segunda-feira, outubro 31, 2016

Quando paramos para refletir?





Por Rafael Belo

De repente o mundo volta a ser plano cheio de planos rasos. O dinheiro é o foco, a fama é o objetivo...  Vale-tudo pelo tapinha nas costas, as fotos curtidas, a quantidade de amigos, o prestígio alcançado vai para o octógono, é fechada a gaiola e não deveria haver mais amanhã, mas como há... Qual máscara vestir para disfarçar o ontem? Não é sobre políticos de carreira o assunto e sim sobre cultura. Sabe? Olhando bem, ouvindo bem... Pode dizer o que é cultura?

Não procure no Google ou nos livros de história. Responda por você, pelo seu conhecimento... Não? Com certeza não é uma imposição midiática babando por vendas e lucros impondo um estilo musical ouvido abaixo por anos a fio no mercado...! Quem sabe se encaixe em diversão, ou melhor, puro entretenimento, show business, a importância do sucesso não importando o conteúdo... Enfim, chame como quiser. No fundo você sabe...

Cultura te faz pensar, te causa estranhamento, acrescenta vivência e reflexão da (de) vida, de nós mesmos.  Soma e causa impacto. O resultado é nos absorver, abrir horizontes, abrir nossos olhos para os acontecimentos e, por fim, nos entreter, mas o “objetivo” não é entretenimento, não é sucesso, não é fama, é compartilhar uma visão, uma versão, uma aversão ao (do) cotidiano, um incômodo na alma, um zumbido na mente, um grito de independência... Isto é na música, na dança, nas artes plásticas e visuais, no teatro, na poesia, nos livros, toda manifestação da alma e cada protesto do coração.

Nossas almas estão se apequenando. Só queremos não pensar, não se aprofundar, não ler, não entender melhor... Queremos coisas mastigadas e prontas para apenas engolir, não queremos estar envolvidos, queremos sentar e assistir, ser telespectadores alheios aos acontecimentos e apenas nos chafurdar em relacionamentos egoístas fadados ao narcisismo, a dor, a um ciclo de sofrimento esperando encontrar um expurgo, ou seja, de se desfazer de um problema, expelir algo negativo... Não mais tentar resolver, só descartar.


É sentar em um bar e se anestesiar, ouvir uma música só para se identificar, assistir um filme somente para ocupar o tempo, no outro dia trabalhar para pagar as contas e tentar enriquecer seguindo na repetição do ciclo, manter as aparência e morrer diariamente por dentro construindo castelos de ar acima das nuvens para cairmos nos abismos de espelhos sem parar.