Estrela
tentava lembrar-se daquele sentimento francês... Sabe? Aquele cuja sensação é
de um já visto, de “isso não me é estranho”, “é já fiz isso”... Por isso, mordia
os lábios revezando em cima em baixo, mordiscava e fazia um malabarismo
particular para todos os lados com a boca, insistindo em suspirar no meio de
tudo isso. Mas, ela sabia que aquele... Aqueleee... ISSO! Aquele tal de déjà vu estava acontecendo. Não. Ela não
acreditava nisso. Eram apenas as pessoas sendo os animais diários que são.
Onde está minha aliança?, pensava ela enquanto apalpava todos os bolsos e
lugares possíveis de guardá-la. Eu sabia.
Não posso ser simpática, olhar nem conversar... Sem fazer isso esses homens - Bom,
e outras mulheres também - já ficam “se jogando” para cima de mim. Nada intimida
estas pessoas, Meu Deus? Não posso ser quem sou nem escolher minhas roupas? Claro
que posso, as pessoas tem que me respeitar e...
Eram
estas as distrações de Estrela enquanto corria na esteira com um incrível
equilíbrio e sequências recordistas de Snaps
por minuto. Às vezes pensava nas garotas mais jovens por ali, media com o
olhar e sentia o mesmo acontecer, então desviava a atenção para um rapaz ou
outro tentando se exibir e, por poucos instantes, começava a se perguntar se
não deveria ser solteira. Era uma vontade passageira e passava como um susto.
Sou jovem para ser velha e velha
para ser jovem... Não, não, não, não, não... Não acredito que citei Sandy. Pensando
em outra coisa, pensando em outra coisa... Isso... Não quero passar por todas
as etapas até o casamento de novo, mas mesmo se fosse solteira e namorasse não
iria estourar corações com traição... Acredito ser como estourar os miolos e
sobreviver sem boa parte do cérebro e ainda com a bala alojada bem no lugar que
nos avisa da dor e das... Sensações!
É, devemos realmente ter uma bala
na cabeça nos impedindo de raciocinar e sentir profundamente, então Estrela balançou a cabeça como quem chega
a uma conclusão genial e sorriu antes de pegar a mochila, as chaves do carro e
ir para casa deixando o rapaz, que olhou há um minuto, acreditando ter “uma
chance agora” na certeza daquele sorriso ter sido só para ele.
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