Só a Chave (miniconto)
por Rafael Belo
Como muitos
gostariam de fazer, vez ou outra, ele pegou o carro e dirigiu sem destino,
tentando não pensar em nada. Só percebeu o quanto o tempo havia passado quando
o carro acusou que o combustível estava para terminar. Aquele som o trouxe de
volta, mas logo se dispersou novamente e seguiu se esvaziando. Pensava estar
tudo sobre controle com ele ao volante. Pensava assim até o carro ir perdendo a
velocidade e parar de vez. Acabou o combustível. Não era a mente que estava
vazia.
Olhou para o pulso,
mas há tempos não usava relógio, procurou o celular e viu a imagem deste espatifado
na parede quando um aplicativo travou. Olhou para um lado para o outro, girou
sobre si mesmo atento a falta de detalhes ao seu redor. Circulou o carro, tirou
a chave do bolso e a girou no painel o tein tein tein do tanque vazio acusava,
mas ele estava interessado nas horas no painel. Exatamente 19h. Recém-noite. Pensou
na real economia do carro: “Oito horas seguidas sem reabastacer...”. Depois de
um primeiro passo.
Nunca havia feito
nada sem planejar, sem analisar, sem saber cada detalhe antes de abrir a boca e
realmente se aproximar e agora... Bem... Agora estava em um lugar totalmente
desconhecido há 973 passou de seu carro e volta e meia torcia o pescoço para
tentar enxergá-lo no meio da poeira e secura do ar. Seus olhos ardiam. Os fechou
e começou novos passos cautelosos, “tateando” o chão com os dedos dos pés e
depois com toda a planta. Estava descalço como não fazia desde criança.
Sua companheira
angústia parecia ter desistido dele quando perdeu o controlo, junto a imagem do
celular. Após tropeçar e machucar os pés em algumas pedras, cair e dar com a
face em diversas árvores. Voltou a abrir os olhos. Tinha perdido toda a
referência de tudo. Não sabia em qual direção torcer o pescoço para enxergar
seu carro. Portanto decidiu não ter torcicolo. Teria passado um filme em sua
mente sobre sua vida, mas a vida não era um filme, ele entendeu. Nada de
mocinhos e de vilões ou movimentos calculados. Suspirou e largou os ombros. Ergueu
a cabeça, marejou os olhos e decidiu caminhar até os pés calejarem. Mas em sua
mente ainda não tinha certeza se havia ligado o alarme e travado o carro.
2 comentários:
Es un poco loco salir sin rumbo y no pensar que el combustible se acaba... pero depende la situación, a veces cuando uno quiere desenchufarse y apartarse del mundo no razona las consecuencias.
Un relato excelente, te dejo un fuerte abrazo.
http://perfumederosas-cristina.blogspot.com/
(¯`'•.¸(♥)¸.•'´¯) Te deseo un hermoso fin de semana! (¯`'•.¸(♥)¸.•'´¯)
Gracias querido Chris. metáforas son tantos, pero siempre es para asegurarse de que no tenemos control, pero se pueden preparar. un domingo excelente para usted, mil besos.
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