Por Rafael Belo
De repente o mundo volta a ser
plano cheio de planos rasos. O dinheiro é o foco, a fama é o objetivo... Vale-tudo pelo tapinha nas costas, as fotos
curtidas, a quantidade de amigos, o prestígio alcançado vai para o octógono, é
fechada a gaiola e não deveria haver mais amanhã, mas como há... Qual máscara
vestir para disfarçar o ontem? Não é sobre políticos de carreira o assunto e
sim sobre cultura. Sabe? Olhando bem, ouvindo bem... Pode dizer o que é
cultura?
Não procure no Google ou nos livros
de história. Responda por você, pelo seu conhecimento... Não? Com certeza não é
uma imposição midiática babando por vendas e lucros impondo um estilo musical ouvido
abaixo por anos a fio no mercado...! Quem sabe se encaixe em diversão, ou
melhor, puro entretenimento, show business,
a importância do sucesso não importando o conteúdo... Enfim, chame como quiser.
No fundo você sabe...
Cultura te faz pensar, te causa
estranhamento, acrescenta vivência e reflexão da (de) vida, de nós mesmos. Soma e causa impacto. O resultado é nos
absorver, abrir horizontes, abrir nossos olhos para os acontecimentos e, por
fim, nos entreter, mas o “objetivo” não é entretenimento, não é sucesso, não é
fama, é compartilhar uma visão, uma versão, uma aversão ao (do) cotidiano, um
incômodo na alma, um zumbido na mente, um grito de independência... Isto é na
música, na dança, nas artes plásticas e visuais, no teatro, na poesia, nos
livros, toda manifestação da alma e cada protesto do coração.
Nossas almas estão se apequenando. Só
queremos não pensar, não se aprofundar, não ler, não entender melhor...
Queremos coisas mastigadas e prontas para apenas engolir, não queremos estar
envolvidos, queremos sentar e assistir, ser telespectadores alheios aos
acontecimentos e apenas nos chafurdar em relacionamentos egoístas fadados ao
narcisismo, a dor, a um ciclo de sofrimento esperando encontrar um expurgo, ou
seja, de se desfazer de um problema, expelir algo negativo... Não mais tentar
resolver, só descartar.
É sentar em um bar e se anestesiar,
ouvir uma música só para se identificar, assistir um filme somente para ocupar
o tempo, no outro dia trabalhar para pagar as contas e tentar enriquecer seguindo
na repetição do ciclo, manter as aparência e morrer diariamente por dentro
construindo castelos de ar acima das nuvens para cairmos nos abismos de
espelhos sem parar.
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