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Coletivo das paixões
O ônibus parou já mais cheio do que deveria. O comentário dentro era que quebraria e muitos nomes diferentes para o motorista surgiam. Ele continuava pegando passageiros. Quando estava quase no destino... Quebrou. Não adiantou que eu rezasse e pedisse para as forças do meu não entendimento ajudassem. Antes eu passei pelo primeiro ônibus perdido. Ironicamente estava cheio demais... Me pareceu sarcasmo do destino. Os telefones do meu emprego não me atendiam...
Fiz cara de fazer o quê e fiquei preso dentro do ônibus quente quebrado e no acostamento entre os municípios. Alguns minutos depois chegou o primeiro ônibus salvador (?). Só então, pude perceber a dimensão de “lotação” (que o certo mesmo é cheio, mas...) pela primeira vez olhei para cada um na mesma situação e realmente se fazia uma pequena multidão que não coube tudo neste salvador olhei para todos os lados e... Continuei pensando.
Finalmente, mais alguns minutos depois, chegou aquele que “me” levaria mais algumas centenas de metros até meu destino: a rodoviária. Ao lado dos na mesma situação ouvia as mesmas reclamações enquanto estava em pé antes da catraca no ônibus prestes a quebrar:
- “Não pode”, dizia um.
- “São normas da empresa”, argumentava outro.
- “Tem que pegar todo mundo, mesmo se quebrar. Senão, dá problema para o motorista... Já fui motorista por 30 anos...” silenciava o mesmo outro.
- “Ainda bem que minha mãe ficou com o bebê e o levou no carro. Trazer criança em ônibus é fogo”, mudava de assunto uma terceira.
Sem maldade, fiquei pensando: Por que não foi com sua mãe de carro...? Da rodoviária fui tirar meu pai da forca e subindo a pé as ruas íngremes, costurando o trânsito feito motoqueiro, comecei a raciocinar: “meu” ônibus pára três quadras à frente... Nisso, olhei para trás e o vi. Meu ônibus parando na esquina que acabara de abandonar. O sinal estava fechado para ele e deu tempo para a minha entrada. Ufa! Depois do trabalho sem trabalho, teve reunião que salvou o dia e então o corpo-a-corpo do trabalho. Atrasos em outros compromissos à parte...
No ponto de ônibus ela estava toda de branco. Sentou com sua amiga perto da porta de saída... Lá no fundo. Mais ao fundo à direta, à esquerda de quem caminha de frente, duas mulheres falavam... Não não... Uma! A outra escutava como quem assiste um novelão. Estava em pé de lado e óculos escuros. Olhava, sorria, prestava atenção. Era criança e ainda havia quem gritava no lugar do motorista: “Um passinho para trás... Vai que cabe... Aperta mais um poquinho...” Que mania de diminutivo. É como lidar com criança. Por que não faz uma música...? Só um pouquinho... Pra trás... Pra trás... Naaão!! Disse música, mente ignorante! Nos banco do ônibus, uma ouvinte paciente e ansiosa com a falante do coletivo das paixões. Ex-namorado ciumento recém ex de alguém. Toda empolgada a garota conta que já diziam que não ia durar que ele ia voltar. Parecia que tudo acontecia no presente com ela. Eu estava em casa meu pai me chamou e achei que fosse meu namorado, não era. O cara tentou me agarrar queria um beijo de qualquer jeito, ofereci um abraço. Ele disse que não acreditava que eu estava namorando “desde quando” ficou falando. Há duas semanas (ela disse como se fosse uma eternidade) e ele repetiu: “Não vai dar certo, ele vai voltar com a ex dele. Eles se gostam muito... Daí você vai correr atrás de mim.” Aí percebi que era passado. Parei de olhar de canto de olho sob os óculos escuros, olhei de frente recebi um sorriso e pensei. Coletivo, paixões... Ah, coletivo das paixões. Ela me olhou com um sorriso convidativo, descemos. Eu para um lado e ela para o outro. Adoro o coletivo...
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4 comentários:
HOUIEHOIUEH'
seu pra frente ¬¬
que coisa feia! ouvindo a conversa dos outros :X
mto bom o texto.
ele prende do começo ao fim.
rotina conturbada a sua ein meu filho! Seria um pouco mais folgada se você estivesse aqui. ;D né! RAM!
um dia escreverei como você !
rss, beeeeeijo
PArece que agora meu lugar não é aí hehehe Muito Obrigado. Escreverá melhor! Nem é conturbada hauahua
beijos linda
Olá Belo, bom te reencontrar. Voltarei.
Grande Barone! Opa! Bom mesmo. Valeu pela visita volte mesmo hauah
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