos fornos prontos e programados e depois tentaram a inserção dos dez segundos... Vamos lá. Respire fundo e conte até dez, contagem regressiva e esqueça que tem uma arma e foi ensinado que ela resolve tudo. Você tem direito a se defender até das ideias contrárias, quem dirá dos sons excessivos e que lhe desrespeitam, seu orgulho é tudo, viva a lei do silêncio, salvem o olho por olho, dente por dente... E no fim do programa – como é Fantástico – a discussão mais acirrada foi o chororô do Neymar... Nos transformamos no Homo Mimimi... Os que sempre são bons depois de mortos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito legal! Mas essa história do bullying....é verdadeiro mesmo...dá vontade de destruir o causador...mas é verdadeiro a bondade sempre dos mortos....mamys