Balão d’água
(miniconto)
por Rafael
Belo
Precisamos preencher os espaços ou os espaços
no preenchem. Pensava ela. Aliás, todas elas pensavam assim. Mi,
Kika e Iwa. Mas isto foi depois. Bem depois. Nem eram Zaru’s ainda. Elas atormentavam
a todos com ruídos. Melhor dizendo, esta era Mi. Conhecia todos os tipos de som
e os usava para se divertir. Entupia os ouvido das pessoas a até quilômetros de
distância. Deixou muita gente surda.
Se imagens
pudessem ser vazias, Kika as usava. Até onde as vistas alcançavam podiam ver a
poluição dela. Não viam, afinal, muito além... Mas, a pior era Iwa. Iwa não
parava de falar. Tinha um fôlego recordista imbatível do Guiness Book. Uma verdadeira
verborragia desenfreada. Elas definitivamente preenchiam todos os espaços e os
outros eram preenchidos por elas.
Gente de
todos os círculos mais próximos e aquelas cuja a infelicidade era alcançada
pelos sons de Kika, viviam em conflitos. A guerra era o café da manhã e o
desjejum delas. Porém, nenhuma pessoa jamais as via. Eram ágeis, eram mitos. Principalmente
porque o orgulho destes seres humanos, não os permitia admitir terem um
esquecido motivo, diferente deles próprios.
Quando uma cega-surda-muda
surgiu. E... ELa... SORRIA. Além delas, ninguém jamais sorria. Mas, elas não
sabiam o porquê daquele iluminado sorriso. Desde seus nascimento, há 20 anos, Sei
sentia as vibrações. Sons, imagens, texturas... Cada um vibrava de um jeito e
ela preenchia estas vibrações e lhes dava significado. Não ao contrário. Não como
todo o resto.
Sei
procurava Mi, Kika e Iwa. Ela as procurava e elas não conseguiam retirar toda
aquela Luz. Por fim, depois de tanto tempo procurando formas de apagar aquele
sorriso, a energia delas se dissipou. Elas foram preenchidas por sorrisos. Mas o
de Iwa nunca mais seria visto. A não ser por aqueles sorridentes olhos. Iwa
prendia todas as palavras.
Os risonhos
rostos de Mi e Kika tinham também sorrisos, aliás tudo nelas sorria. Algo delas
se libertou. Mi tapava as orelhas evitando a entrada de qualquer som. Kika
escondia os olhos impedindo qualquer luz de entrar. Não existiam mais imagens
externas.
Havia o
silêncio e a paciência. Paz e harmonia surgia pela primeira vez. Logo viria o
Amor. O mal alheio nunca mais foi o mesmo.
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