terça-feira, dezembro 17, 2013

Usando os pés e tendo fé


Usando os pés e tendo fé

por Rafael Belo

É apenas ir ou vir. Passar ou deixar ser passado. Nessas idas e vindas há outros caminhos pela estrada, mas dirigindo na mão ou na contramão sempre há acidentes e erros de percurso, porém sigo me assustando com a imprudência humana. Um desperdício de tempo na ultrapassagem, na velocidade, na pressa inimiga, na dor de passagem envolvida como mensagem das consequências de muitos atos velozes. Há um desrespeito muito grande nas rodovias, um desprezo disfarçado de descaso pela vida.
Ao chegar às cidades continua o caos, ainda mais naquelas onde sedes da Copa estão sendo construídas. Nelas parece que há ainda de se inventar uma palavra que descrevae a situação, mas por enquanto o caos cabe bem. Sinalização em falta, energia elétrica oscila, água também, fora a corrupção borrifada por toda parte... Um país com as dimensões do nosso, não comporta tantos veículos particulares, ônibus e caminhões circulando por aí, ali, acolá, invadindo pistas, provocando mortes... O planejamento do Brasil não existe, mas sempre que é feito, uma verba desviada aqui ou adiante não permite que desenvolva.
Se tivéssemos aeroportos que não ficassem com os rins em troca de alimentação, hidrovias, trens, metrôs e transportes coletivos em geral de qualidade, o país escoaria sua riqueza, acabaria com distâncias e cresceria realmente. Mas enriquecer ilicitamente e causando efeitos dominós avassaladores “é mais importante”. Quem precisa utilizar o transporte público hoje é obrigado a acordar beeeem antes e acaba dormindo bemmmmm depois, terminando sempre cansado o cidadão. Quem pode ter um veículo particular enfrenta os caóticos horários de picos, a falta de educação, respeito e de carteira nacional de habilitação, além da má organização da sinalização e dos semáforos.
Mais de 40 mil pessoas morreram no trânsito brasileiro em 2010, e apesar de tantas falhas estruturais, a maioria é por falha humana. O trânsito mata 400 vezes mais que o terrorismo ou guerras (segundo dados do site atividades rodoviárias). Circular entre cidades e estados no nosso país é quase uma roleta russa. É ver a morte e a vida se digladiando vorazmente a cada quilometro percorrido em curvas bruscas, velocidade acima do controle, desvios inusitados, freadas repentinas e, principalmente, ultrapassagens imprudentes. Com acostamentos decadentes e até inexistentes, as nuvens baixas parecem nos dizer algo o tempo todo até ficarem cinzas, escuras e dissiparem em chuva. Dirigir pelas estradas e cidades brasileiras dá um novo sentido aos nossos pé e nossa fé.

 

Nenhum comentário: